A?A! - Capítulo 18 - Negação.

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No ano anterior eu tinha lido um artigo da "QueConceito.com" sobre negação. Ele basicamente dizia que quando falamos de negação estamos nos referindo ao mecanismo pelo qual uma pessoa nega a realidade, criando algum tipo de conflito interno, sofrimento, angústia ou dor. A negação é comum em situações extremas, por exemplo, quando uma pessoa sofre a perda de um ente querido ou quando ocorre uma separação amorosa, o que é mais parecido com o que estou vivendo. Negação é entendida como um mecanismo de defesa que leva uma pessoa inconscientemente a evitar aceitar ou perceber a realidade que vive. Isso podia descrever bem o meu estado emocional naquela noite. Eu estava negando o que tinha ouvido. Eu não podia simplesmente aceitar que o meu marido se encontrava com outra pessoa, uma mulher, pelas minhas costas.

Os sons dos talheres, as risadas bem humoradas, as conversas vazias ou conceituais se perdiam na minha mente. Eu não conseguia acreditar que meu marido estava de caso com outra pessoa. Não depois de tudo que passamos, não depois de tudo que eu passei para ficar com ele.

Eu podia negar e queria, mas o fato não mudava, eu não podia simplesmente apagar da minha mente o que tinha acabado de ouvir.

― Oliver? ― chamou ele pegando na minha mão por cima da mesa ― Está tudo bem? Você parece que estar no mundo da Lua ― olhei para o meu marido. Tão lindo, aquele sorriso cativante.

― Sim, eu estava no mundo da lua, pensando como eu tenho sorte em ter amigos e família tão maravilhosos e como eu tenho um marido tão incrível. Obrigado pela festa de hoje, obrigado por estar ao meu lado, obrigado por não mentir pra mim ― disse de forma tão convincente. Analisei cuidadosamente sua feição. Lá estava estampada a culpa, a dor e a angústia. Eu não podia negar que tinha algo errado.

― Que tal saímos só nós dois amanhã? ― propôs ele ― Sei que o prazo é até domingo, mas eu queria te ver antes disso.

Linkin podia estar me traindo e escondendo um grande segredo, mas eu ainda o amo e ele é meu marido. Eu sinto falta dele, de estar com ele, de transar com ele, de fazer amor. Eu não podia e não queria me privar de estar com quem amo.

― Não sei bem ― disse ― meus pais logos vão voltar para Lisboa e eles querem todos os filhos em casa.

― Você pode fugir, pula uma janela ― disse ele rindo. Não podia acreditar nessa proposta, então ele começou a cantar ― Vamos fugir, desse lugar Baby, vamos fugir.

― Você não tem jeito mesmo não é? ― perguntei.

― Não ― disse ele sorrindo, mas sua felicidade não durou muito. Linkin fechou a cara um instante depois, olhando para algo acima do meu ombro. Quando me virei, me deparei com Ítalo caminhando em minha direção. Olhei rapidamente para Itália que se mostrava mais surpresa do que eu.

― Feliz Aniversário, Oliver ― disse ele se aproximando. Levantei e o cumprimentei.

― Professor, que surpresa ― disse realmente surpreso.

― Por favor, assim me sinto velho. Aqui sou apenas Ítalo ― disse ele com um sorriso ― Suas amigas me convidaram e me disseram que você não sabia da festa, desculpa chegar só agora. Tive que ministrar aula ― explicou ele.

― Eu disse que ele ficaria surpreso ― disse Agatha aparecendo do meu lado ― Sabia que ele ia gostar de ter o professor favorito dele aqui ― Então eu entendi tudo. Com toda a confusão com Linkin eu tinha esquecido de atualizar as meninas sobre a situação com Ítalo. Por isso elas o convidaram. Linkin apareceu do meu lado e estendeu a mão para ele.

― Acho que ainda não fomos devidamente apresentados ― disse o meu marido ― Sou Linkin Guimarães, presidente e CEO da Trans Guimarães, marido do Oliver.

Aceito? Aceito!  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora