Capítulo cinco

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Rosemary estava sozinha naquele mundo caótico. Sua perna ainda doía e não sabia se conseguiria andar por muito tempo. Ela voltava pela estrada de terra quando começou a ouvir barulhos próximos. Assustada e mandando, ela correu para se esconder atrás de uma árvore. No mesmo instante conseguiu ver muitos soldados vindo ao seu encontro subindo a estrada. "Talvez ele esteja certo" pensava Mary. Se ficasse provavelmente morreria sem encontrar sua família.

As tropas alemãs passaram atrás dela, todos extremamente armados. Por sorte ela acabou não sendo vista e respirou aliviada quando eles se afastaram consideravelmente. Os homens iam no caminho que dava para a sua casa, e ela não podia mais voltar, e não tinha mais escolha alguma, então decidiu ir atrás de Chase pelo caminho que o viu seguir, porém, não havia mais nenhum sinal dele.

Mary se sentia perdida em todos os sentidos possíveis, raiva de si aflorava em seu inteiror, ela precisava pensar como as coisas seriam dali em diante e encarar a realidade. Não era um sonho que ela fosse simplesmente acordar e tudo voltaria a ser como costumava; era real e tinha que seguir em frente.

*
O sol já amenizava e Rosemary continuava a andar sem destino. Sua perna doía e seus pés começavam a doer também. Respirava ofegante e andava quase se arrastando. Jamais conseguiria chegar a capital sozinha. Ela sabia disso.

- Burra! - Se lamentava.

Também sentia medo da noite cair e ser atacada por algum animal feroz naquela floresta. Exausta se encostou em uma árvore para descansar em baixo da sombra, mesmo sabendo que cada minuto perdido ficaria ainda mais difícil encontrar Thomas. Se culpava imensamente por isso. Por alguns minutos acabou pensando em desistir e deixar ser pega, assim acabaria de uma vez por todas com tudo aquilo; com toda aquela dor, mas ela sempre se lembrava de Jozefina e sua mãe, não podia desistir ainda, não sem saber o que havia acontecido com elas.

A jovem Krawczyk decidiu continuar seu caminho sem rumo e já tinha certeza que era impossível encontrá-lo. Estava perdida e nem ao menos sabia qual a direção ele havia seguido dali em diante, mas iria continuar por sua conta própria.

*

Não havia mais esperanças para ela e caminhava desiludida, até que erguendo os olhos avistou um homem distante a beira de um rio. Mary o tinha reconhecido no mesmo instante. Apressou os passos até ele com um sorriso de alívio no rosto, jamais imaginou que fosse encontrá-lo novamente.

- Senhor Chase! - gritava Rosemary.

Chase virou-se para olhá-la e estreitou os olhos quando a viu.

- O que faz aqui? - perguntou ele quando ela se aproximou mais.

- Estava procurando por você... Me desculpe por antes, eu não vou mais interferir em nada.

Ele tinha uma expressão seria no rosto.

- Volte - disse ele sem rodeios.

- O que? - perguntou ela franzindo a testa.

- Você não vai mais comigo, só irá me atrapalhar. Foi uma péssima ideia antes.

Ao ouvir aquilo a garota arregalou os olhos; sentia um nó na garganta.

- Senhor Chase... Por favor, me desculpe. Me aceite de volta... Por favor, eu não tenho para onde ir.

Thomas a fitou durante alguns minutos e disse:

- ...Fará tudo o que eu mandar.

- Sim!

- Não é uma pergunta. É a única escolha que tem.

Rosemary franziu a testa e disse:

- Como quiser.

- Ótimo.

Ela então sorriu alegre por isso e Thomas virou-se outra vez para o rio, molhava o rosto na água. A garota ficou o observando. Era estranho, mas estava feliz por tê-lo encontrado, se sentia segura ao seu lado, talvez pudesse mesmo confiar nele.

- Por que parou aqui? - perguntava ela.

- Para descansar e me refrescar.

Ela decidiu se aproximar do rio e ao olhá-lo viu seu rosto refletido nas águas. Ela não gostava do que via, ele estava muito abatido, mal podia se reconhecer. Jogando a bolsa e a maleta que carregava no chão, banhou o rosto assim como Thomas. Sentia calor e sede.

- Acha que minha mãe e irmã foram para Varsóvia?

- Se elas conseguiram escapar com alguém - dizia ele dando com os ombros.

- E a onde vamos antes da capital? - perguntou Rosemary à Thomas.

- Vamos a um lugar pegar algumas coisas e alguém.

A garota logo ergueu olhos curiosa. "Alguém?" pensava. Algo logo veio em sua mente: uma mulher.

- E esse lugar é muito longe daqui? - perguntou ela.

- Não - respondeu ele. - É melhor continuarmos.

Rosemary recolheu sua bolsa e o seguiu.

A Garota Do ViolinoOnde histórias criam vida. Descubra agora