Capítulo Dezessete - Cecylia

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Com passos leves a jovem adentrava a sala de enfermagem. Seus olhos estavam arregalados ao ver tantos feridos. Ela havia chegado a pouco tempo e era a sua primeira vez em um ambiente como aquele. Ela mesmo havia se voluntariado para estar ali e ajudar no que fosse preciso. Havia muitos homens machucados e alguns chegavam a gemer de dor. Cecylia estava intacta e assustada quando alguém a tocou.

- Você é nova aqui?

- Sou - respondeu ela.

- Venha comigo.

Uma mulher já de certa idade a levou até um homem ferido que havia sido atingido com uma bomba.

- Cuide deste - disse a mulher.

- Espere! - disse Cecylia. - O que houve com todos eles?

- Parece que uma missão não deu muito certo e foram pegos desprevenidos.

A jovem enfermeira ainda estava muito espantada e a mulher disse:

- Isso nem se compara com uma guerra, é bom estar preparada... Agora ao trabalho.

- Sim senhora.

Cecylia cuidou dos primeiros socorros, mas a todo instante chegavam novos pacientes para serem medicados, a obrigando tratar de três homens ao mesmo tempo.

- Cecylia é você? - perguntou uma outra enfermeira.

- Sou - respondeu ela.

- Toma - disse a mulher entregando uma caderneta. - Chegou um novo ferido.

- Mas eu já estou cuidando de três.

- Só tem você, eu e a senhora Elwira. Estou cuidando de cinco, acho que você pode cuidar deste também.

- Tá, onde ele está? - perguntou Cecylia torcendo o nariz.

Homens traziam uma maca, havia um soldado nela, que colocaram sobre uma cama.

- O que houve? - perguntou ela.

- Ele levou um tiro e está perdendo muito sangue.

Cecylia assentiu e eles se retiraram. Ela logo pegou uma tesoura e cortou sua farda. Não havia tempo para esperar. Pegou seus equipamentos necessários e extraiu a bala que tinha ficado alojada. Depois limpou o ferimento e deu os pontos necessários. O rosto dele estava encoberto por cinzas e lavando um pano numa bacia, de pouco em pouco ela o limpou delicadamente.

- É lindo - disse num sussurro.

Mas balançava a cabeça afastando aqueles pensamentos. "Thomas Chase" estava escrito em sua caderneta e ela sorriu.

Quando ele esteve com febre, Cecylia não saiu de seu lado e durante semanas cuidou dele gentilmente, apesar de ter outros pacientes, ele era o seu preferido, e não via a hora para que ele acordasse, pois ficava o admirando e imaginando como seria seus olhos.
Um certo dia, enquanto fazia um novo curativo, ele começou a tossir e aos poucos seus olhos se abriram. Ele estava agitado.

- O que está acontecendo? - perguntava ele confuso.

- Tudo bem, você vai ficar bem - disse ela.

A Garota Do ViolinoOnde histórias criam vida. Descubra agora