Capítulo Dezenove - Cecylia

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Cecylia decidiu seguir sua vida e esquecer Thomas de uma vez por todas, no inicio foi difícil para ela parar de pensar nele, mas estava determinada e aos poucos foi deixando aquele sentimento de lado. Já havia se passado três anos desde a sua desilusão, se sentia mais madura e resistente a amores platônicos. Nesse meio tempo, tinha conseguido um emprego fixo em um hospital militar e começado a namorar um professor de uma grande Universidade. Se sentia feliz com o rumo que sua vida estava levando, até que um dia no hospital onde trabalhava: alguns homens entraram correndo com dois homens feridos.

- Homens feridos urgente! - gritava um deles.

Médicos logo correram para socorrê-los e os levaram com urgência para a sala de cirurgia. Cecylia cuidava de um paciente no momento, mas conseguiu ouvir as vozes de desespero. Quando saiu do quarto, viu vários militares pelos corredores e achou tudo muito estranho. Ela não sabia o que estava acontecendo e foi até um amiga que também era enfermeira e perguntou:

- Por que tantos gritos? O que está acontecendo?

- Parece que um soldado e um sargento brigaram feio e estão em estado grave.

Apesar de tanto tempo, ela não conseguia ouvir falar de um soldado e não lembrar de Thomas, mas sabia que precisava parar se quisesse esquecê-lo de uma vez por todas.

Por todo o hospital só se falavam dos dois feridos. Soldados estavam por todos os lados. Até um capitão apareceu para saber notícias, e Cecylia ficava a espreita ouvindo o que diziam, quando ouviu:

- Acho que o Thomas enlouqueceu, quem já se viu não obedecer ordens?

Naquele momento ela sentiu algo estranho dentro de si, mas sabia que poderiam haver milhares de Thomas. Laskowski queria se concentrar em seus afazeres, porém não conseguia, precisava descobrir quem eram aqueles homens e o tal Thomas que tanto falavam. Aproveitando a deixa de uma enfermeira, ela pegou a ficha de ambos os feridos e não acreditou quando viu que o nome de um deles era Thomas Chase. Suas mãos tremiam e seu coração parecia querer sair para fora. Cecylia correu até a mulher e perguntou:

- Como eles estão? - disse ela mostrando a ficha.

- Ei! - disse a mulher a pegando de volta. - Por que está com isso?

- Por favor me diga, como ele está?

Estreitando os olhos a mulher disse:

- Não sei, ainda estão em cirurgia. Tudo que sei é que chegaram em estado grave.

Cecylia estava apreensiva e esperava ansiosa por notícias. Ela não conseguia não se preocupar. Apesar de não querer ficar tão aflita, era inevitável. Dizia a si mesma que era só uma preocupação comum, por alguém que conheceu.

A cirurgia havia durado três horas e quando o médico saiu da sala, Cecylia foi rapidamente ao seu encontro.

- Doutor! - chamava ela.

- O que foi senhorita Laskowski?

- Como ele está?

- Ah, por hora, vai ficar bem.

Ela respirava mais aliviada.

-... Me deixe cuidar dele. - Pediu ela.

- Por que? - perguntava ele estreitando os olhos.

- Ele é um velho conhecido.

- Ah, por mim tudo bem.

Ele a entregou a ficha do soldado e ela a recebeu contente.

- Agora vou comer e repor as energias - disse o médico se retirando.

Atrás dela estava a porta do quarto de Thomas, ela virou-se e a fitou por alguns minutos. Não sabia se estava fazendo a coisa certa em remexer aquele sentimento, mas tinha que enfrentá-lo. Girou a maçaneta e a porta se abriu vagarosamente. Torcia em seu íntimo que fosse outro Thomas Chase, que tivessem errado na escrita ou qualquer coisa, mas que não fosse ele. Quando a porta se abriu por completo e ela se aproximou daquele homem, seus olhos se encheram de lágrimas porque era ele, e era do mesmo jeito que se lembrava. Seu coração batia rapidamente e tudo o que ela sentiu um dia parecia voltar completamente. Acariciando o rosto dele, Cecylia só conseguia pensar em uma coisa: o destino havia os unido outra vez.

A Garota Do ViolinoOnde histórias criam vida. Descubra agora