Quando voltei, a encontrei na minha biblioteca particular, ela estava elogiando meu bom gosto para livros, claro, usando a expressão “babaca”.
- Que bom que acha isso.
Disse entrando na biblioteca, agora eu usava apenas uma calça de flanela e sem camisa. Ela me olhou com uma cara meio lerda. Hum... Será que já está na minha? Me aproximei dela...
- Olha, você tem sido um babaca boa parte do dia, então não vou retirar o que eu disse.
-Não tem problema, vim só avisar que estou na cozinha, caso precise de alguma coisa.
- Vou dar mais uma olhada nos livros, depois me junto à você.
- Tudo bem.
Saí da biblioteca, fui para a cozinha preparar nosso jantar. Passou algum tempo e eis que ela surge linda na cozinha.
- Que bom que decidiu me fazer companhia, é tão bom cozinhar conversando.
- Na verdade não estou para conversa.
- Sei! Selecionei um vinho para bebermos até o jantar ficar pronto, aceita?
- Pra aguentar você, o único jeito é beber!
- Nossa, isso foi ofensivo. (Essa mulher mexe comigo.)
- O que está preparando para o jantar?
- É surpresa, mas vai gostar.
- Argh...não importa, desde que seja comestível.
- Esse seu humor é normal, ou é só comigo mesmo?
- Não sei, acho que é só com você.
- Acho que há mais aí, mas não quero você gritando irritadinha com meus comentários. Meus vizinhos não iam gostar de barulheira assim.
- Babaca!
- Você adora me chamar assim, né?
- Só acho que combina mais com você do que Frederico.
- Toma, bebe mais pra ver se adoça um pouco esse seu humor azedo. (Quero que ela se solte mais, por isso servi mais vinho, mas não a quero bêbada, pelo contrário, quero-a bastante lucida.)
- Que seja!
- Em alguns minutos nosso jantar estará pronto.
- Ô glória! Já não me aguento mais de fome.
Ela ficou me observando, o olhar dela era bastante analítico, confesso que deixava tenso ficar sob a avaliação dela.
- Olhando para você, não diria que sabia fritar sequer um ovo.
- As aparência enganam, princesa. Você também engana, quem olha para você vê uma mulher bonita, atraente com cara de calma. No entanto, quando conversamos um pouco, percebemos o quanto é carrancuda.
- Não me importo com o que você pensa de mim.
- Está vendo aí.
- Argh... Você sabe me irritar.
- Gatinha raivosa, pode pôr a mesa para jantarmos?
- Sim, babaca! Onde estão os pratos e os talheres?
- Naquele armário, primeira porta.
Entrei na sala de jantar, ela estava terminando de pôr a mesa.
- Prontinho, princesa. Vamos poder matar a fome.
- Vou lavar as mãos.
- Muito bem.
