Nāo sei porque, mas estar com esse estranho ao meu lado me deixa inquieta.
- Bom, vai me dizer ou não onde é a sua reunião?
Quando me viro para olhá-lo, ele está me olhando de uma forma que me fez arrepiar, um olhar bastante intenso.
- Minha reunião é no restaurante Le Grand, fica na rua...
- Nāo precisa terminar, sei onde fica, aliás, minha reunião é lá também.
Que coincidência, ao menos não chegarei tão atrasada para o meu compromisso. Parei o carro na frente do restaurante, os manobristas do estabelecimento já vieram rapidamente abrir as portas do carro, ao sair me virei para ele e disse:
- Pronto, entregue! (Já comecei a andar apressada.)
- Obrigado pela corrida! (Disse novamente com aquele sorriso debochado)
Parei onde estava, me virei e disse:
- O que eu te disse sobre as piadinhas e ironias?!
- Espera, as suas regras só valiam dentro do seu carro, como percebe já não estamos mais dentro dele.
- Argh... Babaca! (Deixei ele para trás e entrei no restaurante, o metre já veio me perguntar se havia feito alguma reserva.)
- A senhorita tem reserva?
- Ah, sim. Está no nome de Cavalcante.
- Localizei, por favor, me siga. (Ele caminhou comigo até chegar à mesa, lá se encontra um dos sócios da empresa com a qual estou fazendo negócios.)
- Boa tarde! Mil desculpas pela demora, tive um imprevisto no trânsito.
- Nāo tem problema, como pode notar meu sócio também está atrasado. (Quando ele acabou de falar isso, ouço aquela voz novamente atrás de mim.)
- Já estou aqui parceiro. (Me viro e vejo aquele par de olhos verdes me olhando novamente daquela forma intensa.)
- Porque se atrasou?
- Ah, uma louca bateu no meu carro.
- Louca? Seu, seu... Argh! (Fiquei tão possessa que eu queria xingá-lo até a sua quarta geração, mas não o faço porque acaba de cair a ficha, ele é um dos meus dos meus fornecedores.)
- Vocês já se conhecem? (Perguntou o sócio que estava nos aguardando.)
- Estava vindo para a reunião, quando a senhorita aqui, resolveu entrar na contramāo, batendo de frente com o meu carro. Esqueci algo? (Disse me dando a palavra.)
- Nāo foi bem assim! Estava atrasada para a reunião, vi a rua de acesso, no entanto, não reparei na placa que dizia se tratar de uma rua de mão única. Quando manobrei o carro, acabei batendo de frente com o carro deste senhor. O qual me fez dar-lhe uma carona até aqui.
- Nāo fez mais que a sua obrigação. (Disse ele olhando com ironia para mim.)
- Nāo tinha obrigação de trazê-lo, só o fiz porque estava me fazendo perder mais tempo!