Capítulo 98

4K 147 43
                                    

-Hã...bom, Ryan, eu...quero...aprender a cozinhar bem igual você. Sinceramente sou ruim cozinhando! - Falei a primeira coisa que veio em minha mente e dei uma risada, o fazendo rir também.

-Oh - Ele gargalhou - Qualquer dia você passa o dia aqui em casa e eu te ensino várias receitas! - Gelei.

-Claro - Ri descrente.

Meu celular começou a vibrar na bolsinha que tinha levado. A Angie começou a ficar inquieta nos meus braços e eu estava sem jeito para atender.

-Pode atender, eu seguro ela - Ryan se levantou e pegou ela no colo. Corri para fora da cozinha para não dar tempo dela sentir minha falta.

Tinha o nome "Nolan O Gay" na tela. Meu coração disparou. Nunca atendi tão rápido uma ligação.

-Nolan?!

-Fala, pequena!

-Ai meu Deus, que saudade!

-Já deu tempo sentir saudade? Uau! - Ele riu - Mentira, também estou morrendo de saudade, você não faz idéia!

-Own - Suspirei - Sei que você me ama!

-Pelo visto não só eu amo. Todo mundo aqui ta morrendo de saudade!

-Todo, todo mundo mesmo?

-Sim, até o Justin se foi isso que você quis perguntar realmente.

-Ele falou isso pra vocês?! - Meu coração disparou ainda mais.

-Não. Ele nunca mais nem tocou no seu nome. Só falou da Angie umas vezes. - Esquece, meu coração parou.

-Ah - Fingi não ter me atingido e ficado triste.

-Mas dá pra ver na cara que ele ta morrendo de saudade. O cara tá mais emburrado do que normalmente, é do quarto pro escritório, do escritório pro galpão, do galpão pra boate e da boate pro quarto. Vive drogado, não tá praticamente nem ai mais pra se dedicar de verdade a fazer algo, todo mundo sabe que ele te ama.

-Oh - Meu coração disparou denovo. Sorri por saber que ele tá na merda.

-Você tá matando ele aos poucos. Todos nós estamos preocupados, de verdade.

-Eu não posso fazer nada - Fingi não ter acabado de levar uma facada no coração - Ele que não deu valor ao que tinha.

-Eu concordo com você. Mas... - Levei um susto e tirei o celular da orelha quando ouvi o choro da Angie.

-Tenho que ir Nolan. Manda um beijão para os meninos e fala que eu amo eles.

-Espera, me fala pelo menos onde você está! Eu falo com a Sam toda hora mas ela não quer me falar! E eu só pude ligar pra você agora. Nós andamos ocupados. Precisamos finalizar o plano de um roubo. Fica difícil com a falta de disposição do Justin.

-Londres. Agora tenho que desligar - Nisso eu finalizei a ligação e corri para a cozinha denovo. Com lágrimas nos olhos.

Chegei e encontrei uma cena engraçada. Ryan tentava fazer graça pra Angie enquanto ela olhava pra ele chorando.

-Ela estava de boa, mas ai fui tentar fazer um pouco de graça e ela começou a chorar! - Ele disse desesperado quando me viu.

-Você devia ser contratado para ser palhaço em algum circo - Peguei minha filha novamente - Olha como consegue animar as crianças! - Sorri.

-Eu sou bom em cozinhar apenas - Ele sorriu também.

Me sentei e tirei meu peito para dar a ela. Vi que ele ficou totalmente sem graça, tentou olhar para qualquer lugar daquela cozinha que não fosse pra mim.

-Não tem problema - Sorri. Pude ver que ele ficou mais sem graça ainda.

Era só dar peito que ele ficava quieta. As vezes ela nem chupava, só de estar com a boca ali ela dormia.

-Então... - Ele tossiu - Hã...quem era no telefone? - Ele começou a comer denovo e eu fiz o mesmo.

-Um amigo.

-Amigo?

-Sim. Melhor amigo.

-O Ryan com quem você me confundiu?

-Não! Outro.

-Tem tantos amigos assim? - Notei sarcasmo em sua voz.

-Três. São uns retardados mas eu amo eles - Não pude deixar de sorrir largo em pensar em algumas vezes que eles me fizeram rir. Fechei o sorriso quando lembrei do Justin. E meu coração deu uma pontada ao lembrar do que o Nolan disse.

-Ótimo. Queria ter amigos também - Ele sorriu e colocou uma garfada na boca. Eu estava pensando profundamente.

-Ryan? - O chamei e ele me olhou - Se...você tivesse uma namorada, e ela te traisse, mas pelo visto ela estivesse arrependida e você a amasse muito, o que faria?

-Nossa - Ele riu meio engasgado com a comida - Eu...não sei. Talvez tentaria conversar com ela. Ouvir o seu lado da história e ai...fazer o que o meu coração mandar.

Pensei mais profundamente ainda. Eu queria muito, querendo ou não eu estava sofrendo sem ele. Mas era melhor do que sofrer com ele. Eu estava confusa. Eu queria tanto, tanto voltar para Atlanta, de volta para eles e casar logo com o cara que amo. Mas não sou trouxa, não posso simplesmente voltar. Ele nem veio atrás de mim e isso me destrói por dentro. Vou ficar onde estou fingindo que não me importo igual ele está fazendo.

Essa coisa de ouvir o coração é arriscado. Meu coração é burro, trouxa, fraco, está todo quebrado e remendado. Melhor usar o cérebro.

-Você por acaso está nessa situação?

-Não! - Me despertei do transe - É uma série que eu tô assistindo. Tô ansiosa pro final - Sorri falso.

-Como é o nome dela?

-Hã...eu...não sei pronunciar - Sorri mais falso ainda.

Angie começou a se mexer nos meus braços, soltou meu peito e começou a chorar denovo. Vi que ela tinha feito alguma coisa na frauda e eu esqueci denovo da bolsa.

-Merda, desculpe Ryan eu tenho que ir - Me levantei. Ele entendeu na hora.

-Que pena. Eu te levo, mas te busco outro dia, para, sei lá...

-Ok, ok - Sai andando na frente e ele veio atrás.

A noite não tinha sido ruim. Mas não conseguimos terminar. Era super fácil ter filhos. E super legal levá-los aos lugares.

Loving Dangerously Onde histórias criam vida. Descubra agora