Capítulo 7

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O galo cantou, e aquela manhã escura mostrava-se pouco nublada e o céu anunciava um belo dia de calor por vir. Alguns vizinhos passavam como vultos negros pelas ruas, caminhando em direção ao ponto de ônibus, para pegarem condução até aos seus trabalhos.

Seu Flávio checava as ferragens sobre a estrutura preparada para a laje da cozinha de sua casa, e tudo estava de acordo com o planejado e Marquinho o auxiliava, carregando ferros e madeiras para o alto.

– Pegue ali aquela chave turquesa ao canto, filho.

Ambos estavam sobre a estrutura, quase três metros de altura, e Seu Flávio contorcia alguns arames para a amarração.

– São que horas? – ele perguntou, olhando para o céu, conferindo o tempo.

– Cinco e meia – respondeu o filho.

– Marcamos as seis. Daqui a pouco todos chegarão para ajudar.

Seu Flávio ainda não terminara de falar quando Marquinho enxergou Johnny virando a esquina, chegando para juntar-se à eles.

– Veja! É o Johnny – Marquinho tinha ampla visão da rua.

– Chegou cedo – comentou animado.

– Será que mais alguém virá, pai?

Marquinho estava preocupado com a quantidade de pessoas para ajudá-los, afinal, construir uma laje não é tarefa fácil, e requer disposição e lealdade, principalmente quando é trabalho voluntário.

– Espero que sim, filho – Seu Flávio finalizava as amarras.

Johnny passou pelo portão de madeira e entrou pelo terreno, parando no nível de baixo.

– Suba por aqui! – Marquinho apontou para a escada de madeira que estava na lateral da casa.

– Eu vou descer e conferir novamente o material – comentou Seu Flávio.

– Está bem – assentiu Marquinho, enquanto Johnny subia o último degrau.

– Está tudo certo? – Johnny perguntou preocupado.

– Acho que sim.

– E os outros?

– Disseram que vinham.

Marquinho esteve ausente, e como de praxe, perguntou a Johnny sobre o andamento do culto passado:

– E o Mostarda?

– Levei ao culto.

– E a palavra, o que disse?

– Foi clara: Deus disse que restituiria a família dele.

– Sério?

– Fiquei feliz. Ele mais ainda.

– Meu pai disse que a palavra também mencionou alguém que esconde algo que não deveria, principalmente da família! – Marquinho o cutucou.

– Lá vem você de novo!

– Já falou com o seu pai?

– Misericórdia! – Johnny irritou-se.

Marcelo, Luiz e Diogo surgiram no portão e entraram correndo, subindo tão rápidos que não houve tempo de Marquinho e Johnny terminarem a conversa.

– Uuuuuh! – berrou Marcelo ao chegar ao alto, na quina da laje. – "I am the king of the world!".

– O que ele disse? – perguntou Diogo.

– "Eu sou o rei do mundo". É a frase de Jack Dowson no filme do Titanic, que estreou no cinema esses dias – respondeu Johnny, rindo do amigo.

★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora