Johnny fez um movimento, aguardando a vez de seu oponente. O idoso do outro lado da mesa mexeu uma peça preta do tabuleiro de damas e sorriu triunfante. Johnny elevou a mão ao queixo, pensando na próxima jogada.
– Ganhei meu jovem! – sorriu o simpático velhinho.
– Calma, o jogo ainda não terminou.
Parecia estar tudo perdido naquele tabuleiro, e realmente estava. Johnny rendeu-se com um movimento obrigatório, acompanhado de um sorriso de derrota. O idoso terminou com uma jogada fantástica, derrotando quase todas as peças brancas de uma só vez.
– Ganhei de novo! – comemorou.
– Você é o cara! Mas esta foi a última vez, preciso ir agora.
– Obrigado pela companhia.
– O prazer foi meu – Johnny sorriu e emendou: – Não espere moleza na próxima vez!
– Pode deixar. Depois de vinte vezes te vencendo, não espero moleza mesmo! – brincou o vovô.
Aqueles idosos se reuniam no "Baixo Vovô", como era apelidada aquela praça com muitas árvores e mesas de cimento desenhadas para jogos de damas estampadas em preto e branco, e o sol tardio típico do horário de verão iluminava alguns adolescentes que arriscavam manobras de skates. Em especial, havia um morador de rua, que ali vivia, e Johnny sempre o visitava, e lhe trazia um gordo lanche.
Johnny o procurou, perguntando a alguns passantes, mas ninguém sabia onde ele estava.
– Viu o Mostarda?
– Vi mais cedo. Agora não sei! – Todos tinham a mesma resposta.
Ele vasculhou todos os cantos, até que chegou numa área com uns trapos característicos do andarilho, jogados ao chão, mas não havia sinal dele. Virou-se para um idoso e perguntou:
– Viu o Mostarda?
– Acho que foi até a padaria ver se consegue algo para comer. Deve estar com fome.
Mal terminaram a conversa e lá vinha Mostarda bufando, voltando à passos largos, virando-se e apontando para trás, resmungando e falando sozinho:
– Pão duro! Pão duro!
Johnny segurou o sorriso, e intrigado esperou até que ele retornasse e, enfim, finalmente se encontraram.
– O que aconteceu? – perguntou confuso.
– Aquele filho da... – O andarilho era muito desbocado e sempre se controlava perto de Johnny, por respeito ao jovem que tanto admirava. – Aquela coisa linda lá da padaria!
Johnny sorriu, achando hilário.
O andarilho continuou:
– Ele me ofende! Mandou eu sair da porta da padaria, dizendo que eu incomodo os clientes dele! – demonstrava raiva. – Também sou filho de Deus, ora!
– Isso é típico do ser humano – Johnny falava e ao mesmo tempo desembrulhava um lanche. – Mas nem tudo está perdido. Tome, trouxe pra você.
– Você é o melhor, Johnny. Já estava com saudades! – Ele alegrou-se.
Mostarda agarrou-se àquele pão reforçado com queijo, requeijão, alface e muito salame, do jeito que adorava, e sentou-se na grama, comendo prazeroso, enquanto Johnny apenas o acompanhava.
– Sabe... A vida não é fácil para um andarilho. As pessoas têm medo de nós. Elas pensam que somos animais – lamentou-se cabisbaixo.
– E pensar que você tinha tudo isso fácil, né, Mostarda! – disse um idoso que passou debochando.
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★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]
Ficción General★ Vencedor do Prêmio Jovens Talentos 2019 ★ ★ Vencedor do Concurso Grupo Honey 3ª Edição ★ ★ 3º Lugar no Concurso RedFox ★ Johnny é um jovem bondoso e habilidoso, dotado de um comportamento religioso sem preconceitos, enfrentando barreiras impostas...