Capítulo 52

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– Um homem que praticou latrocínio, assaltando uma residência, causando feridas, produzindo torturas psicológicas a uma família de bem. Fez ele muita mãe chorar, procurando elas por seus filhos e não encontrando. Sem barreiras, destruídas pelo intelecto, acreditando que o que fez tem um propósito maior, mesmo que o preço seja a dor e o sofrimento alheio. Para esse tipo de pessoa, há arrependimento e perdão? – perguntou o ancião para os jovens ao seu redor, na farta mesa do almoço de domingo, na casa de Dona Glória.

Eles meditaram e houve silêncio por parte da maioria, até que Marquinho atreveu-se a responder:

– Sim, porem há um preço!

– Com que base você afirma isso? – o ancião animou-se com a resposta.

– Saulo era um perseguidor da igreja, e a palavra diz que ele arrancou muitos cristãos de seus lares, provavelmente fazendo muitas mães, esposas e crianças chorarem. Ele acreditava defender a Deus, promovendo a defesa das leis de Moisés, e depois Cristo apareceu para ele, o perdoando, e transformando-o no maior pregador do evangelho até hoje.

– Correto! – Mas você disse que a conversão requer um preço. Como explica? – continuou o ancião.

– Deus perdoa os nossos pecados, e desfaz nossas dívidas para com ele. Mas é necessário pagarmos um preço, para quitar o que devemos a quem de alguma forma machucamos, a não ser que nos perdoem, aí estaremos livres.

– Perfeito! Lembrem-se jovens: devemos ter cuidado com nossas ações. Principalmente ao falar, porque podemos magoar ou ofender ou até lançar fora aqueles que foram resgatados por preço de sangue. De que adianta evangelizar dez e expulsar cem? Infelizmente é o que vemos! Melhor dar a mão do que empurrar! Ainda que soframos danos, não podemos folgar com a injustiça, nem deixar o inocente pagar pelo que não fez!

– Irmão Adelmo! – Mari se pronunciou.

– Diga minha jovem!

– O irmão pode ungir o Johnny?

– Vocês sabem que a unção tem dois caminhos: Deus liberta ou leva para o seu reino! – explicou ele.

– Sabemos – respondeu Marquinho. – O pai de Johnny está ciente.

– Então podemos ir, quando ele permitir!

– Precisa ser hoje à noite! – Luiz preocupou-se. – Johnny não tem muito tempo e amanhã pode ser tarde!

– Está certo! – disse o ancião. – Eu e Mário iremos, e vocês também.

– Vou à frente avisá-los! – disse Marquinho.

A noite chegou e chamaram no portão de Hermínio, e pela janela ele viu os irmãos da Congregação aguardando. Ele recebeu a todos com um aperto de mão modesto, e entraram. O ancião aproveitou para explicar algumas coisas a Hermínio e Michele sobre casamento, agora batizados, necessitavam de ajustes, porque desconheciam este detalhe. Na doutrina da Congregação Cristã no Brasil, os batizados não podem ter relações sem casamento legal. Depois, seguiram para o quarto de Johnny, e iniciaram o serviço de unção e o ancião abriu a oração:

– Deus seja louvado!

– Amém!

– Juntos, unidos, oramos a Deus, em nome do Senhor Jesus.

Todos choravam inclusive Júlia e Elizabeth. Mari era visitada por Deus, e iniciou uma bela oração:

Senhor, nosso Deus, e pai nosso que estás nos céus. Nós estamos aqui, para entregar em suas mãos o nosso amigo, o nosso irmão, que se encontra neste estado, em seus dias finais, foi um valente da oração!

A ti entregamos esta alma, a sua vontade tu farás. E obrigado, pois seu pai aqui nos pediu para orar. Antes não acreditava em ti, agora é um servo do senhor. Ouve agora a nossa voz! Nosso clamor!

Terminou a oração e o ancião levantou-se com os demais. Ele pegou seu vidrinho com azeite e ungiu Johnny na testa pregando:

– Irmão Johnny. Seja ungido em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

– Amém!

Então, findou-se aquele serviço de unção, e Hermínio nada falou. Esses irmãos eram diferentes daqueles que oraram por Helena. Estes tinham algo especial. Tinham humildade. Todo tempo pregavam que não tinham poder se o pai não ordenasse, deixando claro que somente Deus poderia fazer algo por Johnny. Ninguém ousou profetizar algo como "amanhã ele levantará!" ou "levante agora em nome de Jesus". Deus colocou paz em seus corações para que esperassem nele a resposta sobre o futuro daquele jovem.

Michele trouxe um lanche para todos. Alguns comeram e riram, porém Hermínio e os jovens continuavam calados. A tristeza ardia dentro de seus corações.

Mari foi para o canto, junto de seu irmão, e triste chorou. Marquinho tentava manter-se firme, mas seu coração estava despedaçado. Marcelo nada tinha de engraçado para dizer, estava arrasado. Luiz não encontrava palavras e Diogo apenas suspirava.

Hermínio os chamou para perto e deu-lhes um abraço forte e choraram ainda mais. O ancião e Seu Mário nada mais tinham a fazer naquele lugar e despediram-se.

– Melhor irmos. – disse o ancião. – De agora em diante, está nas mãos de Deus!

Todos se foram e Hermínio ficou com a família, e comentavam sobre aquela oração. Tinham fé que Deus faria um milagre e salvaria Johnny.

★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora