Capítulo 18

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A tarde chegou e Luiz estava em sua casa, aguardando Diogo. O pai de Luiz era Diácono e sentia o sofrimento do amigo de seu filho.

– Ele virá? – perguntou Evandro.

– Ele combinou que sim, pai.

– Diogo está estranho.

– Ele não tem dormido direito.

– O que está acontecendo com ele?

– Ele diz que uns espíritos estão na casa dele.

– Isso é ruim. Ele precisa de oração.

– O senhor acha que ele está atormentado?

– Não é o caso. Parece mais uma espécie de perseguição, ou maldição.

– Mas ele vacila muito, pai. Não ora direito, não se consagra.

– Cuidado... – Evandro deparou-se com a solicitude do filho. – Quando estamos no lado de fora sempre é mais fácil.

– Mas pai, todo mundo conversa com ele, e parece que não entende! Acho que ele deve estar fazendo algo de errado. Ninguém é tão provado assim!

– É isso mesmo que acredita? – Evandro o repreendeu. – Acha que tudo que passamos são resultados de nossos erros e defeitos?

– Não, pai, mas uma prova dessa? Sabia que tem dias que ele ouve as panelas baterem sozinhas na cozinha?

– Ouça bem Luiz, existem provações que nós abraçamos com as próprias mãos. Talvez por desobediência, tudo bem. Principalmente quando Deus nos orienta a fazer algo e fazemos diferente, ou quando estamos em pecados que entristecem muito a Deus. Porém existem provações que são dadas por Deus para nos moldar, nos transformar, para dar-nos uma nova percepção da vida, ou porque Deus tem um propósito maior, como uma libertação, ou milagre, entende?

– E qual destas ele faz parte?

– Isso importa? Qual a diferença se ele for provado por desobediência ou não? Faz dele menos amigo? Tem ele menos relevância em suas orações?

– Não...

– Então o que precisamos é orar, para que Deus o ajude, e que ele enxergue o que o pai requer. Uma coisa eu aprendi: Deus nunca nos dará uma provação que não possamos aguentar.

– Espero que ele aguente então – sorriu Luiz.

– Não o empurre para o abismo, mas puxe-o de volta, para que ele entenda que não está sozinho.

Diogo chegou visivelmente desanimado, e Luiz, seguindo os conselhos de seu pai, não tocou no assunto. Ambos saíram para encontrar Marcelo, que naturalmente se encarregaria de falar besteiras e animar o resto do dia.

Marcelo pechinchava alguns jogos para computador na passarela de Campo Grande, e namorava alguns disquetes. Saboreava as capinhas impressas em preto e branco, dentro de saquinhos lacrados com um grampeador, e escritas com os nomes que ele desejava.

Diogo e Luiz subiram a rampa da estação avistando-o de longe.

– Lá está ele, comprando pirataria! – comentou Luiz.

– O que será que ele está comprando?

– Deve ser algum desses joguinhos de videogames que funcionam no computador!

– Demoraram! – reclamou Marcelo.

– Está comprando muamba? – Luiz zombou.

– Eu comprei um disquete com um programa que passa as músicas de fitas k7 para o computador! Agora vou ouvir os hinos, mais fácil – respondeu.

★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora