Capítulo 12

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O ônibus não passava e as chances de caminhar eram zero, e o lugar tornou-se deserto. Johnny enxergou um telefone público ao lado e correu até ele. Pegou um cartão telefônico de seu bolso e o colocou no aparelho, ligando para seu pai. Encharcado, retornou e espremeu-se atrás da larga coluna de concreto, sem lugar para sentar, e Mari ao centro, grudada em seu irmão e em seu amigo, tentando aquecer o seu corpo.

Marquinho puxou conversa:

– O Josias, que estuda contigo, disse que a professora te chamou na sala e você não respondeu! – Marquinho gritava, pois a chuva fazia um barulho forte e entendia-se pouco.

– De novo esse assunto? – reclamou.

– É mentira, por acaso?

– Eu estava distraído! – Johnny gritava pouco audível.

– Hei! Hei! Não mente!

– Do que vocês vivem falando? – Mari tentou entrar no assunto.

– Nada! – Johnny encerrou.

– Ele disse que aconteceu outras vezes! Disse que os alunos comentam sobre você! Estão falando que você parece hipnotizado! Desligado!

– Já disse: eu estava apenas distraído!

– Até quando você vai ficar nessa, mentindo pra gente?

– Não estou mentindo!

– É claro que está! E o seu pai? Já falou com ele?

– To boiando! Alguém pode falar comigo? – Mari pareceu invisível entre eles.

– Não tenho nada a falar! – respondeu Johnny.

– Está mentindo! – Marquinho continuava irritadíssimo.

– Falar o que, gente? Vocês estão me assustando! – Mari ficou aflita.

– Pergunte à ele! – Marquinho gritava.

– Mari, fique tranquila! Não está acontecendo nada!

– Você só pode estar de brincadeira!

– Johnny, fala! O que está acontecendo? – ela insistiu.

– Nada!

– Por favor, Johnny! Em nome da nossa amizade!

Johnny meditou, e achou por bem contar:

– Está bem...

Um Fiat Tempra parou sob o forte vento e buzinou, interrompendo-o. Era Hermínio.

– Não terminamos nossa conversa! – Marquinho apontou o dedo para o amigo.

A tempestade caia forte, e Mari e Marquinho sentaram no banco de trás, mudos, sem ousarem uma única palavra. Até tentaram cumprimentá-lo, mas sem resposta desistiram. Hermínio fechou-se mal humorado, e não perdeu tempo em se manifestar contra Johnny, reclamando todo o percurso, e dirigindo em alta velocidade:

– Você está louco? Viu as horas? Sabe onde estamos?

– O que o senhor tem contra comunidades? – perguntou Johnny.

– Deixe-me pensar... Hum... Tiroteio, gente perigosa, assaltos, drogas...

– São seres humanos, sabia?

– Aqui não é lugar para você – Hermínio deu de ombros.

– Onde é o meu lugar? No luxo, no meio dos grandes e dos ricos? Lá no seu hotel?

★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora