O ônibus não passava e as chances de caminhar eram zero, e o lugar tornou-se deserto. Johnny enxergou um telefone público ao lado e correu até ele. Pegou um cartão telefônico de seu bolso e o colocou no aparelho, ligando para seu pai. Encharcado, retornou e espremeu-se atrás da larga coluna de concreto, sem lugar para sentar, e Mari ao centro, grudada em seu irmão e em seu amigo, tentando aquecer o seu corpo.
Marquinho puxou conversa:
– O Josias, que estuda contigo, disse que a professora te chamou na sala e você não respondeu! – Marquinho gritava, pois a chuva fazia um barulho forte e entendia-se pouco.
– De novo esse assunto? – reclamou.
– É mentira, por acaso?
– Eu estava distraído! – Johnny gritava pouco audível.
– Hei! Hei! Não mente!
– Do que vocês vivem falando? – Mari tentou entrar no assunto.
– Nada! – Johnny encerrou.
– Ele disse que aconteceu outras vezes! Disse que os alunos comentam sobre você! Estão falando que você parece hipnotizado! Desligado!
– Já disse: eu estava apenas distraído!
– Até quando você vai ficar nessa, mentindo pra gente?
– Não estou mentindo!
– É claro que está! E o seu pai? Já falou com ele?
– To boiando! Alguém pode falar comigo? – Mari pareceu invisível entre eles.
– Não tenho nada a falar! – respondeu Johnny.
– Está mentindo! – Marquinho continuava irritadíssimo.
– Falar o que, gente? Vocês estão me assustando! – Mari ficou aflita.
– Pergunte à ele! – Marquinho gritava.
– Mari, fique tranquila! Não está acontecendo nada!
– Você só pode estar de brincadeira!
– Johnny, fala! O que está acontecendo? – ela insistiu.
– Nada!
– Por favor, Johnny! Em nome da nossa amizade!
Johnny meditou, e achou por bem contar:
– Está bem...
Um Fiat Tempra parou sob o forte vento e buzinou, interrompendo-o. Era Hermínio.
– Não terminamos nossa conversa! – Marquinho apontou o dedo para o amigo.
A tempestade caia forte, e Mari e Marquinho sentaram no banco de trás, mudos, sem ousarem uma única palavra. Até tentaram cumprimentá-lo, mas sem resposta desistiram. Hermínio fechou-se mal humorado, e não perdeu tempo em se manifestar contra Johnny, reclamando todo o percurso, e dirigindo em alta velocidade:
– Você está louco? Viu as horas? Sabe onde estamos?
– O que o senhor tem contra comunidades? – perguntou Johnny.
– Deixe-me pensar... Hum... Tiroteio, gente perigosa, assaltos, drogas...
– São seres humanos, sabia?
– Aqui não é lugar para você – Hermínio deu de ombros.
– Onde é o meu lugar? No luxo, no meio dos grandes e dos ricos? Lá no seu hotel?
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★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]
Narrativa generale★ Vencedor do Prêmio Jovens Talentos 2019 ★ ★ Vencedor do Concurso Grupo Honey 3ª Edição ★ ★ 3º Lugar no Concurso RedFox ★ Johnny é um jovem bondoso e habilidoso, dotado de um comportamento religioso sem preconceitos, enfrentando barreiras impostas...