Capítulo 46

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A igreja estava abatida. Mário anunciava para a mocidade que Johnny precisava de muita oração, e explicava que Hermínio não aceitava visitas em sua casa, e terminando o culto, se reuniram no pátio, para conversar. Mari estava de mãos dadas com Marcelo. E convidou aos que ali estavam para uma pequena confraternização em sua casa:

– Hoje é aniversário do meu pai. Vamos lá pra casa, tem um almoço especial.

– Vamos sim – concordou Marcelo, beijando-a com biquinho.

– Vocês também! – Marquinho apontou para Diogo e Luiz.

– Não será a mesma coisa sem ele! – Luiz lamentou-se.

– Nunca será! – Marquinho estava triste.

A casa estava cheia. Seu Flávio tinha muitos amigos e parentes e Marcelo contou uns trinta ali dentro. Na varanda e no terreno alguns cooperadores de outros bairros e muitas pessoas da família. Um cooperador viu Marcelo abraçado com Mari e começou a pilhar o moço:

– Hei! O que você está fazendo agarrado com minha sobrinha?

– O que está havendo aí? – Um primo de Mari também entrou na brincadeira. – A família é brava, hein!

– Na, na, nada... – Ele gaguejava.

– Ô Flávio! – gritou outro primo.

– Oi! – Ele apareceu.

– Você está ficando frouxo, primo?

– Por quê?

– Olha aquele cara ali, agarrando a sua filha!

Seu Flávio percebeu que Marcelo ficou pálido de medo e agarrou seu primo, fingindo impedi-lo.

– Você não trouxe a arma? Trouxe?

– Esse cabra é abusado!

– Não! Não! Não faça isso! – Flávio encenava, e o primo fingia puxar uma arma.

Marcelo largou as mãos de Mari e correu.

– Pare de ser bobo, menino! É brincadeira! Bem-vindo à família! – Os primos de Mari riam muito de Marcelo, vendo o jovem borrar-se de medo.

(Toc, toc, toc)

Alguém bateu naquele portão de madeira, feito de tábua de obra.

– Tem gente chamando no portão! – gritou alguém.

(Toc, toc, toc)

Alguém continuava a bater e um deles muito grande e forte prontificou-se a atender. Ele caminhou até o portão e o abriu.

Hermínio estava de pé, mudo e olhando para cima, para enxergar o homem.

– Bem... Eu...

Hermínio tentava falar, mas não conseguia. Buscava coragem.

– Quem está aí, primo? – Marquinho perguntou parado na varanda, sem enxergar o lado de fora.

O grandalhão continuava parado e de braços cruzados como uma muralha, esperando Hermínio manifestar-se.

– Bem, é... Eu sou o... Eu sou o pai... – Hermínio tremeu-se com o tamanho do homem.

Na varanda, Seu Flávio brincava com seus amigos e filhos, falando coisas engraçadas, e vendo o sobrinho no portão, estranhou, perguntando a Marquinho:

– Quem está no portão?

– Não sei pai.

Marquinho perguntou novamente:

★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora