Capítulo 5

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Outros irmãos aguardavam frente à porta da casa da pequena senhora de cabelos branquinhos e corpo meio encurvado. A notícia da visita espalhou-se rapidamente pela semana e a casa lotou de expectadores de todos os cantos daquele bairro. Aqueles jovens eram admirados pelo dom de Deus em seus corações, e o povo desejava bênçãos ou profecias. Finalmente chegaram naquela casa de construção antiga, feita de telhado colonial, piso de taco de madeira, papel de parede lilás e um pequeno portão de grade que qualquer criança um pouco mais esperta pularia. Na sala, alguns móveis rústicos e uma bela cristaleira antiga, tudo feito de madeira de qualidade. Na parede, um quadro retrato esverdeado, com a foto do irmão João de bigode grosso, que deveria ser da época de seu casamento com Alzira.

Marcelo riu da foto, sussurrando para Diogo: – Parece o Chaplin! – Mas ao ver Alzira mirando-o seca, fechou seu rosto, temendo.

No momento da oração, em que todos se prostrariam de joelhos ao chão, um irmão estranho, baixinho, pançudo, bigode ralo, dentes tipo canjicões separados, com as calças largas, cinto descentralizado e paletó amassado, orientou a Alzira e a João que dobrassem seus joelhos com todos, porque a doutrina da Congregação Cristã ensina desta forma. Ela assustou-se, e ficou desorientada, porque sentia muita dor nos ossos e não poderia ajoelhar-se, e João estava mal de saúde, e então o casal olhou para Johnny, clamando pelo socorro.

Johnny tomou a palavra, e consciente explicou que a Congregação Cristã no Brasil não obriga uma pessoa a dobrar os joelhos, menos ainda enfermos, livrando-os deste enfado e embaraço, e assim Alzira e João aliviaram-se, permanecendo sentados durante o restante da oração, felizes e sorridentes.

O irmão atribulado ficou desajeitado, e seu rosto ficou mais vermelho do que um tomate maduro, e seus olhos emanavam um ruim sentimento vindo da alma, mas seguiu calado até o fim. Ao término, todos se saudaram com a paz de Deus, e vinham até Johnny e aos jovens, para agradecê-los e pedir orações em suas casas. De todos os presentes, apenas aquele irmão não os saudou, e saiu invisível, sem que notassem. Alzira aproximou-se deles, e os jovens ficaram ansiosos com a reação dela. "Será que ela dará um daqueles sermões chatos, como disse Luiz?", pensavam eles. Ela abriu seus braços e carinhosamente os abraçou, um após o outro, agradecendo-os e sorrindo, de forma doce e gentil.

Luiz ficou claramente desajeitado e sua face avermelhou-se de vergonha. Os demais retribuíam animados, sentindo em seus corações o dever cumprido, e desconstruindo a imagem ruim que tinham da idosa.

– Johnny, meu amado! Como posso recompensá-los por tudo? – ela sorria, animada.

– Agradeça à Deus. À ele toda a honra e toda a glória.

– Vocês são tão amáveis!

– Acho que a senhora está ficando cega, hein! – Marquinho brincou.

– Eu sei que às vezes sou brigona. Mas algumas pessoas merecem, sabiam?

"Verdade!", pensou Mari mirando Luiz.

– Eu realmente estou muito feliz! Vejo que Deus me ama! – chorou a idosa, abraçando Johnny mais forte, por uns minutos.

– Vocês são escolhidos de Deus. Nunca se esqueçam disso! – Johnny finalizou, despedindo-se.

O casal de idosos permaneceu no portão, acenando até desaparecerem. João tinha aquele jeito de criança abobada, com suas calças quase no peito, e demonstrava gratidão, enquanto os jovens seguiam de volta para casa.

Mari foi a primeira a se pronunciar:

– Estou com fome!

– Tem uma pizzaria aqui perto! – sugeriu Johnny.

★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora