Capítulo 35

17 2 0
                                    


Michele soube pelos vizinhos e surgiu aflita na enfermaria.

– Johnny!

– Que bom que veio! – respondeu.

– Hermínio... – Ela o abraçou.

Hermínio a retribuiu com um sorriso.

– Estarei sempre ao seu lado, Johnny. Conte comigo! – disse ela.

– Você é uma pessoa iluminada. E a sua missão é aturar esse velho rabugento!

– Hei! Vejo que está melhorando! – ria ele.

A enfermeira entrou no quarto para medicá-lo.

– Olá. Vocês me deem licença, preciso aplicar a medicação.

– É claro, desculpe-nos! – respondeu Michele.

– Johnny... Nós ficaremos no corredor, e voltaremos rápido. Certo, Michele?

– Ah, sim... Isso mesmo. Estaremos ali – respondeu desajeitada.

Hermínio a sentou no banco, depois tomou coragem e falou:

– Michele. Eu preciso dizer...

– Não precisa! – Ela o entendia.

– Não... Eu preciso!

Ela assentiu.

– Me desculpe. Esses dias não estão sendo fáceis para mim.

– Eu entendo Hermínio.

– Não, é sério...

– Verdade, eu entendo! Está doendo demais, e estamos abalados.

– Está acontecendo tão depressa, e eu não estou sabendo lidar com tudo isso.

– Tudo bem. Eu também fui tola... Afinal, a mulher sábia edifica o seu lar.

Hermínio sorriu, enxugando suas lágrimas e sorrindo completou:

– Na verdade a passagem "a mulher sábia edifica o seu lar" não quer dizer literalmente que seja uma mulher!

Michele admirou-se. Ouvir um pedido de desculpas assim, com ele colocando-se como culpado, ou era sonho, ou era algum plano dele.

– Como assim?

– O provérbio possui sentido amplo, podendo qualquer um assumir essa condição. Um homem, por exemplo, que cuida de sua família, ou um patrão que cuida dos seus funcionários, ou uma esposa que cuida de seus filhos... Estes são a "mulher sábia", entendeu?

– Não acredito!

– O quê?

– Pela primeira vez você falou algo de Deus!

– Está enganada! Eu não estou falando de Deus!

– É claro que está! Ainda explicou o sentido do provérbio de uma forma que eu nunca havia ouvido!

– Eu só repliquei o que Johnny falou-me!

– Você falou de um mistério de Deus com tanta propriedade!

– Não falei mistério nenhum!

– Tudo bem, seu teimoso! O tempo se encarregará de tudo.

– Então, você me perdoa?

– Claro, seu chato!

Os dois se entenderam naquele corredor, colocando fim em qualquer sentimento de separação.

A enfermeira deixou o quarto e Hermínio tentou retornar, porém ela o impediu.

– Infelizmente terá que voltar amanhã, senhor. A UTI é uma área de risco e proibida para acompanhantes.

– Então por que o medicou no meu horário de visita, sua despreparada?

– Ora, seu arrogante!

– Deixe-me falar com ele! – insistiu.

– Volte amanhã!

– Quero vê-lo agora!

– Impossível! O medicamento causa sono profundo! Provavelmente já dormiu.

– Sua imbecil! É meu filho que está lá dentro! – ele irou-se.

– Senhor, o horário de visita terminou!

– Não pode me impedir! – ele a encarava.

– Se não se retirar, terei que chamar a segurança!

– Sua abusada!

– Nós iremos! – Michele o segurou pelo braço, retirando-o rapidamente. – Desculpe-nos!

– Babaca! – disse a enfermeira cruzando os braços, parada à entrada da porta.

– Vamos para casa, Hermínio! Já é tarde e você precisa descansar! Voltaremos amanhã.

– Não vou conseguir dormir.

– Johnny precisa de você, Hermínio. Mas precisa de você com a cabeça fria.

– Está bem...


★ JOHNNY [DRAMA/CRISTÃO/CCB]Onde histórias criam vida. Descubra agora