ELA VEIO SE DESPEDIR!

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Minha mãe me contou, é um relato sobre minha infância.

Eu era muito nova, estava no pré (1990 ou 1991). Ela me contou que eu tinha uma amiga, que vivíamos grudadas, como se fôssemos irmãs.  Ela frequentava minha casa e eu a dela... Até que um dia começou a crescer um calombo no rosto dela, como se fosse caxumba... mas na época ninguém sabia ao certo o que era. Moramos no interior de São Paulo. Hoje eu imagino que deva ter sido algum tipo de câncer. Foi muito triste. Estudávamos de manhã e à tarde eu ia pra casa dela, para brincarmos, porque ela tinha que tomar muitos medicamentos (injeções inclusive) e ela foi definhando, sofrendo muito, emagreceu, mas meus pais não tiveram medo, mesmo não sabendo ao certo o que ela tinha, me levavam pra brincar com ela até ela ser internada.

Na noite em que ela morreu, meus pais não quiseram me contar, o pai dela ligou em casa e avisou, já era de noite. Eles saíram e não falaram nada pra mim. Quando fiquei sozinha no quarto, senti uma presença atravessar a porta e parar ao lado da cama, olhei e era ela, minha querida amiga, ela veio me contar que estava morrendo e que o sofrimento tinha acabado. Achei que tudo isso era um sonho ruim, mas quando contei à minha mãe, ela confirmou a história e ainda disse que quando eles voltaram do hospital (ela tinha entrado em óbito) e ao chegar em casa eu estava acordada, no quarto deles, e antes que ela me explicasse o que tinha acontecido eu disse a ela "A xxx veio me dar tchau, ela vai embora agora,  ela está bem". Aí minha mãe chorou e me abraçou.  O velório e o enterro foram no dia seguinte.

PS: Os pais da menina de afastaram de nossa família após a morte dela, na última vez que encontrei-os, ele me disse que era muito sofrido me ver, que olhavam pra mim e viam ela, por isso se afastaram.

Sou pianista erudita (comecei a tocar com 6 anos - um ano mais ou menos após a morte dela) e toda vez que sentava pra tocar piano, sentia alguém entrar na sala (tem um sofá que fica atrás de quem está tocando) sentar-se no sofá e quando viro pra ver, não há ninguém. Acho que, de alguma forma ainda estávamos ligadas... depois de um tempo, conforme fui envelhecendo, não senti nunca mais a presença dela.

Relatos Assombrados  [ATUALIZADO TODA SEMANA]Onde histórias criam vida. Descubra agora