Capítulo 11

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Oii pessoas! Tivemos problemas para postar os últimos desenhos, mas quando conseguirmos avisaremos vocês. No desenho de hoje, Sung Hee, uma personagem um tanto importante, que a Helena gosta muito ! ;-) Como a Emili está um pouco indisposta, a narração continua com Helena! Boa leitura! ♡

Quando criança, meu conto favorito era Chapeuzinho Vermelho.

Das poucas vezes que Dora lera para mim, e de todas as que eu lera sozinha, a personagem principal sempre me impressionava, pela sua audácia e inocência, que me faziam imagina-la como uma heroína nata. Mas com o tempo, percebi que aquela era a história mais tosca que já vira, e que Dora apenas me comprava aqueles livros para me dar lições de obediência.

"Nunca fale com estranhos. Nunca siga o caminho da floresta."

E agora eu estava lá, perdida numa floresta de edifícios e concreto. Dentro do carro de um estranho. Mas em vez de levar doces à vovó eu iria resgatar uma idiota inocente, que nem era uma princesa nem nada. E a única coisa que eu desejava, era não acordar dentro da barriga de um lobo. (Ou acordar sem os órgãos dentro da barriga talvez).

Mas o amigo de Kim Dong Yul não parecia um lobo.

Só percebi o quanto estava curiosa para ver seu rosto quando ele retirou a máscara e me encarou, seus olhos escuros como pequenos eclipses me devorando.

- Sabia que você não se lembraria de mim... - ele riu, e voltou a olhar o trânsito. Encarei seu rosto tentando absorver suas palavras.

Percebeu que meu silêncio era uma afirmação e voltou a puxar assunto:

- Então você é brasileira...? - ele não olhava para mim, prestava atenção no trânsito, o que me dava à chance de observar seu rosto pálido e sua postura. Seu semblante, o rosto jovem e seus cabelos castanhos, lhe dava um aspecto de maturidade; algo como se ele garantisse sua posição como um homem confiante e audaz.

- Como você sabe? - lembrei-me rapidamente que ele era um desconhecido.

- Kim Dong Yul me falou de você... - ele respondeu despreocupado enquanto dava seta para ultrapassar um carro a nossa frente.

- Hum. - eu me sentia desconfortável com tudo, o banco de couro, a curta distância entre nossos cotovelos, o jeito com que ele dirigia.

Voltei a pensar em Emili, imaginei que depois da briga ela deveria ter saído para algum lugar, assim como eu. Mas por que ela tinha que ter ido exatamente a um bar? E se o cara dos documentos estivesse atrás dela também? E se fora ele quem me ligara?

- Não se sente perdida aqui? - ele olhou rapidamente e voltou seu olhar para frente. - Seul é tão grande, você tem uma bússola?

Ele riu alto, os dentes da frente ficavam ressaltados no seu sorriso, suas mãos apertavam o volante. Ele estava rindo do que?

- A faculdade é bem perto, eu vou a pé. - respondi meio sem jeito. O que ele tinha a ver com isso? Ah sim, ele estava sendo gentil em me dar carona, eu precisava ser legal também.

O mais estranho era o tipo de hipnotismo que sua imagem me causava.

Emili. Emili. Pense nela, não posso me distrair. Meus olhos paravam em cada prédio, cada canto das ruas de Seul a procura daquela idiota, mas uma voz sempre atrapalhava a minha concentração.

- Está morando sozinha?

Estremeci no banco.

- Moro com minha amiga. - respondi com um tremor na voz.

- Ah que legal. - ele sorriu sem se virar. - Já fez amizade com mais pessoas além de Kim Dong Yul?

-Não sou amiga dele. - respondi rapidamente. - Não conheci ninguém.

Coordenadas de um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora