Capítulo 24

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Voltamos! Vivas, seguras e belas. Hoje a narração volta com Emili.


Seguimos em silêncio no carro de Kim Dong Yul.

Ele nos esperara a noite inteira no hospital, e quando saímos do quarto de Hyun-Jae naquela manhã, ele dormia no corredor encolhido como uma criança.

Aquela cena me tocara de uma maneira que eu nunca sentira antes.

Estava mais do que óbvio que ele se importava com Helena mais do que ela imaginava. Era engraçado pensar que ela não me contara nada sobre ele, e simplesmente ele aparecera magicamente para nos salvar naquela noite terrível.

Talvez Kim Dong Yul fosse uma parte recente de Helena que ela gostaria de esconder.

Eu observava os dois do banco de trás.

Às vezes eles deixavam que seus cotovelos se encostassem, e ele sorria virando seu rosto para o lado esquerdo, onde ela não enxergava, mas eu, sim. E às vezes, bem raramente, ela o olhava de canto, só para reparar no seu modo de dirigir, ou na sua camisa amarrotada e mal abotoada da noite mal dormida no chão do hospital.

Eu ria de vê-los, era bom ter um romance acontecendo bem à sua frente. Eu gostava disso, de casais, de romances, de amar.

E eles pareciam ser um par interessante.

— Era pra você virar na rua de trás, retardado. – Helena soltou.

— Não, é nessa mesmo, eu tenho certeza.

Então ele virou em outra esquina, novamente errada, e eu caí no banco com a força da virada. Meu braço fisgou, a cada toque parecia que os cortes se rasgariam de novo.

— Não é aqui! Kim Dong Yul! Vire na outra!

— AH, eu estou com sono, tá bom? Não dormi direito naquele chão frio! Pare de gritar comigo!

— Você que quis. Eu não tenho nada a ver com isso. – o humor dos dois pelo menos combinava.

Enfim ele nos deixou em casa em segurança, e nos acompanhou até a porta do apartamento, mesmo que Helena quisesse morrer por conta disso.

— Pode ir, não tem como sermos atacadas aqui – ela já queria enxotá-lo a socos dali.

— A menos que nós dois estejamos sozinhos... – ele arqueou as sobrancelhas.

Eu gargalhei vendo o rosto de Helena mudar para intensos tons de vermelho.

— Suma daqui, Kim Dong Yul. – ela o empurrou, fazendo-o cambalear para trás.

Ele acenou para nós duas, e mandou um beijo no ar para ela.

— Te pego às oito.

— Nos seus sonhos. – ela me puxou para dentro e trancou a porta.

— Esteja preparada, vamos na minha moto! Espero que não tenha medo... – ele gritou por fim rindo, e depois sua voz sumiu.

Helena suspirou.

Olhamos para os lados e estava tudo igual. A única diferença era o espaço amplo que surgiu com a ida de Dora. Suas malas afogavam toda a sala e o quarto, mas agora os cômodos podiam respirar livremente. Senti uma pontada de tristeza ao ver a expressão de Helena.

— Vocês vão sair? – tentei mudar de assunto.

— Só se for um caso de vida ou morte – ela deu de ombros – tipo um apocalipse zumbi e existir apenas a moto dele no universo. Aí eu vou sim.

Coordenadas de um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora