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2.7

Ainda nos tempos de calouro na faculdade, Youngjae havia sido alertado que a carreira na área de publicidade não seria nada fácil. Ao contrário do que se imagina, os avisos em sua maioria não eram relacionados com o desafio de manter-se atualizado sobre as tendências globais, e sim em lidar com clientes.

Dominar softwares era algo banal comparado a entender o real desejo dos seres humanos.

A cada alteração solicitada, Youngjae respirava fundo e dizia para si mesmo que estava tudo bem, nem BIGBANG agradou a todos, quem dirá sua arte para o banner daquele restaurante maldito.

Com palavrões em todos os idiomas que lembrava rondando em sua cabeça, leu o e-mail do proprietário do restaurante recusando seu décimo projeto. Era o típico cliente cabeça dura, que se recusava a dar o braço a torcer até que tivesse sua ideia – cafona – aceita.

Como Youngjae já era acostumado a lidar com teimosia, ofereceu-se para uma visita ao estabelecimento, a fim de entender de uma vez por todas qual desejo aquele senhor não estava conseguindo expressar durante o breefing¹. Com sorte haveria uma espécie de branding book² do local e ele só o seguiria mecanicamente.

Tinha que resolver essa situação hoje mesmo, e sozinho. Era um teste importante que contaria pontos no fim do estágio. Quem sabe lhe rendia uma efetivação na empresa.

Usou um cupom de desconto no Uber para chegar lá bem arrumado, se fosse de ônibus provavelmente amassaria seu portfólio, e não estava nem um pouco a fim de imprimir outro. Aquele tinha sido caro demais, obrigado.

Tagarela do jeito que era, contou metade da sua vida pro motorista, que ria como se não houvesse amanhã.

Assim que chegou no restaurante, já percebeu a vibe tradicional que o prédio emanava. Conversando um pouco com o proprietário, descobriu que era um negócio de família. A maioria dos funcionários eram primos, irmãos, genros e noras. Quem sugeriu a mudança no layout e digitalização do sistema foi uma neta, a primogênita, e o senhorzinho não teve forças pra recusar o pedido de sua menininha. Ela estava presente na reunião com o proprietário, e bastou uma conversa de meia hora com Youngjae pra ele enfim entrar em sintonia com o cliente.

Aliviado com o rumo que a reunião tomou, o Choi se despediu dos presentes com um sorriso calmo no rosto. Ao menos uma coisa dando certo finalmente.

Puxou o celular para repassar o resultado positivo para seu chefe e pedir mais um cupom de desconto de Jaebeom – o Im era o rei das promoções –. Pelo horário indicado no relógio e a distância pra agência, decidiu almoçar no shopping mesmo. Depois de tanto stress merecia um lanche nada saudável e bem saboroso como recompensa.

A praça de alimentação estava lotada. Pela época devia ser o período em que os estudantes saíam mais cedo, pois as mesas estavam lotadas com adolescentes de uniforme.

Suspirou. Shoppings lotados de adolescentes era sinal de fan meeting nas redondezas. Se desse sorte o evento já teria acabado e ele não teria que aguentar gritos ecoando pelo local.

Da fila relativamente grande de seu fast food favorito, Youngjae caçava uma mesa vaga e confortável dentre o vai e vem das pessoas ali. Com um timing perfeito, assim que seu pedido foi entregue, uma mesa ali pertinho vagou. Segurando a bandeja firmemente, o loiro se dirigiu como um raio até a mesa, ignorando toda a movimentação ao seu redor.

Ao mesmo tempo que deixou sua bandeja na mesa, uma pessoa largou a bolsa na cadeira.

Só então ele levantou o olhar, dando de cara com a mulher que parecia estar tão surpresa quanto ele.

O corte de cabelo já não era tão assimétrico como o que ela exibia na foto de perfil de suas redes sociais, mas o olhar marcante era o mesmo. Joo Inhyung.