CAPÍTULO III

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— Aqui está, Phoebe.

Apareceu um homem no camarim, carregando algumas peças minúsculas de roupas em mãos.

— Valeu, Downey.

— E fala pra sua amiguinha aí que deu certo, eu consegui encaixa-la. Ela vai poder se apresentar essa noite. Será a primeira.

Essas foram suas últimas palavras antes dele ir embora.

— Ouviu, né? Agora se troca.

Jogou as roupas na minha direção. Eu estava me olhando no espelho enquanto fazia a maquiagem.

— Minha primeira apresentação será em um palco de boate, onde eu terei que dançar em um poste frio de metal para um bando de homens velhos e excitados. Minha mãe estaria tão orgulhosa de mim.

Me levantei e peguei a roupa para dar uma olhada.

— Isso é o que, vestes de uma boneca? Essa coisa não cabe em mim.

— Deixa de bobeira! Quanto menor, melhor.

Comecei a me despir.

— Por que o tal do Downey te chamou de Phoebe?

— Ah, é só o meu nome de guerra. Já sabe qual será o seu?

— Dois minutos, meninas. Oh garota?!

Falou comigo.

— Cass, Downey. Pode me chamar de Cass.

— Okay... Cass, você já está pronta?

Terminei de vestir a roupa e dei uma última olhada no espelho. Ajeitei meus seios por dentro da blusa e arrumei a peruca.

— Eu já nasci pronta.

— Ótimo! Vamos.

Eu já estava indo segui-lo, quando parei de repente ao ver uma máscara encima da mesinha da Ângela.

— Você... vai usá-la?

— Não, fica a vontade.

— Acho que se o meu namorado me visse assim, ele surtaria.

Tirei a minha aliança de compromisso e a guardei.

— Ou ficaria excitado, porque você tá uma gata!

Me sentia... irreconhecível. Meu medo não era de alguém me ver e acabar se lembrando de mim, na verdade meu medo era deu parecer comigo mesma. Queria me olhar no espelho e dizer com toda certeza do mundo que aquela não era eu fazendo um servicinho sujo e sim a Cass. Por isso a máscara, a maquiagem que eu nunca usaria e a peruca que não era nem da cor e nem do tamanho do meu cabelo de verdade.

Segui o Downey até a parte do trás do palco, onde eu subi alguns degraus e já estava encima dele.

— E para começarmos bem a noite, com vocês a nossa linda e novata aqui na boate, Cassie.

Anunciou que no microfone.

— É só Cass.

Sussurrei pra mim mesma, revirando os olhos. As cortinas se abriram e eu apareci de costas, com as mãos na cintura.

Uma música sensual começou a tocar e eu virei apenas a cabeça pra trás, mexendo uma das pernas e um dos ombros. Virei meu corpo por completo e andei no ritmo da música até o poste, rodopiando sobre ele e chegando ao chão com as pernas abertas. Naquela posição, comecei a esfregar minhas partes íntimas no metal, fechando os olhos e deitando a cabeça pra trás.

A partir daí começou a chuva de dinheiro. Homens jogavam notas de vinte e de cinquenta da onde estavam, outros tinham que se levantar. Eu recebia elogios do tipo “gostosa” e “gatinha levada”.

— Vem aqui, vem, sua cachorrinha. Vem cá!

Um homem, com a idade entre 40, 50 anos, começou a balançar uma nota de cem, me chamando como se eu realmente fosse uma cadela, pois eu me encontrava de quatro já que estava no final da música e eu tinha de recolher o dinheiro.

— Mais respeito com as nossas garotas, meu senhor.

Um rapaz, de mais ou menos 30 anos mas com uma carinha de 19, se interviu, tocando o ombro do homem, que virou para trás já com a intenção de fazer alguma besteira, mas que quando viu dois seguranças ali do lado olhando, desistiu na hora.

Enquanto catava meu dinheiro, acabei deixando cair sem querer a tal nota de cem. O homem, aparentemente rico, trocou o whisky de mão, ergueu um pouco pra cima suas calças, que fazia parte de um belo terno branco, e se agachou, pegando pra mim.

— Obrigado.

Agradeci após receber a nota. Nós dois tivemos uma rápida troca de olhares até sermos interrompidos.

— E essa foi a nossa queridíssima Cassie. Obrigada, florzinha.

Me recompôs e sai do palco, dando uma última olhada para trás.

Assim que voltei para o camarim, as meninas todas estavam alvoroçadas.

— O que está havendo?

Perguntei pra Ângela.

— O Sebastiã está aqui!

— E quem é esse Sebastiã?

— É o dono da boate. Ele nos faz uma visita pelo menos duas vezes por mês e chega assim, do nada, sem avisar, para nos “catar nos flagra” e ver se está tudo okay. Ele normalmente se mistura no meio da platéia pra passar despercebido.

— Ah! Então ele meio que... supervisiona?

Me sentei na cadeira, procurando por um removedor de maquiagem. Como eu já tinha “feito a minha parte”, só estava pensando em pegar o meu dinheiro e ir embora por hoje.

— É, tipo isso.

— E vocês sabem aonde ele está ou como está?

Ângela estava prestes a me responder, quando Downey apareceu na porta.

— Cass?

— Que foi?

— Tem alguém que quer te ver.

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E morreu

SEBASTIÃ-MÁFIA MONTANARI [Completo] [L1] 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora