— Aqui está, Phoebe.
Apareceu um homem no camarim, carregando algumas peças minúsculas de roupas em mãos.
— Valeu, Downey.
— E fala pra sua amiguinha aí que deu certo, eu consegui encaixa-la. Ela vai poder se apresentar essa noite. Será a primeira.
Essas foram suas últimas palavras antes dele ir embora.
— Ouviu, né? Agora se troca.
Jogou as roupas na minha direção. Eu estava me olhando no espelho enquanto fazia a maquiagem.
— Minha primeira apresentação será em um palco de boate, onde eu terei que dançar em um poste frio de metal para um bando de homens velhos e excitados. Minha mãe estaria tão orgulhosa de mim.
Me levantei e peguei a roupa para dar uma olhada.
— Isso é o que, vestes de uma boneca? Essa coisa não cabe em mim.
— Deixa de bobeira! Quanto menor, melhor.
Comecei a me despir.
— Por que o tal do Downey te chamou de Phoebe?
— Ah, é só o meu nome de guerra. Já sabe qual será o seu?
— Dois minutos, meninas. Oh garota?!
Falou comigo.
— Cass, Downey. Pode me chamar de Cass.
— Okay... Cass, você já está pronta?
Terminei de vestir a roupa e dei uma última olhada no espelho. Ajeitei meus seios por dentro da blusa e arrumei a peruca.
— Eu já nasci pronta.
— Ótimo! Vamos.
Eu já estava indo segui-lo, quando parei de repente ao ver uma máscara encima da mesinha da Ângela.
— Você... vai usá-la?
— Não, fica a vontade.
— Acho que se o meu namorado me visse assim, ele surtaria.
Tirei a minha aliança de compromisso e a guardei.
— Ou ficaria excitado, porque você tá uma gata!
Me sentia... irreconhecível. Meu medo não era de alguém me ver e acabar se lembrando de mim, na verdade meu medo era deu parecer comigo mesma. Queria me olhar no espelho e dizer com toda certeza do mundo que aquela não era eu fazendo um servicinho sujo e sim a Cass. Por isso a máscara, a maquiagem que eu nunca usaria e a peruca que não era nem da cor e nem do tamanho do meu cabelo de verdade.
Segui o Downey até a parte do trás do palco, onde eu subi alguns degraus e já estava encima dele.
— E para começarmos bem a noite, com vocês a nossa linda e novata aqui na boate, Cassie.
Anunciou que no microfone.
— É só Cass.
Sussurrei pra mim mesma, revirando os olhos. As cortinas se abriram e eu apareci de costas, com as mãos na cintura.
Uma música sensual começou a tocar e eu virei apenas a cabeça pra trás, mexendo uma das pernas e um dos ombros. Virei meu corpo por completo e andei no ritmo da música até o poste, rodopiando sobre ele e chegando ao chão com as pernas abertas. Naquela posição, comecei a esfregar minhas partes íntimas no metal, fechando os olhos e deitando a cabeça pra trás.
A partir daí começou a chuva de dinheiro. Homens jogavam notas de vinte e de cinquenta da onde estavam, outros tinham que se levantar. Eu recebia elogios do tipo “gostosa” e “gatinha levada”.
— Vem aqui, vem, sua cachorrinha. Vem cá!
Um homem, com a idade entre 40, 50 anos, começou a balançar uma nota de cem, me chamando como se eu realmente fosse uma cadela, pois eu me encontrava de quatro já que estava no final da música e eu tinha de recolher o dinheiro.
— Mais respeito com as nossas garotas, meu senhor.
Um rapaz, de mais ou menos 30 anos mas com uma carinha de 19, se interviu, tocando o ombro do homem, que virou para trás já com a intenção de fazer alguma besteira, mas que quando viu dois seguranças ali do lado olhando, desistiu na hora.
Enquanto catava meu dinheiro, acabei deixando cair sem querer a tal nota de cem. O homem, aparentemente rico, trocou o whisky de mão, ergueu um pouco pra cima suas calças, que fazia parte de um belo terno branco, e se agachou, pegando pra mim.
— Obrigado.
Agradeci após receber a nota. Nós dois tivemos uma rápida troca de olhares até sermos interrompidos.
— E essa foi a nossa queridíssima Cassie. Obrigada, florzinha.
Me recompôs e sai do palco, dando uma última olhada para trás.
Assim que voltei para o camarim, as meninas todas estavam alvoroçadas.
— O que está havendo?
Perguntei pra Ângela.
— O Sebastiã está aqui!
— E quem é esse Sebastiã?
— É o dono da boate. Ele nos faz uma visita pelo menos duas vezes por mês e chega assim, do nada, sem avisar, para nos “catar nos flagra” e ver se está tudo okay. Ele normalmente se mistura no meio da platéia pra passar despercebido.
— Ah! Então ele meio que... supervisiona?
Me sentei na cadeira, procurando por um removedor de maquiagem. Como eu já tinha “feito a minha parte”, só estava pensando em pegar o meu dinheiro e ir embora por hoje.
— É, tipo isso.
— E vocês sabem aonde ele está ou como está?
Ângela estava prestes a me responder, quando Downey apareceu na porta.
— Cass?
— Que foi?
— Tem alguém que quer te ver.
_______
E morreu
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SEBASTIÃ-MÁFIA MONTANARI [Completo] [L1] 2018
ChickLitSEBASTIÃ & ELISABETH • COMPLETO✓ Livro 1× Elisabeth Morelli, uma linda jovem aspirante a dançarina com o sonho de ser independente. Sebastiã Montanari, um rapaz frio com um lado sensível. Seu maior dever é cuidar dos negócios da família junto com...