CAPÍTULO XIII

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Elisabeth Morelli

— Mãe?

Bati na porta de seu quarto.

— Sim, filha.

Fungou o nariz.

— Está tudo bem?

— Está. E-eu já vou descer.

— Que tal eu entrar?

Abri a porta e apontei a cabeça no vão.

— Vem cá, vem hija.

Espalmou o lugar vazio do seu lado na cama. Entrei e fechei a porta, indo me sentar junto à ela.

— Me desculpa se esse meu... teatrinho estragou a sua ideia de final de semana perfeito.

Me abraçou de lado enquanto eu colocava minha cabeça em seu ombro.

— Deixa de ser boba, mãe.

— Você volta pra rever sua família depois de tanto tempo e vê que eles só sabem... lavar roupa suja nas horas mais inapropriados.

— É sério, mãe. Tá tudo bem.

Olhei fundo em seus olhos.

— Agora... por que não me explica o que foi àquilo?

Ela respirou fundo e abaixou a cabeça.

— Sebastiã foi o meu primeiro filho e seria seu irmão mais velho se eu não o tivesse perdido. O que me fez ver que o seu pai era homem pra mim e não o Afonso foi a reação dos dois. O Rey chorou quando eu contei pra ele, já o Afonso ficou feliz.

Ela começou a chorar.

— Disse que era um alívio não ter no mundo um filho da garota que ele amava com o cara que ele mais odiava.

— Ah mãe, eu não sabia disso. Sinto muito.

Abracei-a fortemente.

— Se eu soubesse, teria impedido o papa de prosseguir nem que fosse pulando encima da garganta dele.

Começamos a rir.

— Obrigada, filha.

— De nada, mãe.

Limpei suas lágrimas.

— Então quer dizer que a senhora teve outra paixão na sua vida além do papai!? Hmmm.

Ela sorriu timidamente.

— Não foi nada demais, até porque hoje estou casada com o seu pai.

— Você se arrepende?

— Em nenhum segundo do meu dia, mesmo ele sendo esse pé no saco, rabugento.

— Me conta mais sobre o Afonso. Claro, se a deixar confortável.

Deitei na cama.

— Pra que quer saber do Afonso?

— Ué, ele quase foi o meu pai.

— Não vou mentir, você tem razão.

Se deitou junto comigo.

— Afonso Montanari era meu vizinho.

A interrompi logo no começo.

— Ai meu Deus, isso é tão clichê! Se apaixonou pelo seu vizinho, mãe? Fala sério! Vai me dizer agora que ficava admirando ele pela janela do seu quarto, que a propósito dava diretamente para janela do quarto dele?

Comecei a rir.

— Deixa eu terminar. Toda manhã ele vinha me buscar na porta de casa para irmos juntos pra escola, e me esperava na saída para voltarmos juntos.

— Fofo!

Ela bocejou.

— Eu sei. E nossas famílias se conheciam e em todo feriado, nós nos reuniamos no quintal da casa dele para comemorar. Eu me lembro que enquanto nossos pais ficavam lá dentro, conversando, bebendo e comendo petiscos, nós dois ficávamos lá fora, acampando. Quando os nossos pais não estavam vendo, dormíamos na mesma barraca e até... trocávamos alguns selinhos.

— Mamãe!

Ela riu, envergonhada.

— Éramos crianças, não sabíamos o que estávamos fazendo. Eu e o Afonso não nos desgrudávamos, tanto que fomos juntos para o ensino médio. Lá começamos a namorar.

Ela deu uma pausa e suspirou.

— Mas...?

— Foi nessa época em que eu comecei a dançar e ele demonstrou ser muito ciumento.

— O que estragou tudo.

Tornou a bocejar.

— É. Antes de terminarmos, vivíamos dizendo que íamos nos casar logo, ter um casal de ninhos e não parávamos de criar nombres para eles. Alguns dos escolhidos foram Sebastiã e Giovana.

— Interessante.

A Giovana e o Sebastiã tinham esses nomes graças a minha mãe.

— Tomara que eu não tenha assustado o seu amigo.

— Depois eu vou lá ver como ele está.

— O resto você já sabe, eu fui pra faculdade, conheci o Rey, como o seu pai mesmo disse o Afonso nunca se esqueceu de mim e sempre lutou por nós, eu não podia mais ficar com ele porque já estava comprometida, mas continuamos com a amizade, o que não agradava muito o seu pai, mas ele entendia que tínhamos crescido juntos e que a amizade iria prevalecer.

Suas pálpebras pesavam, ela estava começando a ficar com sono.

— Vocês ainda se falam?

— Não. Nunca mais o vi.

— Sente algo por ele?

— Apenas carinho. Adoraria ter meu melhor amigo da infância na minha vida.

— Descanse um pouco, mamãe. A senhora está precisando.

Me levantei da cama.

— Querida... acha que o Afonso seria um pai melhor pra você e para os seus irmãos?

— Com certeza não.

Sorri para ela.

— A senhora não errou na sua escolha, mãe. Pelo contrário.

A cobri e dei-lhe um beijo em sua testa.

— Adorei o almoço.

— É ótimo te ter aqui em casa novamente, minha menininha.

— Concordo.

Fui até a porta e deixei o cômodo.

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E fica cada vez mais misterioso....

Façam suas apostas ksskkskssksk

E interagem meninas
Se não sem capítulo
Hoje tô mà

SEBASTIÃ-MÁFIA MONTANARI [Completo] [L1] 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora