CAPÍTULO XIV

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Elisabeth Morelli

Estava passando pelo corredor após sair do quarto da minha mãe e avistei o Sebastiã andando de um lado para o lado. Alguma coisa o incomodava.

— Vai abrir um buraco no chão se continuar assim.

Me encostei no batente da porta.

— É, e talvez eu enfiei a minha cabeça dentro.

— O que está te estressando?

Sentei-me na cama.

— Ah nada demais, só o fato de você ser a minha irmã. Já tem meia hora que eu tô tentando ligar lá pra casa, mas a porra do celular fica dando fora de área.

Jogou o iPhone contra a parede, que por sorte não se quebrou, apenas caiu no chão.

— Ei, relaxa tá legal? O sinal aqui é ruim mesmo.

— Não acredito que tentei transar com minha irmã. Isso é tão nojento! Eu vou pro inferno, meu Deus!

Passou as mãos nervosamente pelos cabelos.

— Sebastiã, respira.

Me levantei e fui até ele, segurando na laterais de seus braços. Ele estava sem o paletó, usava apenas a blusa social. Pôde sentir seus braços fortes e musculosos.

— Desculpa por ter sido um péssimo irmão até agora. Eu juro que nunca mais vou tocar em você. Está demitida da boate. Não vai mais precisar fazer nada daquilo.

— Não somos irmãos.

— O-o que?

— É isso aí! Pode comemorar. Minha mãe perdeu um bebê que era pra vim ao mundo com o nome de Sebastiã.

Voltei a me sentar na cama.

— Sério? Ah...

Se sentou do meu lado, respirando até melhor.

— Posso te perguntar uma coisa?

Me virei para ele.

— Era realmente do seu pai que nós estávamos falando na hora do almoço?

Ele balançou a cabeça em um sim.

— Como ele é?

— O meu velho nunca foi muito de... expressar o que sentia, sabe? Sempre o enxerguei de uma só forma, frio, insensível e ranzinza.

— Nem precisa de teste de DNA, você com certeza é filho dele.

— Acho que foi o trabalho que o deixou assim. No nosso ramo, você tem que ser pulso firme ou então te passam a perna.

— Ou talvez tenha haver com a minha mãe.

Ele me olhou sem entender.

— Pensa bem, você e a sua família parecem ser o tipo de pessoas que vencem em tudo na vida e não diga que é mentira. Ele não conseguir reconquistar minha mãe pode ter sido... o gatilho pra ele ser do jeito que é.

— É, pode ser também.

Ele ficou pensativo.

— E a sua mãe, como ela é?

— Minha mãe era bem nova quando teve o primeiro filho, meu irmão mais velho. Ela também nunca foi muito presente nas nossas vidas e adora ocupar o tempo fazendo compras, pintando as unhas, indo ao cabelereiro semanalmente...

— Está mantendo a beleza para quando o seu pai morrer e ela poder ir atrás de outro, que não irá quere-la se a mesma estiver um bagaço, né.

Dei uma risadinha.

— Ai meu Deus, m-me desculpa. Eu não queria... não era isso o que eu ia dizer. A-a sua mãe não deve ser assim, apenas é muito... vaidosa.

— Não, tá tudo bem. Você deve ter razão. Afinal de contas meu pai já morreu mesmo, então...

— Sinto muito.

Toquei seu ombro.

— Isso já foi há três anos.

Disse como se não ligasse.

— E seus irmãos?

Tentei mudar de assunto.

— Não somos muito unidos. Mal nos falamos. Cada um é responsável por uma área do negócio do meu pai, eu fiquei com a rede de sexo, um como chefe do tráfico de drogas e o outro com o armazém de armas. Sabe, trocas e vendas, essas coisas.

— Tão honestos.

Fui sarcástica.

— Não vou mentir, nessa parte eu te invejo. Sua família, grande e feliz chega a me entristecer. Realmente não devia ter vindo.

— Aaaah, olha o seu lado sentimental aí, se manifestando.

Dei uma risadinha enquanto ele fechava os olhos e ficava vermelho.

— E eu que achava que você não tinha coração. Pela primeira vez vejo que você se arrepende de algo.

— Mas que droga!

— Vem cá, vem.

Abracei-o.

— Não fica assim.

Fechei os olhos e alisei suas costas.

— Ai, ai maninha.

— Palmas... Tu conseguiu deixar estranho.

Me soltei dele.

— Não era sério quando eu disse que você podia sair da boate.

— É, eu já desconfiava.

Me levantei da cama.

— A proposta pra você vir dormir aqui comigo ainda está de pé.

Arquiou uma das sobrancelhas.

— Você é um caso perdido.

Fui pra porta e deixei o quarto.

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Quem entende o seba?

Juro que não consigo entender 😂😂😂😂😂😂😂😂

Quem tá preparada pra maratona

Depende de vocês

SEBASTIÃ-MÁFIA MONTANARI [Completo] [L1] 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora