CAPÍTULO IV

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Elisabeth Morelli

— Esse é o escritório dele.

Me deixou de frente para uma porta, que ficava nos fundos da boate, em um lugar um tanto isolado.

Downey se foi e eu fiquei sozinha. Comecei a respirar fundo, temendo pelo pior. Será que a minha dança tinha sido tão ruim a ponto de... desapontar o “patrãozinho play boy”? Não acredito que eu tinha sido um desastre no meu primeiro emprego em uma cidade nova.

Bati na porta e aguardei.

— Entre.

Fechei os olhos e suspirei, arrumando a roupa curta no corpo e mexendo a maçaneta para o lado.

— Senhor... queria falar comigo?

O homem estava de costas para mim. Vestia um terno branco e segurava um copo de whisky na mão esquerda.

— A nova atração da minha boate... O que ou quem te trouxe até aqui, querida?

— A recomendação de uma amiga, a Ângela. Até agora o seu pessoal foi muito atencioso comigo, então... obrigada.

Juntei as duas mãos, dando um sorrisinho tímido.

O homem largou o copo com a bebida e se virou. Era o mesmo rapaz que tinha catado a nota de cem pra mim. Seu lindo par de olhos azuis escuros e penetrantes me fitaram de cima a baixo, mordendo o canto do lábio no final.

— Você é tão bonita...

Como um gatinho esperto, veio caminhando até mim, o que me fez recuar um pouco para trás, até bater com as costas na porta.

— E tão cheirosa...

Enfiou uma de suas mãos no meio dos meus cabelos, tocando minha nuca. A outra foi em direção a minha cintura, apertando-a de leve.

— O-o que pensa em está fazendo?

Comecei a estranhar aquela aproximação toda.

— Me peça para te fuder!

Foi deslizando com a mão por entre as minhas coxas.

— Para! Por favor, para!

— Adoro as que se fazem de difícil.

Sorriu com a língua entre os dentes, chocando ainda mais seu corpo contra o meu. Estávamos tão próximos um do outro que eu já conseguia sentir seu pênis ereto.

— Para! Me solta!

O chutei bem nos países baixos.

— Argh! Vadia!

Reclamou de dor e se curvou à minha frente, tirando as mãos de mim para poder cobrir o próprio membro.

— Estuprador!

Me segurei para não começar a chorar.

— O Downey devia ter te avisado. Você trabalha pra mim agora, benzinho. Não deixo a clientela dormir com vocês porque só eu posso por as mãos nas minhas meninas. Com todas foi assim.

— Comigo a coisa é diferente... benzinho.

Sai de seu escritório. Retornei ao camarim e percebi que ele estava vazio. Peguei as minhas coisas e fui até a porta dos fundos, saindo da boate.

Assim que cheguei no meu apartamento, nem pensei em janta, até porque não tinha um tostão se quer para pedir comida.

Fui direto para o quarto e capotei na cama, fechando os olhos pra dormir. Bom, era esse o plano, mas eu não consegui logo de cara porque não parava de pensar no que tinha acontecido.

Meu primeiro emprego em uma outra cidade e eu quase sofro abuso sexual pelas mãos do meu chefe.

Ao mesmo tempo que sentia que havia agido certo, eu sentia que tinha estragado tudo. Podia ter sido um pouco mais gentil e quem sabe tudo não passasse de um grande engano. Eu até poderia manter o meu emprego! Agora estou aqui, deitada na cama, olhando para o teto e pensado se devo ou não voltar, pedindo perdão.

No dia seguinte eu levantei bem cedinho para não me atrasar pros meus compromissos matinais : aula e escola de dança. Primeiro fui em um e depois no outro.

— Sra. Darlene, eu... gostaria de pedir mil desculpas pelo outro dia. Não fiz àquilo de propósito só para poder deixar sua aula.

Eu me explicava.

— Está tudo bem, srta. Morelli. Você não sofrerá consequências. Mas que isso por favor, não volte a se repetir. Sei que bailarinas tem o costume de não comerem, mas isso não é recomendável.

— Obrigada, senhora.

Voltei ao meu lugar. Todas as meninas já estavam posicionadas. Nessa hora a Ângela chega, e enquanto eu a recebia com um sorriso no rosto, ela se encontrava com uma cara de poucos amigos. A cumprimentei gentilmente, já ela foi direto ao assunto.

— Eu sinto muito, Elisabeth, mas... não poderá mais voltar à boate. Você foi demitida. Aqui, o Downey pediu para eu te entregar. É o seu pagamento por ontem.

Me entregou algumas notas de dinheiro antes de se distanciar para ir se trocar.

— Mas...

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Eu amo a Rita ❤️❤️❤️

Deixem suas estrelinhas e comentários meninas
Agradeço

SEBASTIÃ-MÁFIA MONTANARI [Completo] [L1] 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora