CAPÍTULO XXIV

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Sebastiã Montanari

— Stéfano...

Cheguei até onde ele estava, sentado em uma das mesas, bebendo.

— Sebastiã, meu querido primo! Sente-se.

O obedeci.

— Quer beber um pouco?

— São dez horas da manhã.

— Vou levar isso como um não.

Foi assim que os negócios da família começaram, com o meu avô que ensinou tudo aos seus filhos : meu pai e o meu tio, pai do Stéfano. Os irmãos Montanari.

Vai passando de geração em geração. Eu e os meus irmãos cuidavámos dos negócios do nosso pai e ele, sozinho, cuidava dos do meu tio. Stéfano também era dono de boate e trabalhava com algumas coisinhas mais pesadas, do tipo empréstimos, passagem pela alfândega, tráfico de pessoas, exportações ilegais e trocas e vendas no mercado negro.

Raramente nos encontrávamos. Não gosto do meu primo nem como pessoa muito menos como negociante. Eu conhecia a peça, ele era perigoso, não passava de um mal caráter, malandro e trapaceiro, por isso não faço, nunca fiz e nem penso em fazer futuramente qualquer tipo de parceria.

— O que quer aqui?

Meu primo era ganancioso, nunca aceitava um não como resposta e sempre, SEMPRE conseguia o que queria.

— Nossa, é assim que você trata um primo que não vê há anos?

— É assim que eu trato pessoas que chegam sem avisar na minha boate.

— Okay, eu serei breve. Quero uma das suas garotas.

— Sabe muito bem que não faço negócios com você, primo.

Me levantei da cadeira, já decidido tanto a não dar nada pra ele quanto a ir embora.

— E você sabe muito bem que eu não aceito um não como resposta, e nós estamos ligados de alguma forma, isso quer dizer que eu tenho... jurisdição sobre a sua parte. Posso comprar esse barraco e tudo o que você e os irmãos têm amanhã mesmo.

Eu não duvidava. Stéfano ganhava muito dinheiro, até mais do que eu e os meus irmãos, e tinha bastante poder. Eu também tinha jurisdição sobre a parte dele. Meu pai e o meu tio criaram juntos essa "lei", para que o nosso império não caísse nas mãos de qualquer pessoa que não fosse da família caso algum de nós viesse a falecer. Mas eu não podia, pois como havia dito, não tinha tanto dinheiro assim para também ameaça-lo de comprar àquilo que lhe pertencia. Eu era rico, mas o Stéfano era mais.

Uma coisa que nos diferenciava um do outro era um ditado seguido a risca : PROTEGER O QUE É NOSSO. Tudo o que envolvia os nossos bens, nosso patrimônio, lutavámos por ele. Por isso o outro lado da família sempre se saiu bem, eles não se preocupavam com isso.

E já que o maldito do meu primo sabia que eu não era de entregar algo de mão beijada, ele achou um modo de usar isso contra mim.

— Não faria isso.

Me virei para ele, com os punhos fechados.

— Quer apostar?

— Você é uma desonra! Carregamos o mesmo sobrenome, seu pilantra desonesto.

— Entenda primo, são só negócios. Por isso sou melhor que você e os seus irmãos em tudo, vocês colocam muito a família em primeiro lugar.

— Deveria ser assim. Foi o que o vovô ensinou aos nossos pais.

— Quem não seguiu essa regra tola é o mais sucedido atualmente. Então, vamos fazer um acordo ou não?

— O que você quer?

Disse entredentes, aparentemente raivoso.

— Eu já disse o que eu quero.

— Uma das minhas garotas, certo? Pode escolher.

— Hmmm...

Começou a olhar em volta.

— Eu quero ela.

Virei o rosto para trás e avistei a Elisabeth saindo do meu escritório, já vestida e caminhando até o camarim.

— Não.

— Você disse que eu podia escolher.

— Qualquer uma menos ela.

— Ouvi falar sobre o tamanho reboliço que essa garota tem feito na sua boate. Alguém está te fazendo ganhar muito dinheiro, hein primo. Eu a quero pra mim.

— Vai se fuder, Stéfano! Já disse, não vou te entregar minha melhor dançarina.

Aumentei o tom de voz.

— Este é o meu acordo. É pegar ou pegar, porque eu não vou voltar atrás.

— Nada feito.

Bati na mesa, o fuzilando com os olhos. O guarda-costas me olhou torto.

— Tá dormindo com ela, não é maladrão? E agora está apaixonadinho. Vamos lá, admita! Eu a vi saindo do seu escritório.

— Não sei do que está falando.

Me acalmei um pouco.

— Sério? Então não vejo porque não posso ter o que eu quero. Se não sente nada e a trata como a vadia que ela é, entregue-me a garota agora.

Eu não tinha escolha, não havia saída. Era um dos negócios do meu pai que estava em jogo. O Stéfano já tinha tudo, não iria dar mais nada pra ele só pra poupar uma garota. Eu teria que ceder.

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Eu postei e corri

SEBASTIÃ-MÁFIA MONTANARI [Completo] [L1] 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora