Capítulo 67

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— Você se importaria de ir a um lugar comigo antes da inauguração? — Nathaniel pergunta, mas apenas o encaro mostrando meu descontentamento com a ideia. — Não posso chegar atrasado, e o evento anterior ocupou nossa tarde toda.

— Que compromisso? — pergunto, tentando não mostrar que estou disposta a ceder, muito menos que estou curiosa.

— Um compromisso real— Nathaniel se limita a responder.

Olho através da janela quando sinto o carro fazer uma curva acentuada e uma placa me chama a atenção.

Palácio Real!

E é essa a direção que pegamos.

— No Palácio Real? — pergunto, e não me arrependo do tom de reclamação na minha voz. Afinal, ele não esperou que eu concordasse, e esse sorriso divertido se formando na boca dele é tão presunçoso. — Eu não tinha opção, não é? — reclamo, quando percebo que ele já tinha dado ordens para a Escolta Real.

— Apenas uma hora, Emily! — Nathaniel avisa.— Além disso, acho que você vai gostar.

Não acredito que isso vai acontecer, mas a verdade é que nem um de nós dois tem opção. Ele provavelmente não quer me levar.

Depois de passar pelos soldados fortemente armados na guarita do portão principal do Palácio, o carro segue por um caminho ladeado de árvores até parar em frente à uma escadaria de mármore branco reluzente.

Meu coração acelera e sinto o nervosismo tensionar cada músculo do meu corpo.

Nunca imaginei entrar neste lugar, e não tive nem ao menos algumas horas para me preparar psicologicamente para isso.

Um dos seguranças abre a porta do carro, e saio sem saber exatamente para onde olhar primeiro.

Mas a água que jorra no meio da fonte redonda enorme fazendo um som agradável chama a minha atenção. Já vi fotos dela à noite iluminada e é realmente linda.

Aproveito enquanto Nathaniel está tirando o terno cinza escuro e dou alguns passos para ver mais de perto a fonte.

— Você não deveria fazer isso. — A voz dele tem um tom urgente, mas parece ser tarde demais. Sinto gotas de água no meu rosto e por todo o meu corpo, até o corpo do Nathaniel criar uma barreira e os braços dele me envolverem de forma protetora. — Não é por este lado. — A voz dele está divertida quando o vento para. — Não em dias de ventania.

— Parece que o Palácio está me dando as boas-vindas — ironizo.

— A tradição afirma que isso é um ótimo começo — Nathaniel diz, com um sorriso debochado.

— Você ficou muito molhado? — pergunto, sem conseguir não sorrir quando vejo Nathaniel passar a mão no cabelo para retirar um pouco da água. — Sinto muito!

— Você não sente — ele diz, com os olhos estreitos, mas um sorriso divertido para mim. — Não duvido que esteja se sentindo vingada, não é?

Dou apenas uma risada que ele interpreta como uma resposta positiva.

Enquanto caminhamos para a entrada, o vento sopra mais uma vez, trazendo agora um forte cheiro de lavanda, e não é difícil identificar as flores lilases cobrindo um pergolado à nossa esquerda. Ele deve ter uma vista incrível para a Matriz.

Tenho que admitir que é o lugar mais lindo onde já estive em Gaia, e é tão surreal imaginar alguém crescendo aqui.

Essa proximidade com o Nathaniel faz com que eu me esqueça de vez em quando de quem ele é e do poder que ele tem. Não que isso mude o que sinto ou penso sobre ele, mas é sempre bom me lembrar com quem estou lidando.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora