Beijar o Nathaniel é uma luta incessante entre a parte de mim que quer se perder e a parte que quer manter o controle.
E ele sabe o que fazer para a primeira ganhar.
Adoro tudo o que ele me faz sentir.
Adoro o gosto da boca dele.
É a primeira vez que nos beijamos com a certeza de que o que sentimos é mais do que atração física, mais do que apenas desejo causado por todas as provocações ou pela solidão que nos consome.
E, nesse momento, sinto que ele está completamente entregue a mim.
E eu a ele.
Quando começo a achar que nada vai nos separar desse beijo, somos arrancados dele da forma mais inesperada.
Primeiro, veio o barulho.
Depois, a vibração, a confusão, o medo.
Nathaniel não me solta. Pelo contrário, sinto o abraço dele se apertar à minha volta, talvez por causa do susto que não consegui controlar, enquanto os seguranças correm na nossa direção.
Uma explosão.
Viro meu rosto para onde acho que o som veio e vejo uma nuvem de fumaça se formando em um ponto da muralha.
— O que foi isso? — pergunto, mesmo sabendo que ele provavelmente não sabe a resposta.
Nathaniel parece tão surpreso quanto eu.
— Temos que ir — ele diz, não apenas para mim, mas para todos os seguranças à nossa volta. — Tentem descobrir o que está acontecendo — ordena, enquanto pega o celular e liga para o Gabriel.
Saímos quase correndo de mãos dadas. Subimos as escadas e Nathaniel se vira para olhar para a Muralha mais uma vez enquanto guardar o celular no bolso.
Gabriel não atendeu.
A nuvem de fumaça está um pouco maior, mas não ouvimos outras explosões.
Vejo no rosto dele que o Nathaniel, que há pouco parecia vulnerável, sumiu. A expressão agora é um misto de fúria e inquietação.
Ele voltou a ser o Príncipe e Comandante da Guarda Real.
Depois de dar mais algumas ordens para os seguranças, entramos no carro, e Nathaniel dá marcha à ré assim que afivelo o cinto. Depois faz uma curva tão apertada que faz o pneu cantar e paramos em frente ao portão que os seguranças estão abrindo.
Olho para a mão enfaixada dele agarrada no volante, a adrenalina com certeza está fazendo com que ele ignore a dor.
— Preciso ir para o quartel — ele me avisa. — Você se importa de me acompanhar? Não quero perder você de vista até saber o que está acontecendo.
— Tudo bem!
Concordo e fico em silêncio.
Na velocidade a que estamos descendo o morro, prefiro ficar calada para não desconcentrá-lo.
E assim que chegamos no centro da Matriz, observo-a despertar após o som da explosão.
Há várias pessoas na frente de suas casas tentando entender o que aconteceu. Luzes se acendem dentro dos apartamentos e rostos confusos aparecem nas janelas. Mas, felizmente, são poucos os carros com os quais nos cruzamos pelo caminho.
Depois de mais alguns minutos, chegamos ao quartel.
Nathaniel segura a minha mão, e me esforço para acompanhar os passos largos dele.
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A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)
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