Capítulo 34

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Notinha aqui: cuidado para não comentarem spoiler nesse capítulo kkk Vocês vão saber do que estou falando!

*

Por trás dos meus óculos escuros, encaro o prédio colossal com uma grande estátua à frente: uma mulher de olhos vendados segurando uma balança.

O símbolo da justiça do mundo pré-guerra.

Não consigo conter um sorriso irônico. A justiça já não é prática comum do que sobrou do mundo.

Quanta hipocrisia!

Apesar da tarde agradável ontem, não consegui me recompor. Acho difícil isso acontecer algum dia. Mas vou colocar meu melhor sorriso e fazer o que tenho que fazer sem deixar o Nathaniel ver a dor que ele está causando em mim.

Afinal, mesmo que sejam discretas, noto as pessoas tirando fotos com seus celulares enquanto caminho, e acredito que provavelmente vão postar nas redes sociais.

Por isso, quero que o Príncipe me veja feliz.

Paro em frente a um dos mapas do Campus, tiro meu cronograma com a indicação das salas de aula e tento descobrir onde estou e para onde devo ir.

Mas com todos os olhos em cima de mim, me concentrar é tão difícil.

— Você precisa de ajuda? — Uma voz pergunta atrás de mim.

— Acho que sim — digo, virando e me deparando com uma menina com cabelos castanhos claros e olhos verdes misteriosos com manchas escuras.

Ela sorri e sinto uma espécie de conexão imediata.

Sorrio de volta, entregando meu cronograma quando a garota estende a mão.

— Sua primeira aula é aqui neste bloco, mas ainda faltam quinze minutos — diz. — Você está com fome?

Não tenho nem um pouco de apetite, mas concordo em irmos para a cantina.

Não quero ficar sozinha.

É difícil ter todos os olhos virados na minha direção. Até sinto falta de Jess e gostaria que ela estudasse no mesmo prédio que eu. Assim, a atenção das pessoas se dividiria entre nós duas e eu não me sentiria totalmente exposta.

— Eles não vão demorar a se acostumar à sua presença — a garota comenta quando nota que, apesar de forçar um sorriso e ser educada com as pessoas, não me sinto totalmente confortável com as abordagens. — Só estão um pouco mais empolgados que o normal por causa do Nathaniel.

— O que tem o Nathaniel? — pergunto.

— Os boatos sobre vocês — ela diz, hesitante. — Você não sabe?

— Não — respondo, sentindo o coração começar a acelerar.

A Matriz parece uma caixa de surpresas. E nenhuma delas é boa.

— Sobre ele ser seu Mentor e — a garota faz uma pausa, quando mais uma pessoa se aproxima, mas se afasta depois de me cumprimentar —, sabe? Vocês possivelmente estarem juntos.

Dou uma risada.

Essa é a coisa mais absurda que eu já ouvi na vida.

— Não — digo, tentando entender o motivo disso. — Não há nada entre nós dois.

Minha afirmação sai mais convicta do que eu queria, espero que ela não tenha ouvido a repulsa na minha voz.

— Não se preocupe — ela diz. — Faz tempo que o Nathaniel não aparece com ninguém, e as pessoas andam ansiosas para ver quem ele vai escolher...

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora