Faz de conta

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    Acompanhei Viktor até a casa do professor. Fomos no carro de Luísa.
     _ Eu juro que eu não sabia.
     _ Acredito em você. Como vão as coisas com o Peter?
     _ Ele fica dizendo que estou confundindo os sentimentos. Que o beijei por gratidão. Como se eu não soubesse o que estou fazendo. Se uma garota te beija na boca, você considera gratidão?
      _ Não. Eu considero que ela quer se deitar comigo. Eu sou um vampiro. Estou acostumado a despertar essa atração naturalmente. Peter está se fazendo de tonto. Pressione um pouco, que você consegue.
       _ Eu sei que você quer isso. Mas, não acho que ele vai mudar de ideia. Nem quando eu disse que ia sair com esse humano ele mudou.
       _ Usou esse humano para fazer ciúme? Esse que você mordeu?
       _ Não fique bravo. Eu sei que não quer envolvimento com humanos. Eu amo o Peter. Isso não vai mudar.
       _ Peter não disse nada?
       _ Todo mundo falou que você ia brigar. Ele disse que o cara ia se aproveitar de mim. Ele estava certo. De um jeito diferente.
        _ Deixa que eu falo com o Peter.
        Estacionei em frente a casa do professor. O carro dele não estava ali.
         _ Ele saiu? Porquê o carro não está ali?
         Nós descemos e entramos na casa. A porta estava destrancada. Vi um bilhete em cima da mesinha de centro da sala. " Obrigado, Lorie. Não quero criar problemas para você. Estou indo embora, aproveitar minha nova vida. Você é uma mulher maravilhosa. Logo Peter vai reconhecer isso. Ele brigou comigo na sala quando eu disse que dependendo da música, a garota se entrega. Ele achou que eu ia usar a música para te seduzir. Aquilo foi ciúme genuíno. De homem. Não foi de irmão. Existe um conflito dentro dele sobre quem você era e quem você é. Acredite, só precisa de um tempo. Estou torcendo por vocês. Seja feliz. Obrigado mais uma vez".
      _ Ele foi embora.
      Viktor leu o bilhete.
      _ Só não vou matá-lo, porquê talvez ele tenha mesmo ajudado você e o Peter.
      _ E o que eu faço agora?
      _ Ignore o Peter. Ele acha que está confundindo sentimentos. Haja como se fosse isso mesmo. Como se não o amasse.
       _ Quente e frio funciona com ele? Não deu certo eu mudar de casa.
       _ Ele precisa ver você mas, sabendo que não vai te ter. Entende? Uma lembrança constante do que ele perdeu.
       _ Entendi. Como quiser.
       _ Só falta ele. Confio em você.
       _ Serei a fraqueza dele, que vai fazê-lo ser leal à você.
       _ É para isso que criei vocês três.
       _ E por isso nunca se casou. Não quer ter um ponto fraco. Não se preocupe pai. Quando todos forem leais à você, mesmo que tenha um ponto fraco, nós vamos te proteger!
       Viktor me olhou e sorriu.
       _ Obrigado, minha filha.
       E deu um beijo na minha testa.
        Voltamos para casa curtindo músicas. Sem falar nada. O clima na mansão era sombrio.
        _ E então? _ quis saber Nicolae.
        _ Eu tive uma conversa com minha filha e decidi não matá-lo. Soube que estavam saindo. Bem, ele é um vampiro agora. Então, decidi permitir.
        Viktor piscou para mim. Eu entendi a jogada. Fingir que não sentia nada pelo Peter e usar Dérick para isso.
       _ Sim. Viktor é o melhor pai do mundo. Agora posso namorar Dérick sem me preocupar. Só temos que manter sua condição em segredo, dos outros humanos. Infelizmente ele se assustou e fugiu. Com medo de morrer.
       _ Mas, vou achar ele. Já que Lorie o transformou, mesmo sem querer e sem sabermos como, é justo que ela decida o que fazer com ele. E já que quer ele para ela... Mas, não quero outras transformações. Entenderam?
       Todos concordaram. As meninas olhavam confusas. Os meninos com desaprovação. Quer dizer, Peter olhava chocado.
        _ Peço desculpas pelo estrago na mansão. Está tudo bem agora. Eu vou ficar bem, não é? _ perguntei ao  Viktor.
        _ Sim. Não haverá outro episódio como esse. Você tem controle agora. _ Ele se voltou às crianças. _ Vem com o vovô.
        Ele segurou os gêmeos no colo. Eles adoravam Viktor. E quando estava com eles, a aura negativa e fria diminuía. Viktor realmente estava feliz em ver o clã aumentando.
       _ E esse bebê, Luísa? Está tudo bem?
       _ Sim. Estou adorando a sensação.
       _ Falta só você, Lorie. _ Viktor disse. _ Vou achar seu transformado para você me dar um neto.
        _ Pode deixar. Farei um bebê rapidinho. _ provoquei.
        Olhei a reação de Peter. Ele estava olhando para o chão. As mãos fechadas como se quisesse socar alguém.
      Viktor usou seus dons e restaurou a mansão. Eu fui para o meu quarto. Seria difícil fingir na frente de todos. Mas, eu devia tentar.
      Peter como esperado, foi ao meu quarto.
       _ Você me assustou.
       _ Desculpe. Eu perdi o controle. Não quis te fazer mal.
        _ Eu sei. Você o transformou de propósito?
         _ Não. Eu só bebi o sangue dele. Não dei o meu.
         _ Você disse que ia ficar com ele só para evitar que Viktor o mate não é?
         Era o momento de começar o teatro.
        _ Não. Eu pensei em tudo que você falou. E em como Dérick foi gentil comigo. Me respeitando. Deixando tudo acontecer naturalmente e no meu tempo. Ele é um cara incrível. Bem diferente daquele lobisomem.
        _ Mas, você disse que não sente nada por ele.
        _ Você está certo ao dizer que confundo as coisas. Não sei como é. Preciso aprender na prática. Ele vai me ensinar.
        _ E sobre o que sente por mim?
        _ Você é um belo vampiro. Sua aura me confundiu. Não se preocupe. Você foi uma ilusão e eu já acordei. Não vou te incomodar mais. Vamos voltar a ser amigos e irmãos de consideração.
         Ele olhou para mim, sério.
         _ Que bom que finalmente entendeu. _ ele respondeu. _ Mas, não se precipite. Talvez, não seja uma boa ideia você ficar com aquele cara. Ele te enganou para virar vampiro.
       _ Qual o problema? Ele queria ser um. Eu teria coragem de fazer se ele pedisse. Não sou como você e o Drogo.  Eu gosto de ser vampira. Posso transformar sem problema. Se o Viktor deixar. Seu professor diz que sou linda, atraente e quer ficar comigo. Ele me vê como mulher. Porquê eu deveria recusar?
        _ Porquê não o ama. Vai acabar se machucando.
         _ Mais do que me machuquei ao ser rejeitada por você, quando pensei que te amava? Sabe, é engraçado Peter. Você diz que quer me proteger, mas, você é quem mais me fere. Felizmente te superei. E devo isso ao seu professor. Então, não importa se não o amo. Vou ficar com ele.
        _ Eu... Nunca quis te machucar.
        _ Sim, você quis. Fez pouco caso dos meus sentimentos, quando era só dizer que não sentia o mesmo. Você preferiu dizer que não acreditava em mim. Me ignorou por meses, para eu acordar daquela ilusão. Estou bem agora. Não deixarei você me magoar de novo. Mas, ainda mantemos os laços. Afinal, somos Bartholys. Que escolha eu tenho?
       Talvez tenha exagerado no disfarce. Mas, era difícil fingir que superei. Ser agressiva era mais fácil.
       Ele abaixou a cabeça sem dizer nada.
       _ Preciso dormir. Feche a porta quando sair.
       Me deitei na cama. Ouvi a porta se fechar. E então, ele veio deitar ao meu lado na cama de novo.
       _ Vai me colocar para dormir?_ perguntei.
       _ Você ainda não respondeu o que o lobisomem te obrigou a fazer. E quero saber o que sentiu ao morder meu professor.
        _ Você é muito curioso. Eu não pergunto o que fez com as garotas que você namorou.
        Virei de frente para ele e abracei sua cintura.
         _ Vai servir de ursinho hoje?
         Ele riu e me abraçou.
         Deitei a cabeça no peito dele. Sentindo sua respiração e seu coração. Se era para jogar quente e frio então...
         _ Faltou uma coisa. _ eu disse fazendo um beicinho.
         _ Sem pirraça. O que é?
         _ Meu beijo de boa noite.
         Enquanto ele olhava confuso, eu me aproximei e pressionei de leve minha boca na dele. Só um selinho demorado.
         _ Boa noite, Peter.
         Deitei a cabeça em seu peito de novo. Seu corpo estava rígido. Ele estava tenso.
         _ Boa noite, Lorie.
         Sua voz saiu baixa. Ele continuou deitado e aos poucos seu corpo relaxou de novo. Não tinha como disfarçar meu coração disparado. Eu esperava que ele interpretasse isso como nervosismo e não como a empolgação que eu sentia. Fingir que não gostava me deixava mais próxima do que me declarar.
     

Is It Love? Peter - O som do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora