Amor

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    Acordei estranhando o local. Acabei dormindo no sofá, junto com Peter. A lembrança do que eu fiz na noite anterior, voltou. Fiquei envergonhada pela minha ousadia.
    _ Bom dia princesa.
    _ Não olha para mim.
    _ Por quê?... Até com o cabelo bagunçado você é linda.
    Eu saí dos braços dele e me levantei.
    _ O que foi?... Está com vergonha do que aconteceu ontem?...
    _ Não fale sobre isso.
    _ Mas foi você que pediu para substituir a lembrança daquele lobisomem.
    _ Sim. E funcionou. O que não significa que eu não posso me sentir constrangida.
    _ Pode ficar sem graça. Só não me afaste.
   Ele se aproximou e meu abraçou. Era tão carinhoso. Eu me sentia segura em seus braços. Protegida.
   _ Ontem eu ouvi meu coração.
   Ele apoiou a cabeça no meu ombro.
   _ Eu gosto de você. Muito. Adorei a surpresa. Você foi muito sensual e me deixou com vontade. Depois fala que eu é que sou pervertido. Queria que eu me sentisse como?
   _ No final a pervertida fui eu.
   Ele deu risada.
   _ Somos vampiros. Acostume-se com isso.
   _ Obrigada. Agora eu nem vou lembrar mais, que um dia fui obrigada a fazer isso com um lobisomem.
   _ Você terá muitas lembranças. Tão especiais quanto essa. Porquê eu não consigo mais imaginar a minha vida sem você.
    _ Quer dizer que me ama?
    Virei de frente para ele e o abracei pelos ombros. Ele ficou olhando nos meus olhos. Eu senti a ligação que havia entre nós. Com um sorriso fofo e brilho nos olhos, ele disse...
    _ Sim. Eu te amo! Desculpe eu ter sido tão confuso e ter feito você sofrer e esperar. Prometo te recompensar por todos os dias da minha vida.
    _ O que isso significa?
    _ Lorie Dufour... Quer se casar comigo?
    Algo se quebrou. Uma barreira. Todas as lembranças que eu havia bloqueado voltaram. Meu dom recuou. E meu coração disparou. Eu senti todo o impacto que a presença dele sempre teve em mim. Levei um tempo organizando tudo na minha mente. E então, com um sorriso cheio de amor eu disse...
    _ Aceito, meu amor. Peter Rakoczy.
    _ Você voltou.
    _ Sim. Peço desculpas pelo que eu andei aprontando.
    _ Ótimo. Não preciso mais brigar para você tomar o sangue doado.
    _ Não. Você fez o mesmo que eu.
    Eu toquei o colar com o nome dele.
    _ Estava tentando chegar no seu coração. Você tinha me esquecido.
    _ Por que esperou tanto?
    _ As coisas acontecem quando tem que acontecer. Eu estou pronto agora.
    Ele segurou minha cintura e me levantou do chão. Me rodando no ar. Eu dei risada.
    _ Eu te amo. De verdade. _ ele disse.
    _ Eu também te amo. Eu sou muito melhor com você!
    _ Senhorita Bartholy, aconselho que troque de roupa. Ou vou acabar tendo pensamentos impuros.
     _ Senhor Bartholy, prontamente atenderei a sua solicitação. Mas lembre-se... Eu não sou aquela versão. Eu quero dormir com você.
     Pisquei para ele e saí do salão. Indo para o quarto onde deixei minhas roupas.
     Eu nem podia acreditar que Peter era finalmente meu. Tanta coisa louca aconteceu. Eu queria gritar de felicidade. Até lembrar do que houve na noite anterior. Cobri o rosto com as mãos. Que ousadia. Mas com ele foi certo. Foi maravilhoso. E substituiu em grande estilo o meu trauma.
     _ Por que está com essa cara de boba?
     Eu corri para abraçar ela.
     _ Obrigada, Lívia. Por todo o apoio, todo carinho, todo cuidado de mãe, que teve comigo. Eu consegui. Eu cumpri a missão de Viktor. Vou casar com Peter.
     _ Ah, que ótimo. Mas, então...
     _ Sim, eu me lembro de tudo. Ele me ama.
     _ Parabéns!... Eu fico muito satisfeita que o Viktor tenha acertado de novo. Você sofreu tanto. Ele terá que te amar em dobro.
     _ O papai sempre sabe.
     _ Estamos nos reunindo lá embaixo, para voltar para casa.
     _ Vou me trocar e já desço.
     Ela se foi rindo.
     Meus traumas estavam superados e eu tinha o meu amado. Precisaria ficar quietinha para compensar toda a preocupação que causei quando o esqueci.
       Ao me reuni aos outros, já sabiam da novidade e me aplaudiram enquanto eu descia as escadas.
      _ Que tal aproveitar que hoje é feriado e estamos todos reunidos, para casar eles de uma vez? _ disse Bianca.
     _ É mesmo. Vai que o Peter muda de ideia. _ disse Sabrina.
     _ Eu posso usar minha influência e organizar tudo até o anoitecer. _ disse Viktor.
     Peter sorriu para ele e disse...
     _ Ficaria honrado, pai.
     Viktor sorriu satisfeito.
     _ Você foi muito teimoso. Mas é o mais sensível.
     Acabamos nos dividindo entre homens e mulheres. Eu fui com as meninas escolher o vestido. Peter foi com os garotos, olhar os ternos. Viktor foi reservar a igreja e resolver a papelada do cartório. Ele que nos deu nossa nova identidade. Ele tinha todos os documentos guardados.
      Foi a organização mais rápida que eu já vi. No entanto, ficou tudo perfeito. Eu me olhei no espelho e nem acreditei que ia mesmo me casar.
       _ Está na hora de ir. _ disse Viktor.
       Entrei no carro com ele. O motorista nos levou até a igreja. Todos já estavam lá dentro.
      _ Você pode cantar quando entrar. É o costume da igreja.
     Eu saí do carro com a ajuda dele e segurei seu braço. Meu buquê era de rosas brancas.
     As portas se abriram e enquanto nós entramos de vagar, eu cantei a música que fiz para Peter com a ajuda de Drogo. Peter derramou lágrimas. Eu não aguentei e também chorei.
     _ Muita emoção nesse dia tão especial na vida desses nossos irmãos. Peter e Lorie. Deus disse que não é bom que o homem fique só. E por isso lhe deu a mulher. Elas são nosso presente abençoado. Que devemos amar, cuidar e proteger. Nada é mais sagrado do que o amor. "Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos... Sem amor, eu nada seria".
      Ele apontou para Peter. Que começou a cantar para mim, a minha música. A segunda que ele compôs para mim.
      _ É difícil segurar a emoção não é?... Lorie, é de livre e espontânea vontade, que está aqui hoje para receber Peter, como marido?
      _ Sim.
      _ Peter, é de livre e espontânea vontade, que está aqui hoje para receber Lorie, como esposa?
      _ Sim.
      _ As alianças.
      Foi lindo ver Tomás entrando com as alianças. Cristina foi a noivinha.
       _ Repita comigo...
       _ Eu, Lorie. Recebo você, Peter. Como meu marido. Para honrar e respeitar. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Na tristeza e na alegria. Todos os dias de minha vida.
       Era uma aliança linda. Viktor caprichou.
       _ Eu, Peter. Recebo você, Lorie. Como minha esposa. Para honrar e respeitar. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Na tristeza e na alegria. Todos os dias de minha vida.
       _ E que o homem não separe o que Deus uniu. Pela autoridade a mim conferida, eu os declaro casados. Pode beijar a noiva.
       Peter abraçou minha cintura e me deu um selinho demorado. Era tão surreal que aquilo aconteceu mesmo. Eu ficava olhando a aliança.
      Nós fomos para a casa do grupo de Ralph. Outra festa. Eu joguei o buquê e as solteiras, acabaram com uma parte, cada uma. Dessa vez nós dois saímos mais cedo da festa. Discretamente. Fomos para o quarto. Ele trancou a porta.
      _ Agora eu posso ser pervertido. _ ele disse.
      _ Eu nem acredito que casei virgem... Nem vem. Lívia disse que aquilo não conta.
      _ E não conta. Você permanece intocada.
      Ele tirou o terno e a gravata.
      _ Enfim, sós!
      Eu dei risada.
      _ E o que eu faço agora?
      _ Eu vou te ensinar.
      Ele me beijou e eu estremeci. Meu coração disparou. Não me senti constrangida quando ele me tocou. Agora podia. Era o cara certo, no momento certo. Ele se despiu de vagar. Entre beijos e carícias. E mesmo lendo em livros, não podia imaginar como era bom estar com o amado. Ele retirou minha roupa com calma. Parecia querer estender aquele momento. Eu simplesmente fui no ritmo dele. Aprendendo na prática. E quando finalmente o senti dentro de mim, não me importei com a dor. A sensação de pertencer à ele, ia muito além.
      Ele encostou a testa na minha. Ofegante. Como eu.
     _ Eu devia ter percebido antes. O quanto você é especial para mim.
     _ Tudo bem. Você tem razão. Foi no momento certo. Eu estou muito feliz por ser sua.
      _ Eu estou satisfeito por ser seu. Agora eu encontrei minha âncora. Que vai me manter apegado à vida. Eu finalmente posso me orgulhar por ser um vampiro e agradecer sinceramente a Viktor por ter me transformado.
      _ Foi o que disse à ele? Agradeceu?
      _ Sim.
      _ Você não perdeu nada ao se tornar vampiro. Só ganhou.
      Ele sorriu. Aquela expressão depressiva sumiu. Ele estava finalmente em paz, consigo mesmo.
      _ Pronta para outra?
      Eu ri.
       _ Insaciável. Pode vir. O quanto quiser.
     

******

      Como o tempo estava passando rápido. Drogo se formou na faculdade. Peter também. A barriga de Luísa estava bem grande já. Os gêmeos cada vez mais espertos. E a felicidade reinando entre nós.
     Estávamos na sala conversando, quando de repente ela gritou...
     _ Pessoal. Estou sentindo algo estranho. _ disse Luísa.
     _ O quê?_ Drogo ficou assustado.
     _ Na minha barriga.
     _ Vamos para o hospital.
     Drogo pegou ela no colo e nós fomos para os carros. Em pouco tempo chegamos lá. O médico já sabia do que se tratava. Preparou a Cesária. Enquanto íamos para a sala ao lado. Assistir pelo vidro. Drogo parecia mais nervoso que ela.
      _ Mais um para a família. _ disse Nicolae.
      _ Está tudo tão perfeito que até tenho medo. _ disse Lívia.
       Drogo chorou quando seu filho veio ao mundo. Beijou várias vezes, sua esposa. Agradecendo. E trouxe o bebê enrolado na manta, até nós. O vampirinho era muito lindo. E Drogo sorria orgulhoso.
      _ Logo vai ser nossa vez. _ disse Peter.
      Eu esperava ter muitos filhos.
      Todos demos risada da cara do Drogo, ao ver Luísa levantando como se nunca tivesse engravidado. Para segurar o filho.
       Quando saímos do hospital, ela permitiu que o segurássemos um pouco. Os gêmeos quiseram ver também.
      _ Seu primo. _ disse Lívia.
      Os gêmeos fizeram um carinho na cabecinha dele.
      _ Logo terminarei a faculdade e vou retribuir. Olhando seu bebê, enquanto volta ao trabalho. _ disse Lívia.
     _ Obrigada. Foi muito bom olhar os gêmeos.
     _ Sim. Aprendemos muito. _ disse Drogo.
     _ Nós todos passamos por muita coisa. Mas chegamos até aqui. Vamos aproveitar essa calma. Não sabemos até quando vai durar. _ disse Nicolae.
     _ Estaremos preparados. Para o que der e vier. _ afirmou Peter.
      Pensei ter visto um motoqueiro do outro lado da rua nos encarando. Mas ele colocou o capacete e foi embora.
      Em casa, os meninos disseram que tinham uma surpresa para nós. Tivemos que descer até o porão. Lívia ficou tensa. Ela passou maus períodos ali. Mas os meninos tinham mudado o local. Estava limpo, organizado. Iluminado. E o que mais me impressionou... Tinham três instrumentos musicais ali. Uma guitarra, um piano e uma bateria.
     _ Mas... O quê? _ eu disse.
     E então, os três entraram vestidos de preto. Estilo roqueiro. Drogo foi para a guitarra. Peter foi para o piano. Nicolae foi para a bateria. A cara de Lívia foi impagável.
     _ Meu Deus... _ ela disse.
     Ele piscou para ela.
     _ Essa é uma banda que só toca para vocês. Espero que gostem da surpresa. _ disse Drogo.
     _ Eu estou amando. Que lindos. _ disse Luísa.
     Lívia não conseguiu dizer nada. Apenas observava esse lado do Nicolae, que ela não conhecia.
     _ Vocês estão perfeitos. _ eu disse.
     _ Lívia está em choque. _ disse Drogo.
     Sem mais enrolação, eles começaram a tocar. A voz de Drogo invadiu a sala. Peter estava como segunda voz. Mas todos entraram no refrão. E foi o som mais lindo do mundo. O barulho dos instrumentos não agredia nossos ouvidos. Eles deixaram em um volume agradável. A voz se sobressaía aos instrumentos. E foi um show lindo.
      Nós aplaudimos muito. Choramos emocionadas. Eles eram finalmente nossos.
     _ Missão dada. Missão cumprida. _ Nós três dissemos.
     Ao fim do show, corremos para abraça-los.
      _ A partir de agora, vamos retribuir por todo o esforço que tiveram. _ disse Peter.
      _ Eu não preciso de nada. Só preciso que me ame. _ eu disse.
      Lívia estava beijando Nicolae com tanta paixão, que até fiquei sem graça. Ela gostou desse lado dele.
     _ Você é impressionante. Amo você. _ ela disse.
     _ Eu também te amo. _ ele respondeu.
     Drogo estava mostrando acordes para Luísa. Ela o olhava com muito amor. E ele também demonstrava estar muito feliz.
     _ O Draco é só o primeiro. Quero mais.
      _ Eu também quero. _ ela respondeu.
      Ele olhou para ela de um jeito bem atrevido.
      _ Vamos lá. Você já voltou ao normal. Não precisa de quarentena.
      Os dois saíram. Ela disse...
      _ Olha o Draco um instante.
      _ Pode deixar. _ disse Lívia.
      No entanto, continuou sentada no colo de Nicolae.
      Eu chamei Peter para deixar os dois sozinhos.
       Draco estava dormindo no bercinho. Os gêmeos observavam.
     _ O que estão fazendo, crianças?
     _ Protegendo. _ disse Tomás.
     _ Primo. _ apontou Cristina.
     Nós dois sorrimos.
      _ Parece que o jeito protetor de Nicolae foi transferido aos filhos. Com sucesso.






Is It Love? Peter - O som do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora