Quando o dia amanheceu, deixamos os rapazes tomando conta das crianças e saímos. Fomos até a clareira na floresta. Longe o bastante para não escutarem.
_ Nós vamos dançar cinco músicas para eles... Dança do ventre.
_ Ideia sua? _ quis saber Luísa.
_ Não. Porquê seria?
_ Você ia dançar para o Peter. _ disse Lívia.
A roupa no meu armário... Eu realmente estava me esforçando muito por ele.
_ Elas que decidiram. Querem fazer brincadeiras e tudo mais. Vamos ensaiar.
Com as coreografias prontas, tendo somente que decorar os passos, era mais fácil. Quando o dia estava anoitecendo, nós voltamos para casa.
_ Já estava ficando preocupado. O que precisam fazer que demora tanto?_ disse Nicolae.
_ Vocês vão gostar. _ Lívia disse. Sentou no colo dele e retirou o livro de suas mãos. _ Cadê as crianças?
_ Dormindo. Eles quase não dormem. Sei que é cedo mas, não quis acordar eles.
_ Tudo bem. Então tem tempo para mim. Estou indo tomar um banho.
_ É um convite?
Lívia piscou para ele e foi subindo a escada. Nicolae foi atrás. Eram um casal tão fofo.
_ Eu vou procurar o meu marido. _ disse Luísa, subindo também.
Peter disse que teríamos um encontro. Então, eu fui me arrumar. Era o que todos esperavam. Que eu desse uma chance à ele. Então, eu veria até onde isso nos levaria.
_ Lorie.
_ Estou pronta.
Saí do quarto. Ele estava esperando no corredor. As mãos dentro dos bolsos, da calça. Encostado na parede. Com um sorriso. Aquela depressão que ele estava envolvido, pareceu diminuir. Sua expressão era mais suave. Como se o peso daquilo que o afligia, se tornasse mais leve.
_ Você é um gato. Muito melhor animado.
_ Você que é linda. Eu estou melhor. Superando os traumas.
_ Não vou perguntar o que aconteceu, quando foi transformado. Mas, adoraria saber... Qual seu sobrenome?
_ Eu sou Peter Rakoczy.
_ Prazer, sou Lorie Dufour.
Ele sorriu e apertamos as mãos.
_ Prazer em conhecê-la, senhorita. Me acompanha em um encontro?
_ Adoraria, senhor.
De mãos dadas e sorrindo, nós fomos. Entramos no carro dele. Era a primeira vez que eu ia sair com ele, como namorada. Acabei me sentindo um pouco nervosa, ansiosa. Afinal, eu nunca tinha namorado. Uma coisa era provocação, flerte. Outra coisa era ter um relacionamento. Ele parecia tão nervoso quanto eu. Suas mãos estavam rígidas no volante. Sabíamos, que nada seria levado na brincadeira, dessa vez. Era sério. Para aliviar o clima, ele ligou o som do carro. Começou a tocar "More than words". Engraçado que combinava bem com a gente. Mais do que dizer eu te amo, era importante demonstrar esse amor. E então, as palavras se tornavam desnecessárias. Era o que esperávamos. Ver o amor entre nós. Peter relaxou.
_ Então, vão fazer uma surpresa para nós, na festa.
_ Sim. Eu acho que vão gostar. Eu espero que sim. Deu muito trabalho.
_ Vocês sempre se esforçam por nós. É nossa vez de retribuir.
_ E o que farão?
_ Surpresa.
Ele estacionou o carro.
_ Por que me trouxe tão longe?
_ Logo saberá.
Ir até outra cidade só para ter um encontro. O que ele estava planejando?
Nós seguimos de mãos dadas e quando entramos no teatro, foi que entendi. Claro que seria ligado a música, quando se trata do Peter.
_ Ópera!... Você tem muito em comum com o Viktor.
_ Isso é um elogio ou uma crítica?
_ Apenas um fato.
Ele sorriu.
_ Você gosta?
_ Amo óperas. Meu dom também é ligado ao som. Excelente escolha.
Nós sentamos e aguardamos. Não demorou para o maestro cumprimentar a plateia. Nós aplaudimos e começou. A orquestra era incrível. E quando os atores entraram no palco, cantando e encenando, estavam em perfeita harmonia.
Eu segurei a mão de Peter, dei um beijo em seu rosto e apoiei a cabeça em seu ombro. Ele apoiou a cabeça na minha.
_ Isso foi incrível. _ eu disse, quando acabou.
_ Eles são bons.
Peter abraçou meus ombros. Foi a primeira vez que ele foi tão protetor e possessivo. Abracei a cintura dele.
Quando chegamos no carro, não havia ninguém ali. Era tarde da noite. E Peter o deixou estacionado na rua atrás do teatro. Deserto e escuro. Mas eu não tinha medo. Enfrentei bruxas e lobisomens. Podia lidar com bandidos.
Peter parou. Me olhou por um segundo. E segurando minha mão, me levou até o capô do carro. Me segurou pela cintura e me fez sentar ali. Se encaixando entre minhas pernas. Abraçava forte minha cintura. E tinha um brilho novo no olhar.
_ Vai dizer de novo? _ ele perguntou.
_ O quê?... Que não quero dormir com você? Seu pervertido.
Ele me beijou. Uma sensação agradável, que não me abalou.
_ Você está diferente. Não foi só me esquecer. Você não reage como antes.
_ Eu não sei o que aconteceu. Eu não escuto meu coração. As vezes sinto coisas com você e em outras vezes, não.
_ Vamos descobrir. _ Seus olhos fixaram nos meus. Ele ia usar seu dom. _ Me diga o que aconteceu. Como você me esqueceu?
Sua voz veio até mim e eu senti seu dom me controlar.
_ Eu usei meu dom em mim mesma.
_ E o que você ordenou a si mesma?
_ Esquecer você. Que não possam ouvir meu coração acelerar perto de você. Que sua presença não me afete e só volte tudo ao normal, quando você me amar de verdade. E for uma certeza para você.
Minha mente estava em branco. Eu só reagia a sua voz.
_ Entendi.
Minha mente voltou ao normal. Vi que seus olhos ficaram tristes. Segurei seu rosto entre as mãos.
_ Olha para mim. _ ele olhou. _ Está tudo bem.
_ Você pediu para não sentir nada por mim. Até que eu sinta amor por você. Por que aceitou sair comigo se não sente nada?
_ Você é gatinho. Um cara legal. Se esforçou bastante. E eu disse... As vezes eu sinto.
Ele então, balançou a cabeça como se compreendesse.
_ Depende do que eu sinto. Você sofreu por minha causa e fez isso para acabar com a dor. Eu entendo. Foi culpa minha, por estar tão confuso. Eu vou consertar isso. Desculpe te fazer sofrer.
_ Eu desculpo se você for bom comigo.
Ele sorriu.
_ Eu vou te fazer feliz. Muito mais do que te fiz sofrer.
Ele me beijou de novo. Eu toquei seu cabelo. Um arrepio passou por mim. Ele mordeu meu pescoço. Uma sensação boa.
_ Morder é muito bom mesmo.
Eu ri. E o mordi também.
Aos poucos eu estava começando a gostar dele. Ou era só ele admitindo a si mesmo, que gostava de mim?
_ Vem, vamos para casa. _ ele chamou.
A volta foi tranquila. Sem clima tenso. Quando entramos em casa, não vimos ninguém. Era tarde. Fomos direto para o segundo andar.
_ Quer dormir comigo? _ ele perguntou. _ Só dormir. Não faça essa cara.
Eu ri dele. Mas fui para seu quarto. Dormir em seus braços talvez ajudasse a criar laços.
_ Boa noite.
_ Boa noite.
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Is It Love? Peter - O som do coração
FanfictionPeter foi muito apaixonado por uma humana médium. A garota foi ferida por pessoas que a consideravam uma garota possuída por demônios. Ela não queria se tornar vampira. Ele odiava ser um vampiro. Então, ele só pôde ver sua amada morrer, sem poder aj...