Férias na mansão. Por minha culpa o passeio foi cancelado e voltamos. Desde então, Drogo e Luísa passaram mais tempo fora de casa. Nicolae e Lívia passeavam o dia todo com as crianças. E eu acabava sozinha na mansão, com Peter. Ele tocando piano e eu perdendo tempo olhando as coisas que pesquisei no meu celular. Procurando o que foi que eu perdi. Achei uma pesquisa sobre dança do ventre. E ao ver a roupa no meu armário, fiquei chocada.
_ Eu ia dançar para ele? Devia estar louca mesmo.
Também tinha uma gravação. Uma música que eu cantava sozinha e outra versão, com o Drogo. A música falava sobre esperar o tempo certo para o amor florescer.
Estava começando a ficar constrangida com as coisas que poderia ter feito por causa dele.
_ Lorie.
Pensei em ignorar. Mas, por fim, fui ver o que ele queria.
_ Sente-se aqui.
Fui sentar ao seu lado no piano.
_ Eu tenho um presente para você.
Ergui a sobrancelha.
_ Deixa sua ex, ver lá do além. Você me dando um presente.
_ Eu já deixei ela descansar em paz. Me despedi definitivamente lá no resort. Coloquei uma pedra nesse assunto. Agora estou com o coração pronto para um novo amor.
_ E do nada você acha que vai gostar de mim?
_ Não é do nada. A gente já passou por muita coisa, juntos. Sempre tive um carinho enorme por você. E quando cresceu, me senti atraído. Alguns relacionamentos começam desse jeito e evoluem. Com Drogo foi assim. A atração que ele tinha pela Luísa, junto com a amizade e cumplicidade, se transformou em amor.
_ Acha que vai se apaixonar por mim, se dormir comigo?... Eu não quero me deitar com você. É horrível fazer algo sem ter vontade. Aprendi isso com Klaus. Foi nojento.
Ele deu risada.
_ Seja qual for a situação você ainda odiaria o que houve com o lobisomem.
_ Sempre. Se eu pudesse trazia ele de volta, só para matar ele com minhas próprias mãos. Bem de vagar. Mas, como sabe o que houve?
_ Você não lembra mas, eu estava lá. No jogo de verdade ou consequência. Eu te perguntei e...
_ Você fez eu dizer isso na frente de todo mundo?... _ eu não lembrava dessa brincadeira. Deve ser porquê ele estava envolvido. _ Quantas coisas constrangedoras eu fiz por sua causa?
_ Isso não foi tão terrível assim. Somos família. A gente pode conversar sobre tudo.
_ Ah, claro. É por isso que você escuta o Drogo e a Luísa narrando o que fizeram a noite. E escuta o Nicolae e a Lívia confessando o que fazem. Me poupe, Peter. Isso não é coisa para sair falando por aí. Droga! Parece que você me fez um mal danado. Dá para entender porquê eu quis te esquecer.
Ele ficou me encarando, sem dizer nada. A raiva pairava ao redor.
_ Eu não fui correto em alguns momentos. Te ignorei. Brinquei com seus sentimentos. Zombei da sua ingenuidade. Me aproveitei da sua inocência. Drogo me fez entender meus erros. E eu quero me retratar. Me desculpar.
_ como assim, se aproveitou da minha inocência?
Me abracei o olhando acusadoramente.
_ Não foi isso. Eu não levei à serio seus sentimentos. E eu aproveitei da sua ingenuidade para roubar beijos, sem ter que colocar um significado nisso. Dormi com você, sem precisar me justificar. Fiquei vendo você se trocar, quando podia ter saído do quarto. Tomei seu sangue, sabendo como você se sentiria e estava pronto para aproveitar as consequências disso.
_ Está me dizendo que é um pervertido, que ficou me beijando sem ser meu namorado. Ficou vendo eu trocar de roupa, para olhar meu corpo. Se deitou na minha cama, para se esfregar em mim. Bebeu meu sangue para me fazer ficar excitada e te agarrar, para você ter uma desculpa por ter se aproveitado de mim?
Ele ficou corado e desviou os olhos.
_ Não foi... Não coloque as coisas nesses termos... _ ele parecia bem sem graça.
_ E quer que eu pense o quê? Se aproveitou do meu amor para ficar tirando vantagens, quando não tinha intenção de me levar à sério. Você estava pensando na sua ex e flertando comigo?
_ Eu fiquei confuso quando Viktor não se importou com Dérick. Questionei minhas escolhas. Mas, eu já me sentia atraído por você. Tinha superado o que houve. Você transformou Dérick e as questões vieram à tona.
_ A culpa é minha por você voltar a pensar na ex?... Sério, Peter. Desde quando está atraído por mim?
_ Desde que se tornou adulta. Mas, só em duas ocasiões eu quis... Bem, uma delas foi quando se trocou na minha frente. Eu queria terminar de despir você. A outra vez, foi quando tomei seu sangue. A gente se beijou de verdade pela primeira vez. Com desejo. Infelizmente você saiu do quarto e foi embora com Viktor.
Eu olhava para a cara dele sem acreditar.
_ Você tem um rosto de anjo. Todo inocente. Mas, é pior que o Drogo. Seu perverso.
O rosto dele estava tão vermelho, quanto eu sentia o meu.
_ Nenhum de nós é santo. Somos vampiros. É da nossa natureza toda essa luxúria. Por isso Lívia não conseguiu dizer não ao Nicolae. Mesmo ele estando descontrolado. E Luísa não disse não ao Drogo, naquela floresta. Você também não diria não para mim. Mesmo sem me amar. Porquê é a nossa natureza. Vampiros são movidos pelo desejo. Amor é um luxo. Uma coisa rara. Pode levar séculos para acontecer. Veja o Viktor. Até hoje nunca amou ninguém.
Isso era verdade. As palavras dele faziam sentido.
_ Não muda o fato de que estava errado. Uma coisa é duas pessoas querendo diversão. Outra coisa é uma pessoa querendo amor e a outra pessoa se aproveitar disso. Parou para pensar em como eu me sentiria se a minha primeira vez, fosse só um caso sem importância, para você?
_ Drogo discutiu comigo. Eu não pensei na hora. Mas, prometo que quando acontecer entre nós, será especial.
_ Já disse que não quero me deitar com você.
_ Ainda. Vamos começar do início.
Ele me entregou um presente. Eu abri meio desconfiada. Era um colar. Tinha um pingente em forma de nota musical. O nome dele estava gravado entre dois corações. Era lindo!
_ Está me dando uma coleira para saberem quem é meu dono, caso eu me perca?
Ele riu. Eu afastei meu cabelo, para ele colocar em mim.
_ É lindo. _ eu disse.
_ mais uma coisa.
Ele me entregou um coração de pelúcia, escrito "eu te amo".
_ E isso o que significa?
_ Estou te dando meu coração.
Foi um gesto tão fofo, que eu não tive como recusar. Eu abracei a pelúcia.
_ Vou cuidar do seu coração.
Ele sorriu. Pareceu meio sem graça.
_ Tem mais alguma coisa?
Ele aproximou o rosto e aguardou.
_ Quer me dar um selinho? Como no resort?
_ Sim.
Eu encostei meus lábios nos dele e o abracei. Mas, não foi só um selinho. Eu quis um beijo de verdade. E ele correspondeu. Eu devia sentir alguma coisa? Eu estava procurando traços de que já fui apaixonada por ele. Mas, meu coração não acelerou. Meu corpo não reagiu. A presença dele não me causava nada. Seja lá o que houve comigo, apagou qualquer traço de sentimento. Ele no entanto, beijava com vontade. Como se quisesse fazer isso há muito tempo. Abraçou forte minha cintura e me fez sentar sobre seu colo, naquele banquinho do piano. Seus lábios se moveram ao meu pescoço e ele me mordeu. Era uma sensação agradável. Mas, só isso. Aproveitei para morder o pescoço dele. Só porquê eu gostava de morder. Era visível que ele estava no clima. Deslizando as mãos pelas minhas coxas, minhas costas. E mesmo sendo vampira. Não senti empolgação nenhuma. Encostei a testa na dele. As respirações no mesmo ritmo.
_ Vai ter que fazer melhor que isso. Se quiser me conquistar.
Eu saí do colo dele e do quarto. Alguma coisa não parecia certa. Olhei meu reflexo no espelho. Lábios inchados, cabelo bagunçado, roupa desalinhada. E lágrimas silenciosas deslizando no meu rosto. O que eu fiz comigo mesma? De onde vinha aquela tristeza? Porquê o som do meu coração foi silenciado? Porquê parecia haver um buraco no meu peito? Valia a pena ter perdido uma parte minha, para esquecer um cara que agora estava disposto a me dar uma chance?... Se bem que essa chance só surgiu quando ele viu, o que eu seria sem ele. Era tão ruim assim? Eu era melhor com ele?
******
Estava distraída quando meu telefone tocou. Era Sabrina.
_ Oi.
_ Tudo bem, amiga?
_ Tudo. _ na verdade não. _ Qual a novidade?
_ Vamos fazer uma festa para comemorar que estamos grávidas. Eu, a Bianca, a Amélia e a Laura. Luísa também está não é?
_ Sim. Vai ser uma festa da maternidade então?
_ será. Estávamos até pensando em dançar para os rapazes... A dança do ventre.
Lembrei da roupa no meu armário.
_ Eu tenho uma roupa. Quando escolherem a música nos avisem.
_ As músicas. Na verdade tenho algumas em mente. Estive pensando em nos reunirmos para ensaiar. Venha passar um tempo com a gente. Você aprende e ensina as outras.
_ Acho que será uma festa muito animada. _ eu disse.
_ pode ter certeza. Quem ainda está solteiro, vai se arrumar. _ ela riu. _ Você vem? Não deixa eles saberem. A dança é surpresa.
_ Mas, Nicolae lê pensamentos. Não dá para esconder.
_ Dê um jeito dele não contar aos outros. Estou te esperando.
_ vou logo.
Agora eu tinha uma desculpa para me afastar da mansão.
Esperei todo mundo voltar. Fui atrás de Nicolae. Antes de qualquer coisa, já fui logo usando meu dom nele.
_ Você não vai contar para ninguém sobre a dança que vamos fazer para vocês. E se tentar ver pela mente de alguém, será bloqueado. Será uma surpresa para todos. Inclusive você.
_ Do que está falando?
_ Vai ter uma festa para comemorar a gravidez das Bartholys. Sabrina me convidou para passar um tempo com elas e ajudar a organizar.
_ Quem está grávida?
_ Sabrina, Bianca, Amélia e Laura.
Ele deu risada.
_ Vampiros são fogo mesmo. Tudo bem. Vá. Avisa quando for a hora.
_ pode deixar.
Eu fui até o quarto do Peter. Não queria sair sem avisar.
_ Oi. Posso entrar?
_ Não precisa perguntar. Tem passe livre aqui.
Eu fui até ele. Reparei que estava usando um colar igual ao meu. Tinha o meu nome nele. Ele mandou fazer um conjunto?
_ Eu vou passar um tempo com o grupo de Ralph. Ajudar a organizar uma festa da maternidade.
Ele se aproximou e abraçou minha cintura.
_ Vou me esforçar muito mais, para conquistar você. Pense em mim, onde quer que você esteja.
Senti o dom dele invadindo meus pensamentos.
_ Não é justo usar seu dom em mim.
_ cada um usa as armas que tem. Agora, me beija.
Obedeci como uma marionete. Dessa vez, um leve tremor me percorreu. Foi um beijo lento, demorado. Intenso. Como se ele quisesse gravar aquilo na minha mente e me fazer pensar enquanto estivesse longe.
_ Leva com você. E eu enviei uma música para o seu celular. Eu fiz para você.
Eu peguei aquela garrafinha de cristal, rosa. Abri a tampa e vi que tinha o cheiro dele. O sangue dele. Aquilo realmente me abalou.
Eu sorri para ele.
_ Talvez você não seja tão ruim assim.
_ Eu adoraria ser seu namorado.
Fiquei surpresa por ele dizer isso claramente. Um arrepio me percorreu. Meu coração falhou uma batida.
_ Eu... Vou pensar nisso. Prometo!
Ele fez um carinho no meu rosto e me beijou de novo. De repente me dei conta, do corpo dele colado ao meu. Seu cheiro. Suas mãos nas minhas costas. O que havia mudado da outra vez para essa? Eu estava começando a me interessar por ele.
_ Vá. Mas, me liga. Mantém contato. E não morda muitos humanos.
_ Pode deixar. Só vou morder metade da cidade.
Ele riu.
Havia algo naquele olhar que trocamos. Alguma coisa aconteceu. Algo inexplicável.
Eu montei na minha moto, com minha mochila nas costas. E fui para a cidade onde Ralph estava.
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Is It Love? Peter - O som do coração
FanfictionPeter foi muito apaixonado por uma humana médium. A garota foi ferida por pessoas que a consideravam uma garota possuída por demônios. Ela não queria se tornar vampira. Ele odiava ser um vampiro. Então, ele só pôde ver sua amada morrer, sem poder aj...