Is It Love? Peter - O som do coração

Comemorar a vida

   Eu saí do quarto de Lívia e passei na frente do quarto de Peter. A porta estava fechada. Mas, ouvi as risadas e soube que estava tudo bem. Nicolae já estava calmo.
   _ Já chegou o convite da festa. _ disse Drogo.
   _ Então, vamos. _ eu disse. _ Precisamos nos preparar para a surpresa dos meninos.
    _ Estamos de férias mesmo. Vamos. _ disse Luísa.
    Como os outros concordaram, nós arrumamos as coisas e fomos para a casa dos aliados. Nicolae e a família foram em um carro. Eu, Peter, Drogo e Luísa, fomos no outro carro.
     Ralph nos recebeu na porta.
     _ Sejam bem-vindos. Olha só essas crianças. Cresceram tanto. Entrem. 
     Cumprimentamos todos. As meninas se encantaram com os gêmeos.
     _ Viemos para preparar a surpresa. _ eu disse.
     Elas repararam que Peter estava segurando minha mão.
     _ Até que enfim se acertaram. _ disse Bianca.
     _ Depois de transformar nossa casa em um jardim, tinham mais que se acertar, mesmo. _ disse Julius.
     _ Vocês dão muito trabalho para as meninas. _ disse Lucas.
      _ verdade. Elas são muito pacientes. _ disse Drogo.
      _ A gente dá trabalho, mas elas sabem que quando conseguem, é para valer! _ disse Peter.
     _ Então, vamos deixar vocês aí com seus assuntos de homem e vamos praticar a surpresa. _ disse Sabrina.
     _ Aff... De novo? Porquê demora tanto?
     _ Ralph, não seja impaciente. Você vai me agradecer depois. _ Sabrina disse e beijou ele.
     _ Quero só ver. _ ele respondeu.
     Eu abracei Peter.
     _ Vou lá.
     _ Está bem.
     Ele me deu um selinho. Fui para o salão com as outras.
     _ Agora sim. Eles não vão ouvir nada. Vamos ensaiar. _ disse Bianca.
     _ As meninas do outro grupo vão chegar logo. _ disse Gabriela.
     _ E essa barriga, Luísa?... Não conta. Faz surpresa para nós, sobre o que é. _ disse Sabrina.
     _ Tudo bem.
     Não foi difícil entrar em sincronia e fazer as cinco coreografias, perfeitamente. Depois fomos conversar sobre as brincadeiras.
    _ Vamos fazer o teste da colher e do garfo. O fio de cabelo na aliança de casamento. A tabela chinesa. Vamos revelar à eles com um sinalizador de fumaça. _ disse Bianca.
     _ Como estamos praticamente todos, comprometidos... Pensei em uma brincadeira mais picante. _ ela tirou algo do bolso. _ Sei que já me acham toda atrevida, então, uma coisa à mais não faz diferença.
      _ O que é, Sabrina? Estou ficando com medo. _ disse Lívia.
      _ Temos aqui dois dados. E duas raspadinhas. Que indicam o quê e onde.
       Silêncio no ambiente.
      _ Eu não entendi. _ eu disse.
      Elas riram.
      _ Tadinha da Lorie. Muito inocente. Apenas dê um deles ao Peter na hora da festa. O outro fica com você.
      _ Isso não parece coisa boa. _ eu disse.
      Mas, não houve explicações. Simplesmente começamos a montar o cenário. As velas, as almofadas para os rapazes sentarem.
      _ Deixa uma cadeira para o Viktor. Como um trono. _ disse Luísa.
      _ Nem tinha parado para pensar que ele vai ver, também. _ disse Gabriela.
       _ Ele sempre sabe. Já deve ter visto os ensaios. _ disse Bianca.
       _ Como ele sabe?_ Sabrina perguntou.
       _ Ele é um original. Tem poderes que a gente nem imagina. _ disse Lívia.
      Tudo estava preparado. Só restava aguardar. Quando o outro grupo chegou, nós enssaiamos mais uma vez. Com as outras meninas. Deixamos tudo no lugar e fomos dar início à festa.
      Enchemos as jarras de sangue e entregamos taças para todos. Nicolae colocou em caixas térmicas, sangue doado. Levamos para a festa. Foi uma ótima ideia.
      Colocamos músicas e aguardamos Viktor para iniciar as brincadeiras. Ele chegou pouco tempo depois, com várias caixas de presente.
      _ Olá, meus filhos.
      _ Vovô.
      Os gêmeos foram correndo para o lado dele, que os pegou no colo.
     _ Meus netos queridos. Vovô trouxe presentes para vocês também.
     Eles tinham muito carinho pelo Viktor. Dava para notar no entanto, como a aura das crianças se tornava mais escura e sombria perto dele. Ainda mais, do que a nossa. Vampiros genuínos eram mais suscetíveis a sua influência maléfica. No entanto, os pais não pareciam se importar.
      _ Vamos começar as brincadeiras. _ disse Sabrina.
     Com a música tocando, as taças de sangue circulando, os pais foram convidados a estourar um balão junto com as mães. O casal teria que colocar o balão entre eles e estourar. O primeiro casal foi Sabrina e Ralph. Ela pediu para ele sentar no sofá. Colocar o balão no colo e depois sentou em cima. O balão estourou e muito papel picado, cinza, saiu.
      Enquanto todos riam ele reclamou...
      _ Mas, não dá para saber. O que é?
      _ O que será? _ disse Sabrina dando um beijo nele.
      Os outros casais estouraram ao mesmo tempo. Bianca sentou no colo de Julius. Amélia e Alexandre deram um abraço com o balão entre as barrigas. Laura e Mateus apertaram até estourar. Todos deram gargalhadas, se divertindo com os casais. Mas, todos os papéis eram de cor neutra.
     _ Ah, para. Conta logo. Já me fez esperar tanto tempo. _ disse Julius.
     _ Calma. Vamos ver se os testes funcionam. _ disse Bianca.
     Todas. Dessa vez incluindo Luísa. Arrancaram um fio de cabelo, amarraram na aliança e fizeram o teste.
      _ Deu menino para Bianca e Luísa. Menina para Sabrina, Amélia e Laura. _ disse Gabriela. _ próximo teste.
      Elas escolheram sobre qual almofada iam sentar. Depois de olharem o que tinha embaixo, o resultado foi...
      _ A mesma coisa. Vamos à tabela chinesa. _ disse Gabriela.
      _ Vai dar merda. Como vamos calcular a idade mais um?_ perguntou Amélia.
      _ A idade que tinha quando foi transformada. É só uma brincadeira mesmo. _ disse Laura.
      Após os cálculos, todos os resultados deram menina.
      _ Muitas princesas. _ disse Viktor. _ tentem não se tornar tão super protetor quanto Nicolae.
      Todos riram. Até Nicolae.
      _ Está bem, não vamos enrolar mais. _ disse Sabrina.
      Elas pegaram os sinalizadores de fumaça e todos fomos para o jardim. Os rapazes ficaram brincando com eles, antes de acender.
       _ Vai estourar. _ disse Ralph rindo.
       _ Sua fumaça vai sair laranja. _ brincou Julius.
       _ Não importa. Estou muito feliz por ser pai. É só o primeiro. _ disse Alexandre.
      _ Quantos filhos dá para fazer em cem anos?_ Mateus disse.
      Todos riram.
      _ Eu já sei. Isso é só para vocês. _ disse Drogo.
      Eles acenderam. O fogo foi consumindo o pavio e a fumaça colorida preencheu o ar.
      _ Menina. _ gritaram Ralph, Alexandre e Mateus.
      Eles se abraçaram animados. Eu fiquei feliz em saber que haviam pais que gostavam da ideia de ter uma filha. Aquelas garotas tinham sorte. Afastei a lembrança da rejeição do meu pai. Não era hora para ficar triste.
      _ Menino. _ disse Julius e as garotas, cumprimentando Luísa.
      Drogo e Julius se abraçaram. Depois Drogo anunciou.
      _ Não quero piadinhas, hein... Meu filho vai se chamar Draco.
      Foi impossível não ter as brincadeiras. Ele estava rindo, levando na esportiva.
      Depois dos cumprimentos, Viktor entregou o presente de cada um. Nem tentei imaginar como ele sabia.
      Sabrina então, entregou os dados e as raspadinhas, para as meninas.
      _ Agora vamos mudar um pouco o clima. Todos os comprometidos, fiquem aqui. _ disse Bianca.
      Os solteiros foram para o outro lado. Incluindo Viktor.
       _ Um pequeno presente para agradecer por terem entrado em nossas vidas e nos fazer tão feliz. _ disse Sabrina. _ O que vocês querem? O quê ou onde?
      O silêncio foi geral. Eu ainda não tinha entendido do que se tratava. Mas, as expressões eram de surpresa e diversão. Menos Peter. Ele pareceu preocupado.
      _ Lorie... Você vai mesmo participar dessa brincadeira?
      _ E porquê não?
      _ Você sabe o que é isso?
      _ Não. Mas, é uma brincadeira de casal não é?
      Sabrina o interrompeu.
      _ Peter não seja tão rígido. É só uma brincadeira. Ela ainda pode recusar se quiser. Apenas jogue.
      _ Vocês são muito frouxos, heim. _ disse Julius.
      No entanto, Drogo e Nicolae já tinham estendido a mão na direção das meninas. A expressão dos dois era de pensamentos impuros. Comecei a ficar com medo da brincadeira.
      _ O quê. _ disse Nicolae.
      _ Onde. _ disse Drogo.
      _ O quê. _ disseram Ralph, Alexandre e Mateus.
      _ Onde. _ disseram Julius e Lucas.
      Peter olhou para mim. Por um instante seus olhos se escuresceram. Depois ele respirou fundo. Com o rosto vermelho, disse...
      _ Onde. Mas, não precisa ir em frente.
       Nós entregamos a parte que eles pediram.
       _ Vamos raspar. _ pediu Sabrina.
       Olhei para Peter.
       _ Escolhe um lugar. _ ele explicou.
       Eu raspei um quadrado no meio. Estava escrito "morder".
        _ Isso é entre o casal. Não precisa falar em voz alta. Só mostra o parceiro. _ disse Bianca.
        Drogo e Luísa deram risada. Nicolae e Lívia sorriram e se beijaram. Ralph e Sabrina trocaram olhares. Alexandre e Amélia também deram risada. Mateus e Laura se abraçaram. Gabriela e Lucas estavam raspando outras coisas e sorrindo um para o outro. Julius e Bianca trocaram as cartelas para raspar de novo. Rindo muito. Olhei para Peter. Ele se aproximou e olhou o resultado. Respirou aliviado e raspou. O resultado dele foi "lábios".
     _ Segundo a brincadeira, você precisa morder a minha boca. _ ele riu. _ Não foi tão ruim assim.
      _ Isso é para coisas... Perversas?
      Ele balançou a cabeça. Meu rosto ficou vermelho na hora.
      _ Agora os dados._ disse Bianca.
      Abri o pacotinho e peguei o dado. Ele sussurrou no meu ouvido...
     _ Não precisa fazer, se não quiser.
     E jogou o dado no chão. Eu joguei também. Quando vi a palavra "tocar", respirei aliviada. Não era tão ruim. Porém, o rosto de Peter estava muito vermelho ao olhar o dado dele. Saiu justamente o "negócio"... Ele olhou os dois dados e me encarou. Meu rosto esquentou muito. E na hora me lembrei do lobisomem.
     _ Esquece. _ disse Peter recolhendo os dados.
     Eu não tinha condições de dizer nada no momento. Já havia superado o que houve. Mas, ainda me senti envergonhada com isso. Peter nem sequer encostou em mim, depois disso. Apenas se afastou.
      _ Vamos para o salão. Finalmente a surpresa que preparamos para vocês. _ disse Gabriela.
      _ Mas, essa raspadinha e o dado estão valendo não é?_ quis saber Lucas.
     _ Vai de cada casal. Para mim foi sério. _ ela piscou. 
     Os rapazes estavam rindo. Drogo e Nicolae se aproximaram de Peter. As meninas vieram até mim.
     _ Tudo bem, Lorie?_ quis saber Lívia.
     _ Porquê não me disseram do que se tratava?
     _ Você não é obrigada a fazer. É só um jogo. _ disse Luísa.
     _ E vocês vão fazer, seja lá o que foi que saiu para vocês...
     _ Ele é meu marido. Não preciso de um jogo para me dizer o que fazer. É algo já normal para nós. _ disse Lívia.
     _ Você se assusta porquê ainda é virgem. Fique tranquila. Não tem nada de mais. _ disse Luísa.
     E fomos para o salão, sem dizer o que saiu. Os rapazes ficaram com os dados e as cartelas. Enquanto fomos nos arrumar. Eles sentaram nas almofadas. Viktor sentou na cadeira. E claro, os rapazes se distrairam, comentando sobre as brincadeiras.
     A luz foi apagada e Laura usou seu dom para acender as velas. Isso fez com que ficassem em silêncio. O toque da primeira música invadiu o ambiente, enquanto entramos dançando e ocupando nosso lugar. O véu cobrindo nosso rosto e deixando só os olhos à vista. Ao som de "Azez Alaya". Nosso figurino fazia barulho a medida que nos moviamos. Soltamos o véu e foi visível o olhar deles descendo até nosso ventre. Eles não tiravam os olhos de nós. Peter estava corado. Surpreso. Mas, também me observou sem pudor. Dançamos ao som de Bosem Tzarfati, El Alem Allah, Nour el ain e Simarik. Eles bateram palmas para acompanhar o ritmo das músicas. Quando a última se encerrou, foi uma salva de palmas. Drogo correu para beijar a barriga de Luísa. Os outros também começaram a cumprimentar suas garotas. Viktor olhava fascinado. Com um sorriso sombrio.
      _ Todos deviam me agradecer. Eu escolhi bem, cada uma delas.
      E os rapazes realmente o agradeceram. Até Peter foi dar um abraço nele. Disse algo em seu ouvido. Viktor olhou para mim e sorriu. Aquilo significava o quê? Eu consegui?
      _ Declaro encerrada a festa. Com licença. _ disse Ralph pegando Sabrina no colo.
      Os casais começaram a sair na direção dos quartos. À prova de som. Até os solteiros se recolheram para dormir. Só ficou eu e Peter. E um clima tenso entre nós. Ele não era Klaus. Era o meu namorado.
      _ Acho que tenho que te morder.
      Ele ficou rígido e deu um passo atrás.
      _ Depois do que eu vi aqui, é melhor não chegar perto.
      Ele ficou abalado com a dança. Eu ouvia seu coração disparado.
      Me aproximei e o abracei. Não deixei ele me afastar.
      _ O namoro é sério não é?
      _ Claro.
      _ Então, qual é o problema?
      Eu o beijei e ele correspondeu. Com vontade. Com desejo. Me prendeu contra a parede. No fim do beijo dei uma mordida de leve em seu lábio inferior. Ele gemeu.
      _ Fiz certo?
      _ Fez.
      Antes que eu perdesse a coragem, eu abri os botões da calça e abaixei o zíper. Ele segurou minha mão.
      _ Não precisa fazer isso.
      _ Tudo bem. Não tenho nojo de você.
      _ Eu sei. Mas, não precisa.
      _ Preciso. Somente uma lembrança boa vai anular a lembrança ruim. Prefiro lembrar que fiz isso com você. Do que continuar lamentando o que houve com ele.
      _ Você não sabe nada ainda. É tão inocente.
      _ Isso eu sei. Me beija Peter. Deixa eu te dar prazer.
       Os olhos dele se estreitaram. Sua respiração era irregular. Ele colocou as mãos na parede atrás de mim e balançou a cabeça, consentindo. Apenas velas iluminavam o ambiente. O único som que se ouvia era de nossas respirações e nossos corações acelerados. Sim. O meu também. Eu ouvi. O que significava que finalmente Peter estava admitindo a si mesmo, que me amava.