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Ares.

Eu precisava de um momento de descontração com a Abby. Eu sabia que ela me faria bem, que ela conseguiria me fazer sorrir mesmo depois de tudo que eu tenho passado. Não tenho certeza se vou ser capaz de me recuperar algum dia. Jude era o meu tudo. Ela levou algo mais do que apenas sua alegria e a sua bagagem de otimismo.

Em casa, a minha mãe parecia estar morta por dentro. Ela se recusava a comer, a fazer as tarefas que ela tanto amava, se recusava até mesmo de cuidar do meu irmão. Ela está aqui, mas sua mente está flutuando. Jude levou todo o brilho e a vontade de viver de Beth. E isso me aborrece. Não há nada que eu possa fazer para ajudá-la.

A brisa quente da Espanha entra em contato com o meu corpo e eu desperto da minha própria mente. Meus olhos vagam pelo parque, enquanto meus pés estão parados atrás de um senhor de idade. Estou esperando a minha vez para ir na roda gigante. Eu olho para a garota ao meu lado e sorrio contente. Já cansei de dizer o quanto ela é linda, mas sempre preciso ressaltar isso aqui. Acho que pela primeira vez em muito tempo, eu estou me apaixonando outra vez.

Eu enfio as mãos nos bolsos da minha blusa e continuo passando o olhar pelo parque. Está consideravelmente cheio. Por um segundo, eu penso ter visto o rosto da minha ex namorada, mas me convenço de que estou apenas delirando. Ela não sairia dos Estados Unidos, apenas para vir atrás de mim. Ainda mais depois de tudo o que aconteceu entre nós. Pisco com um pouco mais de força, mas ela ainda está ali. Ela sorri pra mim e caminha até nós. É então que eu percebo que não é um sonho. Nunca foi. Ela está aqui.

— Ares! Que surpresa! — Ela diz sorrindo. Audrey estende os braços e se joga em cima de mim, em um abraço desajeitado. Eu me solto dela e entrelaço a minha mão com a de Abby, ela nota o meu movimento. — É a sua namorada? — Ela pergunta em um tom de escárnio.

— Não. E mesmo se fosse, não lhe diz respeito. — Digo um pouco grosso. Ela não parece nem um pouco surpresa.

— Você ainda guarda mágoas, docinho? — Ela me pergunta com um sorriso presunçoso nos lábios. — Por favor, Ares! Mágoa só te traz coisa ruim!

— Você também. — Murmurei baixinho. Me virei pra ela outra vez. — Por que veio até aqui?

— Não está contente em me ver? — Ela morde o dedo em uma provocação falha. Eu respiro fundo, já demonstrando estar sem paciência. — E quanto a sua namoradinha nova, Hollow? Qual o nome dela?

— Abby. O nome dela é Abby. — Eu respondi com receio. Encaro Abby e ela nos observa atentamente.

— Então, agora ela é a sua namorada? — Ela perguntou em deboche e eu revirei os olhos. Audrey levou as mãos até o queixo de Abby e o levantou com cuidado. Ela revirou os olhos ao encarar uma cicatriz no pescoço dela.

Eu me pergunto como eu nunca vi isso antes. Não é algo pequeno. Vai de um lado ao outro. Talvez eu não tenha observado isso antes, mas de certa forma, eu me surpreendi com a cicatriz. Eu sabia que ela tinha sido esfaqueada, mas eu nunca tinha visto quão brutal tinha sido.

— A mudinha da Espanha, é claro! — Ela larga a Abby e eu assisto a mesma abaixar a cabeça. Estava envergonhada. — Nada mais Ares Hollow do que namorar uma muda, não é? Sinceramente, você me trocou pela mudinha? Que péssima escolha, babe!

— Audrey, ela merece respeito! Ela não é uma mudinha! — Digo com raiva. A Audrey cruzou os braços com uma cara de cansada das minhas desculpas. — Ela é um ser humano. E é muito mais interessante do que você!

— Você pegava todas as garotas gatas e gostosos de Boston, Hollow! O que aconteceu com você? A Abby conseguiu te colocar em uma coleira, foi? — Ela enfatizou o nome de Abby com um ar de deboche.

— Eu não vou discutir sobre isso com você. Não vale a pena. — Dou de ombros.

— Bom, agora você já sabe que eu estou na cidade... Se precisar, sabe como me encontrar. — Ela deu uma última olhada em mim e também na Abby, em seguida saiu rebolando. Reviro os olhos.

Eu me virei para encarar a Abby, mas ela não levantou o rosto pra mim. Eu a peguei pelo queixo com delicadeza e encarei seus olhos molhados pelas lágrimas. Era nítido que ela estava tentando reprimir o choro.

— Hey, babe... Tudo bem. Ela não sabe o que diz. — Eu a tranquilizei com um abraço apertado. Ela se desvencilhou de mim e me encarou ainda com os olhos marejados. Abby sorriu sem mostrar os dentes e se virou caminhando. Tentei correr atrás dela, e quando a alcancei peguei em seu braço, porém ela puxou rapidamente o braço e negou.

Abby caminhou até o carro e pediu para que eu desligasse o alarme do carro. Mas a ignorei como se não tivesse entendido o que ela queria. Eu colei nossos corpos pegando em sua bochecha.

Sua respiração estava elevada e seus olhos não saiam dos meus. Eu sorri, enquanto a via com aquela feição. Saber que ela queria e esperava aquilo era fácil. Eu apenas toquei em seus lábios com os meus dedos e ela sorriu. Olhei para seus lábios e novamente voltei para seus olhos. Ela assentiu. Então ali eu quebrei a pequena distância entre nós. Sua mão caminhou para a minha nuca e ali ela acariciou me fazendo arfar. Eu apertei sua cintura e a empurrei com delicadeza, a apertando contra o carro.

Seus lábios eram tão macios. Seu toque era tão delicado. Seus dedos acariciavam meus cabelos da nuca fazendo todo o meu corpo se arrepiar. Quando nós nos separamos, as bochechas dela estavam em brasas. Eu ri quando ela enfiou o rosto no meu pescoço.

— O que me diz? — Eu sorri a afastando um pouco. Ela ainda estava corada, e me olhou apontando seguidamente para o carro.

A lousa.

Destravei o alarme, e ela sorriu abrindo a porta e pegando a lousa. Ela novamente sorriu e escreveu logo em seguida a virando para mim.

Foi o meu primeiro beijo.

— Você gostou? — Eu perguntei um pouco nervoso e ela novamente corou. — Você cora facilmente né?!

Rimos. Ela escreveu mais alguma coisa.

Foi perfeito. E sim, eu coro muito facilmente!
Mas eu aposto que você gosta quando eu fico vermelhinha!

Dessa vez, foi eu quem corei. Nós dois rimos juntos.

— Não torne isso uma disputa! — Sorri a puxando mais para mim. — Sabe que eu ganharia.

Eu roubei um selinho de seus lábios e ali ela sorriu. Abby novamente colocou a cabeça no meu pescoço e então eu afaguei seus cabelos, sentindo o cheiro maravilhoso de amêndoas. Um dos meus favoritos!

Na verdade nunca foi. Mas aquele cheiro era tão gostoso nela. Ela é tão inocente, e eu tão podre! Ao mesmo tempo que sou podre, sinto que faço bem á ela.

Audrey estava certa quando disse que eu ficava com todas as meninas de Boston. Eu estava perdidinho. Foram épocas terríveis e eu não gosto de me lembrar delas.

Quando menos espero, três rapazes se aproximam do carro e começam a fazer barulho, atraindo a atenção de todos. Inclusive a minha e a da Abby.

— Hollow! — Eu reconhecia a voz. Podia reconhecer até mesmo sem olhar. — Cara, quanto tempo! — Chad se aproximou ao lado de Chaz e Chris.

— E aí, cara? — Fizemos um toque. — O que estão fazendo aqui na Espanha?

— Estamos visitando. — Chris respondeu simples. — Acho que não nos conhecemos ainda, princesa! — Chris estende a mão para Abby. Ela o entrega sua mão e ele leva até a boca dando um pequeno beijo.

Novamente suas bochechas estão vermelhinhas! Céus ela é tão fofa!

𝗥𝗘𝗔𝗗 𝗠𝗬 𝗟𝗜𝗣𝗦.  Onde histórias criam vida. Descubra agora