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Abby.

Como Ares disse que fari, ele resolveu a papelada da cirurgia bem rápido e quando eu me dei conta, já era o dia de arriscar a minha vida. Nós levantamos cedo. Eu estava um pouco ansiosa e extremamente assustada, eu tinha medo do que poderia acontecer. Eu sentia um misto de emoções agora. Queria fazer a cirurgia porque, uma parte de mim, acredita que eu possa mesmo dar certo. Mas a outra parte, está assustada demais para tentar.

Bom, agora eu tenho que tentar. Já está feito. Nós tomamos café e Ares me leva para o hospital, pouco tempo depois que nós acordamos.

Ele esperou comigo no quarto e tentou me distrair, enquanto o Doutor não havia chego. Nós dois falávamos sobre fatos aleatórios, comentávamos sobre programas de tv, sobre países, música e até mesmo sobre futuro. Sobre nós. Em momento algum, ele tocou no assunto da cirurgia e eu também preferi não dizer nada sobre. Mas no momento em que o Doutor entrou no quarto, eu soube que eu não estava tendo um pesadelo e que Ares não estava blefando. Iria mesmo acontecer.

Eu vesti as roupas que haviam me entregado e me sentei na cama outra vez. Ares se aproximou de mim e me abraçou com força. Ele não disse nada, mas eu senti que ele também estava nervoso e tenso. Assim como eu, ele sabia que as chances de dar certo eram altas, mas o risco de morte era maior. Caso funcionasse, eu seria uma grande sortuda.

— Vai dar tudo certo, baby! — Ele disse otimista. — Estou torcendo por você. — Ele beijou a minha testa e desceu para os meus lábios.

Mesmo que eu quissesse acreditar que estava tudo bem, eu sabia e sentia que algo estava para dar errado. Não é como se eu estivesse disposta, eu estava um pouco tonta e um pouco enjoada. Isso, certamente, é um sinal de que eu não deveria estar aqui.

— Até logo, pequena! — Ares disse e sorriu para mim uma última vez. Ele saiu do quarto e eu me deitei na cama, enquanto suspirava fundo.

— Senhorita Menendez, eu sou o Doutor Jones. Serei responsável pela sua operação. — Ele disse simpático. — Durante a cirurgia, é normal se sentir como se estivesse sendo afogada. Mesmo com a anestesia. A cirurgia é curta e eu tenho que te dizer que há sim riscos. Mas não se preocupe, pense apenas positivo.

Ares.

Saí do quarto e caminhei até a sala de espera. Ryan, Chaz, Chris, Chad e Beth estavam aqui. Eles caminharam até mim e me deram um abraço sussurrando sempre um boa sorte.

— Estamos torcendo por ela, cara! Vai dar tudo certo! — Ryan apertou o meu ombro.

Horas depois, minhas mãos se encontravam juntas, eu estava com a cabeça abaixada e meus olhos estavam fechados. Os meninos andavam de um lado para o outro e a minha mãe se encontrava na lanchonete do local. Eles revezavam entre comer e estar ao meu lado. Eu fui o único que permaneci lá, sem sequer me mover.

Eu estava aterrorizado, porque se a cirurgia fosse um fracasso, eu me culparia pelo resto da minha vida. Eu sei que fui impulsivo ao pagar pela cirurgia e eu posso até me arrepender, mas ela está ali por livre e espontânea vontade. Eu não a obriguei. Nunca faria isso. Eu a amo.

— Abby Menendez. — O Doutor Jones apareceu na sala. Todos nos juntamos ansiosos para ouvir as notícias. Ele sorriu largo para nós e disse: — A cirurgia foi bem sucedida! Tudo ocorreu como o esperado. É importante que saibam que pode dar errado em algum momento. A mesma chance que ela tem de voltar a se comunicar verbalmente, ela tem de ter uma recaída.

— O importante é que ela está bem! — Chad falou e deu uns tapinhas em meus ombros. — Vamos esperar o melhor!

— Ela já acordou? — Perguntei mais interessado na minha garota.

— Acredito que já. — Ele checou o relógio. — Vou liberar as visitas. Algum de vocês é da família dela?

— Eu sou o namorado. Eles são amigos dela. — Expliquei e ele assentiu.

— Tudo bem. Pode vir comigo por um instante, Senhor Hollow? — Ele disse, enquanto saía andando pelo corredor. Segui o mesmo. — Ela vai precisar de repouso por mais alguns dias e vou pedir pra enfermeira te passar os remédios que ela vai precisar tomar. São poucos.

Ao entrar no quarto, Abby se cobre com o cobertor até a garganta. Eu sorri pra ela e observei o Doutor Jones ajustar alguns equipamentos.

— Como se sentiu, Abby? — Ele perguntou e ela escreveu na lousa.

Senti como se estivesse me afogando, as anestesias não fizeram efeito. Mas de resto, estou bem.

— Que bom, isso é um bom sinal. — Jones falou e Abby levantou o canto de sua boca, dando um leve sorriso. — Vou deixar vocês a sós.

E então ele saiu do quarto.

Ver ela ali me trouxe muitas lembranças. Lembranças que eu faria de tudo para esquecer. Como as diversas cirurgias da Jude; a última cirurgia que eu presenciei; o dia da morte dela. E naquele momento eu percebi que eu não queria jamais perdê-lá. Eu não conseguiria lidar com a dor.

— Amor... — Ela sorriu devagar e deixou uma lágrima cair. — Eu estava tão perturbado. Talvez nunca me perdoaria se tivesse acontecido algo com você.

Mas eu estou bem, A!

Estar bem. Eu já não me sentia bem desde a descoberta de leucemia da Jude. E depois veio a Abby e agora a cirurgia. Estava tudo tão incerto. Meus pensamentos atualmente estão sempre em garotas. Ou Jude ou Abby.

Eu estava praticamente domado por Abby, estava a seu comando e ao seu dispor. Eu não sei ao certo o que é isso, mas parece que toda vez que a vejo, meu coração palpita.

Me lembro perfeitamente do dia em que Beth me mostrou que eu realmente estava apaixonado. Eu disse o que sentia quando chegava perto dela, disse que me sentia um adolescente prestes a perder a virgindade novamente. Então ela sorriu e disse que o amor nos fazia assim, que o amor nos fazia voltar a juventude. Era o melhor sentimento que eu já havia experimentado.

— Eu sei... — Me aproximei. — Tudo irá ficar bem.

Ela assentiu. Juntei nossas mãos e as levei até a boca, beijei seus dedos e logo descontei toda a minha preocupação em um abraço caloroso.

Podíamos chamar aquele momento de nosso. Por mais que segundos depois, os garotos tenham entrado, eu os agradeço. Eles fizeram a Abby rir de verdade. Principalmente Chaz, ele sempre com seu jeito atrapalhado de ser. Eu apenas assisti todo o show de comédia deles ao lado da minha mãe. Nós ríamos e as vezes jogávamos piadinhas para fazer a minha garota rir.

Por segundos, eu acreditei que Abby pudesse falar. Naquele segundo, ela forçou realmente sua voz e um gemido rouco saiu de seus lábios. Bom, acho que isso aconteceu. Todos estávamos animados demais para ter a plena certeza de que isso aconteceu mesmo, mas eu prefiro acreditar que sim. Por ora, Abby está bem. Todos estamos.

Algo me diz que isso não irá durar por muito tempo...

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["Ah e eu quero chamar atenção em uma coisa. Gente, nós somos quase 300 visualizações. Essa foi a primeira história que atingiu essa meta tão rápido. Obrigada por isso!"

Como vcs sabem, eu estou reescrevendo RML e esse trecho ai de cima me chamou bastante atenção. Cara, eu jamais ia imaginar que nós seríamos 45k pessoas! Jamais! Só tenho a agradecer pela repercussão positiva de RML. Obrigada!]

𝗥𝗘𝗔𝗗 𝗠𝗬 𝗟𝗜𝗣𝗦.  Onde histórias criam vida. Descubra agora