xviii.

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O choro é livre para todas as idades😘madu.

Ares.

Meu coração está totalmente despedaçado. Eu sinto como se eu estivesse parado aqui e em pé, enquanto eu sinto todo o meu sangue pingar pouco á pouco. Meu coração foi arrancado do meu próprio peito, enquanto eu me dedico á algo sem sentido.

Não há mais motivos pra continuar insistindo e eu sei que acabou. Eu sei que essa talvez seja a última vez que eu olhe para o rosto dela. Eu me odeio cada vez mais por isso. Eu errei tanto com ela, insisti em opções que iriam, claramente, acabar com a vida dela e agora eu estou me lamentando. Como um hipócrita.

Minha mãe sempre esteve certa. Eu não sei o que é ser responsável nessa vida. Ou pelo menos, eu não sabia. Agora eu sei, porque eu sou o único responsável pela morte dela. Sou o único a quem ela pode culpar e eu assumo toda a culpa. Não vou fingir e apontar o dedo para outra pessoa. Não hoje. Não nessa situação. Eu não sabia o real significado da palavra felicidade até vê-la com um sorriso no rosto. Nós dois tínhamos em mente que aquele nosso conto de fadas iria durar para sempre. Mas, nossas vidas eram como um filme dramático. E em filmes dramáticos, sempre há um final ruim.

— Eu amo você. — Digo com a voz embargada, enquanto ela sorria com um olhar cansado. — Eu nunca vou te esquecer, babe... Nunca.

Abby puxou a minha mão com delicadeza. Ela levou meus dedos para os seus lábios e depositou um beijo ali. Ela praticava tudo com certa demora, o que me lembrou da primeira vez em que nos conhecemos. Ela parecia tão pequena e tão frágil. Eu tive medo de tocá-la, porque ela parecia uma boneca de porcelana. Eu fui tão estúpido no nosso primeiro encontro. Eu enchi o meu peito de ego e achei que ela estivesse me paquerando. Talvez até tivesse, mas foi prepotente da minha parte.

— Vou me lembrar de como você me fez feliz, babe. Eu estraguei tudo... Me perdoa, por favor! — Eu praticamente implorei, enquanto ela deixava algumas lágrimas rolarem por seu rosto. — Não vai, Abby. Por favor. Fica comigo. — Ela me encarou com cansaço. Parecia um mix de dor e cansaço, não sei bem como explicar.

Nesses meses em que nós ficamos juntos, eu experimentei coisas novas na minha vida. Coisas que eu levarei para sempre. Ela sempre me dizia que eu fui o primeiro em muitas coisas para ela, mas ela também foi para mim. Acho que nós dois estávamos aprendendo o que era amor juntos. Isso tornou tudo mais especial. Ela tornou tudo especial. Nós passamos por tudo juntos. Enfrentamos o preconceito das pessoas, enfrentamos assédio, enfrentamos as dificuldades e engolimos as diferenças. Tudo isso juntos. E agora me dói pensar que não vai ser mais Ares e Abby. Agora vai ser só Ares.

Podem chamar ela de covarde ou de fraca por estar desistindo assim tão rápido, mas eu sei o quanto ela lutou para estar até o seu último segundo ao meu lado. O quanto eu lutei para conseguir fazer ela ficar bem. Mas agora, seus olhos estão quase fechados e sua respiração é tão fraca quanto o meu coração. Definitivamente, Abby se tornou o meu ponto fraco. A ferida aberta no meu peito.

E quando ela forçou para retirar o aparelho respiratório, eu entendi seu pedido. Eu chorei e neguei mais vezes.

— Você sabe que eu não posso dizer... — Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha. Uma que eu fiz questão de limpar. Meus dedos percorreram por toda a sua pele do rosto, enquanto eu me esforçava para memorizar cada pequeno detalhe dela. — Eu não consigo... Droga, eu te amo! Você é meu tudo, Abby! — Eu aperto sua mão com força, enquanto me desfaço em lágrimas. — É egoísta, mas eu não consigo... Não me peça por algo assim, babe.

Por favor, A... Eu quero ir. Ela disse baixinho e com dificuldade. Sua voz estava rouca, pelo mau uso, e transmitia dor. Muita dor.

— Eu vou ficar bem... — Disse em meio aos soluços. — Você pode ir em paz, eu prometo que vou ficar bem. — Eu tentei ser forte, mas meus olhos me denunciaram quando espelharam suas lágrimas.

Eu a encarei por mais alguns minutos e quando percebi que ela ficaria bem, retirei os sapatos e me deitei ao seu lado. Abracei sua cintura e coloquei minha cabeça na dobra do seu pescoço e inspirei o que parecia ser a minha loção de amêndoas favorita. Eu chorei baixinho, até que o sono chegasse. Eu a amo do jeito que ela é. Só eu sei o quanto ela tentou me fazer feliz e eu quero que ela saiba que o esforço valeu a pena. Eu fui o cara mais feliz desse mundo, enquanto estive ao lado dela.


— Ares. — Olivia me sacudiu delicamente, enquanto chamava pelo meu nome. Eu me levantei um pouco sonolento e a encarei com curiosidade. Ela abaixou a cabeça e entendi onde ela queria chegar. — Sinto muito.

— Não... — Eu procurei pelo barulho da máquina, mas nada apitava mais ali. Eu só conseguia escutar o mais completo silêncio. E então, como um disparo de uma arma de fogo, eu me dei conta de que havia perdido ela pra sempre. Foi lento, torturante e doloroso. — Não é verdade... Olivia, por favor me diz que é engano! Não, não, não!

Eu me virei para ela e vi seus olhos fechados. Seu peito já não se movimentava mais, como costumava ser antes. Eu puxei seu corpo para mim e a abracei com força. Soltei o grito mais alto e doloroso que eu pude dar, porque era a minha forma de demonstrar que eu estava sofrendo. Tudo parecia passar em câmera lenta, mas a minha dor aumentava com rapidez. Eu havia prometido que ficaria bem, mas todos sabiam que era a mais pura mentira. Eu jamais iria me recuperar.

— NÃO! ABBY, POR FAVOR! — Eu balancei nossos corpos para frente e para trás, enquanto esperava que ela me devolvesse o abraço apertado. — Babe, por favor... Acorda, meu amor! Você ainda está aqui, eu sei que está... Eu te amo, Abby. Eu juro que nunca quis que algo assim acontecesse. Foi tudo minha culpa, me perdoa! Me perdoa, por favor! — Não haviam médicos tentando fazer com que ela acordasse, não haviam remédios que pudessem trazê-la de volta á vida. — Eu vou sempre te amar, Abby... Você tinha que ter esperado...

— Hora do óbito, duas e vinte e sete. — Olivia diz encarando o seu relógio de pulso. Ela me encara e tenta me lançar um sorriso de lado. Eu vejo tristeza, mas ao mesmo tempo eu vejo otimismo. — Levem o Senhor Hollow para se acalmar.

— Vamos, querido. — Alguém segura no meu braço, enquanto me ajuda a descer da maca. Meus pés se movem para longe dela, mas eu ainda não consigo processar a notícia. Ela não está mais comigo.

Todo o meu corpo dói. Cada miserável célula daquele corpo dói. Eu não me importo em saber para onde estou indo, não me importo de parecer um louco. Não me importo com mais nada, porque o que foi que eu ganhei me importando? Eu me importava com a Jude, eu a perdi. Me importava com a Abby e eu também a perdi. Eu sabia que minha vida mudaria para sempre, mas hoje eu só queria tê-la ao meu lado. Eu só queria poder deixá-la em casa novamente. Deixá-la bem.

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Meu Deus, toda vez que eu for escrever/ler esse capítulo, eu vou chorar. Bom, como vocês estão depois desse capítulo? Eu estou super mal, não vou mentir. Podia até dar a desculpa do verão, mas nós ainda estamos em Outubro e aqui na minha cidade está frio kkk.
Não vou me despedir aqui, porque ainda tem os dois capítulos bônus de RML (yaaay). Portanto, nos vemos no próximo capítulo :)

𝗥𝗘𝗔𝗗 𝗠𝗬 𝗟𝗜𝗣𝗦.  Onde histórias criam vida. Descubra agora