vii.

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Abby.

Eu acordei primeiro que Ares, mas não quis incomodar ele. Deixei com que ele dormisse, porque sei que ele teve um dia difícil ontem. Por mais que tenhamos saído e nos divertido juntos, eu sei que ele estava bem atordoado com os últimos acontecimentos.

Após alguns minutos deitada, observando ele dormir, eu senti a necessidade de colocar alguma comida pra dentro do meu corpo. Por isso, me levantei com cuidado para não acordá-lo, calcei os chinelos enormes de Ares e desci as escadas sem fazer muito barulho.

Passei os olhos mais detalhadamente pela casa e almejei ter aquilo outra vez. Eu queria ter uma casa, com os meus pais de volta, uma parede de quadros com fotos da família e talvez até uma lareira. Observei um rádio e uma pilha de cd's antigos. Eu nem me lembro quando foi a última vez que eu peguei em um cd.

Eu não sabia do amor de Ares por Simple Plan e, como o esperado, o único álbum de estúdio da banda, estava em primeiro na pilha de cd's. Eu peguei o mesmo com cuidado e coloquei pra tocar, logo ajustando o volume. Pulei para a minha faixa favorita e fechei os olhos para me concentrar na melodia.

— É a favorita dele. — Beth apareceu na ponta da escada com seu belo roupão de seda azul.

Agora eu compreendo o porquê Jude e Ares eram tão bonitos. Acho que é de família mesmo, porque Beth é a mulher mais bonita que eu já vi.

— Uma vez, quando Ares tinha treze anos, ele me fez faltar no trabalho pra levá-lo em um festival de rock. — Ela sorriu como se lembrasse de como as coisas eram. Ri fraco.

Peguei um papel no canto da pilha de CDs e uma caneta. Escrevi algo rapidamente e dei para Beth ler.

Não sabia que ele gostava tanto de rock assim.

— Ele era louco pelo Simple Plan e também pelo Ne-Yo. Sempre que tinha algum show, ele me implorava para ir e eu sempre acabava cedendo.

Isso me fez lembrar da minha mãe. Eu não tive a oportunidade de levar muitos garotos pra conhecer os meus pais, mas sempre que eu fazia isso, minha mãe falava sobre como eu era fofinha quando bebê. E no final, essa pessoa saía da minha casa e nunca mais voltava. Sinto falta dela. Mesmo com todas as nossas brigas, ela ainda era a minha mãe. A minha família.

— Abby, posso te fazer uma pergunta? — Beth me encara um pouco envergonhada e eu assinto. — O que você tem com o Ares?

Nós não temos nada, eu acho. Por quê? Ele te disse algo?

— Não, não se preocupe, querida. Eu perguntei porque não via um brilho no meu filho há muito tempo. — Ela sorriu para me tranquilizar. — Se ele vacilar, eu vou ser a primeira a puxar a orelha dele, mas tenta escutar ele também. Ele tem um passado perturbador com o amor.

Por uns instantes eu estremeci. O que ela dizia com o passado perturbado de Ares? Bom, não consegui continuar a pensar naquilo, porque meus olhos e minha mente foram puxados quando ele desceu as escadas apenas de bermuda. As prolongações de suas tatuagens eram maiores do que eu pensava. Mas a minha favorita ainda é a cruz em seu peito. Eu não havia reparado nela até ontem.

Ele sorriu e caminhou até mim, me abraçou por trás, sem antes depositar um beijo no rosto de Beth. Seus lábios traçaram uma linha de beijos no meu pescoço me fazendo rir em silêncio. Beth se retirou para preparar o café da manhã.

— Vem, quero falar com você. — Ele me puxou pela mão e nós subimos as escadas.

Nos sentamos na cama, um de frente para o outro, e ele pegou as minhas mãos. Eu apertei seus dedos de leve e ele depositou um beijo nos meus dedos.

𝗥𝗘𝗔𝗗 𝗠𝗬 𝗟𝗜𝗣𝗦.  Onde histórias criam vida. Descubra agora