CAPÍTULO 32- TENTAÇÕES!

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─Não._repetiu César com frieza.

Santiago suspirou do outro lado do telefone.

─César, dá um tempo. Minhas coisas estão todas aí e eu não voltei para o Brasil pra ficar morando num quarto de hotel. E a gente quer ver Miguel._desabafou.

Já haviam se passado quase duas semanas em que ele respeitou o silêncio de Miguel e proibiu os três de aparecerem na área.

─Isso se chama indenização por vinte anos que vocês três me enganaram. E avise aqueles dois que Miguel não quer ver a cara de nenhum de vocês três.

─E você deve estar adorando ter o Miguel inteirinho só pra você, não é, seu safado?_atiçou o outro.─Lua de mel atrasada?

─Só se for lua de merda, isso sim! Acredita que ele não sai daquele quarto nem pra dormir? Já aconselhei  que ele dormisse em um dos quartos, mas ele recusou. Prefere ficar junto aos livros e mais afastado ainda de mim. Puxo conversa e ele responde com monossílabos e não segue assunto nenhum. Está querendo ficar sozinho mesmo. Só não sei até quando vou suportar essa situação._desabafou.

─Entregou a ele a caixa com os remédios e pregou a lista dos horários em um local onde ele possa consultar?

Ele assentiu, mas, realmente, não tinha como saber se ele estava se medicando corretamente.

─Entrou em contato com o médico americano?

─Ele prometeu vir te encontrar na terça-feira.

─Verificou as referências dele?

─Você já me perguntou isso mil vezes e eu respondo novamente que sim, não se preocupe. O cara é fera.

─É bom que seja mesmo. Não sei até quando vou suportar essa situação, Santiago. Não tolero mais uma noite ouvi-lo chorando, altas horas da noite e repetindo baixinho o nome daquela mulher. Sonho com o dia em que poderei contar a ele quem era ela, na verdade.

─Não quero frustrar as suas esperanças, mas já imaginou o médico dizer que não tem volta e que você terá que reconquistá-lo do zero e ainda aceitar que ele passe o resto da vida idolatrando a esposa? Porque nem do seu famoso perfume ele se lembrou._vingou-se Santiago.

Deveriam minar as esperanças de César, o todo poderoso, de vez em quando, só pra ele não se julgar imbatível, pensou.

─Não sabemos se ele realmente não se lembrou, porque ele estava emocionalmente abalado por causa daquela mulher. De repente, pode até ter se lembrado, mas não dá pra admitir que gostou do perfume de um veado assim de cara, não acha? Espere só até o médico me dar o sinal verde que eu vou atacá-lo e mostrar que o corpo tem memória, ah, se tem. Duvido que em dois tempos eu não trago ele de volta pra mim, vocês vão ver.

Estando do outro lado do telefone, César não pode ver o amigo revirar os olhos imaginando como ele poderia ser tão autoconfiante. Realmente, não se lembrava de um único homem que César tivesse escolhido e que não tivesse conseguido conquistar sem grandes esforços.

─Mudando de assunto...acho que foi o seu amigo drogado que eu vi outro dia rodando lá pelo centro da cidade. Não deu o meu recado pra ele?_questionou César sem disfarçar o descontentamento.

─Claro que dei, mas acho que ele usou a metade da grana pra pagar dívidas antigas e já deve ter cheirado o restante. Felizmente, Miguel está fora das vistas dele, ou ele poderia nos causar problemas.

─Uma merda daquela não presta nem pra morrer de overdose!

─É um pobre diabo que já detonou o cérebro de tanta droga barata, César. Acredito que, depois dessa última remessa financiada por você, é provável que nem se lembre mais do próprio nome, ainda mais se lembrar que Miguel existe.

─Espero que sim._César tentou não pensar mais no assunto.

Naquela noite, o empresário teve que admitir que ter o marido em casa tinha sim suas vantagens.

Já era a terceira vez que César conseguia se esgueirar sorrateiramente para observar Miguel tomando banho.

"Santa Claustrofobia", comemorou.

Que bom que ele, mesmo sem fechar a porta, acreditava que o patrão era um gay comportado e que não viria observá-lo.

Seu corpo, nesses momentos, quase entrava em combustão admirando como o corpo, agora de um homem maduro, era bem diferente daquele que ele vira no passado. Estranho como, junto com o passar dos anos, seu gosto também mudara. Realmente, agora ele estava muito mais atraente!

Na verdade, imerso no sofrimento da suposta morte de seu marido, ele não se dera conta de que a imagem que  tinha na memória não poderia se encaixar na imagem que Miguel teria hoje.

Felizmente, as mudanças o agradaram imensamente e também agora ele  não era mais um rapaz jovem...assim como Miguel.

Miguel estava deixando a barba crescer e tinha uma aparência mais máscula ainda.

Olhando ele assim, debaixo do chuveiro, inocente da invasão da privacidade dele, César podia admirar cada gesto, as mãos enormes deslizando pelo corpo, somado ao cheiro quente do sabonete, o vapor dentro do box...ele achava que iria enlouquecer a qualquer momento e avançar aqueles poucos metros que os separavam e exigir que ele assumisse de uma vez por todas a  sua posição de marido.

Segundo os The Césares, Miguel adquirira, seguindo orientação do fisioterapeuta, num passado não muito distante, alguns aparelhos usados de uma academia e se exercitava diariamente.

César soubera que ele, desgostoso da vida, logo vendera a casa onde moravam e dividira o dinheiro com os dois filhos. Não reservara nada para si mesmo.

Parecendo sentir falta da antiga dona, o seu cão, que já completara doze anos, falecera dois dias depois do enterro. Isso só serviu para aumentar a repulsa de Miguel em voltar para a antiga moradia.

César já o surpreendera algumas vezes entrando sorrateiro pelos fundos da casa, usando um calção preto gasto e uma camiseta surrada, coberto de suor. Deduziu que, como não tinha mais os tais aparelhos, agora se exercitava fazendo caminhadas pelas redondezas. 

Sentir o cheiro do corpo suado era mais uma tortura para o empresário que tentava disfarçar a excitação quase incontrolável.

MEU CORPO NÃO TE ESQUECE!-Armando Scoth LeeOnde histórias criam vida. Descubra agora