CAPÍTULO 19-MIGUEL ENTRA EM PÂNICO

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Miguel forçou os braços, tentando se soltar, novamente.

_Respeite a esposa dos outros, idiota! Verônica não é mulher de se lançar a casos não, ouviu bem?! Com certeza, devido às nossas constantes dificuldades financeiras, ela deve ter, inocentemente, acreditado em suas promessas de pagar bem pelos meus serviços.

De repente, puderam perceber que Miguel estava tremendo e com dificuldades para se controlar...não estava em seu juízo perfeito para agir tão precipitadamente ao intuir aquilo tudo.

_Ei, ei, ei..._disse Santiago indicando a mão direita de Miguel para Flávio, que logo entendeu o que estava acontecendo._Respire calmamente, você não está bem...não está legal... tem que se controlar...

Flávio fez sinal para que César não se aproximasse. Os dois conseguiram distrair Miguel, que agora olhava assustado para as próprias mãos que realmente pareciam ter perdido totalmente a coordenação.

"Meu Deus..._pensou em pânico_...será que  estou voltando a ter as crises?"

_Olhe aí, Flávio...olha isso, cara...estão tremendo...como antes...olha isso aqui, cara!_Miguel olhou para as próprias mãos em pânico.

_Calma, calma, calma..._Flávio tentou empregar uma calma que não sentia ao tentar fazer Miguel relaxar._Tomou o remédio hoje de manhã?

_Não...não tomei...é por isso que estão tremendo, não é, gente? Não tomei...não sabia qual era...nunca sei...é a Verônica quem controla tudo pra mim...me dá todos na mão...todos os dias...vocês sabem disso...e hoje, ela não estava lá em casa...

_Calma, escute...escute...olhe pra mim.

Flávio segurou o rosto dele, como se falasse com uma criança. 

_A lista com os nomes e os horários...aquela lista azul na porta da geladeira, lembra-se? Está tudo lá...nomes e horários...tudo direitinho...lembra-se? A gente vai lá na sua casa agora...vamos consultar a lista...tudo vai ficar bem...não se preocupe.

Miguel assentiu obediente. Parecia ter se esquecido instantaneamente do que estava fazendo segundos atrás, da desconfiança que tinha.

Precisava se acalmar...afastar o fantasma das convulsões...Verônica precisaria dele sóbrio, controlado, estável.

_Vamos em casa...vamos ver se adianta eu  tomar agora.

_Miguel entrou no carro de Santiago, após Flávio abrir a porta pra ele, enquanto Santiago já tomava o volante do outro lado.

Ficou de cabeça baixa, olhos fechados...tentando controlar a respiração...como o médico mandara...pra evitar as convulsões.

César se desvencilhou das mãos de Flávio que tentaram detê-lo e chegou ao lado de Miguel, a uma distância segura.

_Miguel...eu juro...te dou a minha palavra que não tenho interesse nenhum em sua esposa...nunca tive, acredite em mim...eu juro, te dou a minha palavra.

_E o que te faz pensar que eu vou acreditar em suas palavras?Nem te conheço, cara.

_Ele está falando a verdade, Miguel. Pra nós, esse dinheiro realmente é muito, mas para ele...que é muito rico...isso não é nada._sussurrou Santiago para Miguel, já ligando o carro.

Sem perceberem, César deu a volta decidido, e alcançou a janela de Santiago. De jeito nenhum ele iria permitir que Miguel fosse embora, ainda com aquele mal entendido. Bastava de maus entendidos.

_Se ainda precisa de uma prova, Miguel...eu lhe darei uma prova agora mesmo, aqui.

César agarrou o rosto de Santiago e desferiu um beijo violento em seus lábios assustados, quase o deixando sem fôlego.

Miguel olhou a cena sem reação.

_Não, rapaz, eu não dei em cima da sua esposa, porque não me sinto atraído por ela e por nenhuma outra mulher, acredite. Sou um gay...gosto de homens...e posso pagar a porra daquele quarto pra ela porque quero agradar os meus amigos sim e olhe aqui....com o serviço porco que a saúde no Brasil oferece pra vocês, você deveria é estar agradecido e não querendo quebrar a minha cara...agora saiam logo daqui, antes que seu estado piore.

César bateu na lateral do carro, dando o sinal para que Santiago recuperasse a atenção, desnorteado ele ficara com aquela reação repentina de César, e saísse levando Miguel pra casa.

Ainda olhando os dois deixarem o estacionamento do hospital, Flávio tocou o ombro de César.

_É, meu velho...se quer mesmo que ele fique de quatro pra você, terá um longo caminho pela frente.

"De quatro?"_pensou César. "Nem pensar!" 

César agradeceu por Flávio sair na frente e não perceber que o músculo que se contraía diante da visão que tivera com o ataque de Miguel era outro bem diferente daquele que Flávio e Santiago poderiam estar imaginando.

MEU CORPO NÃO TE ESQUECE!-Armando Scoth LeeOnde histórias criam vida. Descubra agora