CAPÍTULO 7-MIGUEL, FINALMENTE!

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César ouviu um cachorro latir no fundo da casa.

Verônica pode perceber o ódio no olhar dele ao entender que ela poderia ter antecipado aquele encontro, ao invés de atrasá-lo enquanto Miguel estava logo ali, tão perto dele.

Verônica se aproximou da janela mais próxima, enfiou a cabeça e chamou novamente.

_Miguel!

_Já vou, amor!_uma voz abafada gritou dos fundos da casa.

O coração de César disparou e ele ficou estático olhando a porta que dava para os fundos da casa, como se um portal mágico para outra dimensão fosse se abrir ali a qualquer instante.

 O cérebro parecia que iria explodir ( cenas dele e de Miguel juntos se misturavam às fotos do álbum que ele acabara de ver). 

Agora a dor se moldara em uma grande marreta que parecia esmagar o seu crânio e ele tentou visualizar o homem da última foto materializar-se ali...a menos de 10 metros dele... numa porta, para onde ela se virara e que parecia levar para os fundos da casa simples.

Ilogicamente, ele teve vontade de se virar e sair correndo pela porta por onde entrara. Pensou em fugir daquele encontro há tanto esperado...e talvez já não tão esperado...ele não conseguia organizar as ideias. 

E se tudo o que ela dissera fosse realmente verdade? Filhos, casamento, doenças, perda de memória. Que loucura!!!

O som do cachorro latindo alegremente e de passos cada vez mais próximos fizeram com que o pulso de César se acelerasse cada vez mais.

Ele tentou manter os olhos desembaçados piscando várias vezes e sabia que a rigidez de seu pescoço e de todo o seu corpo poderia ter lhe provocado um colapso irremediável na medula.

Seria como ver um fantasma em plena luz do dia...ou melhor, seria como ter uma cena totalmente surreal ali, na frente dele nos próximos  segundos.

Uma ideia passou como um raio em sua mente: será que se fechasse os olhos, relaxasse e soltasse o corpo, aconteceria como em tantas e tantas vezes naqueles últimos vinte anos? Iria novamente sentir o seu corpo pousar sobre os lençóis de sua cama, até abrir os olhos e visualizar repetidas vezes o lugar vazio ao seu lado, num quarto luxuoso em um hotel num bairro nobre numa cidade dos Estados Unidos?

Ainda ouviu uma torneira se abrir em algum lugar, um homem conversando com seu cão, animadamente, mas ele não conseguiu se focar no que ele dizia. Para César, eram sílabas desconexas, confusas, uma língua ininteligível...dentro de uma situação mais impossível ainda.

Longos segundos se passaram, segundos em que os passos arrastados do homem e do seu cão pareciam fazer coro com o ribombar do seu coração em seu peito, ouvidos, cabeça.

Tinha certeza de que deveria ter a camisa balançando onde o órgão vital se abrigava descompassado.

Um homem entrou na sala  secando o rosto com uma toalha verde e, finalmente, a abaixou e encarou César bem de frente...direto nos olhos, com um sorriso sincero nos lábios, mais lindo do que nas fotos, cabelos negros e espessos caindo molhados sobre o rosto recém-lavado, a pele queimada do sol brasileiro.

Para César, foi como se um buraco negro envolvesse o espaço a sua volta completamente e o tragasse  violentamente escurecendo tudo de uma maneira assustadora e ele não viu mais nada.

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MEU CORPO NÃO TE ESQUECE!-Armando Scoth LeeOnde histórias criam vida. Descubra agora