A LENDA DA BORBOLETA BRANCA

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Borboletas são símbolos da alma, alegria, fragilidade, longevidade e renascimento. Delicada beleza que inspiraram ao longo do tempo as mais belas histórias. Segundo essas antigas crenças, a borboleta pode representar tanto o bom, quanto o mau agouro. São consideradas arautos da vida e da morte. Através do rico folclore originário da China, na vasta cultura nipônica as frágeis criaturas ganharam diferentes significados figurando com grande destaque, até mesmo na própria história do Japão.Contam que no Período Heian, durante a revolta de Kyoto, uma grande nuvem de borboletas surgiu enchendo de pavor os cidadãos. O episódio teria ocorrido pouco antes do samurai Taira no Masakado, considerado herói por desafiar o governo da época, atacar a cidade. Muitos acreditam terem sido um prenúncio do que viria acontecer, representando os espíritos prestes a desencarnar. Pois, de acordo com a lenda, as borboletas são as almas dos mortos que aparecem sob essa forma para indicar o momento em que deixarão seus corpos.Associada a gentileza e graciosidade, também representam a figura feminina da gueixa na "Terra do Sol Nascente". Nesse aspecto positivo, sua imagem ainda, reflete a felicidade matrimonial, simbolizada por duas borboletas (masculino e feminino). Inspirado nessas crenças, esse pequeno e poético conto japonês, descreve um singelo amor que ultrapassa as barreiras da morte e conduz seus amantes a um companheirismo além-vida...

A BORBOLETA BRANCA O CONTO .

Numa aldeia antiga do Japão, em uma pequena casa atrás do cemitério do templo de Sozanji, vivia um velho senhor chamado Takahama. Takahama era extremamente amável e geralmente apreciado por seus vizinhos, embora a maioria deles considerava-o um pouco louco. Sua loucura, ao que parece, repousava inteiramente sobre o fato de que ele nunca havia se casado ou evidenciou desejo de companheirismo íntimo com as mulheres.Um dia de verão, ele ficou muito doente, de fato, tão doente, que foram chamados sua irmã e sobrinho. Ambos vieram e fizeram todo o possível para trazer conforto durante suas últimas horas.Enquanto observavam, Takahama adormeceu; mas ele não tinha feito isso antes de uma grande borboleta branca voar para dentro do quarto e repousar delicadamente sobre seu travesseiro. O jovem tentou afastá-la com um abanador; mas ela voltou três vezes, como se relutante em deixar o sofredor.Na última, o sobrinho de Takahama a perseguiu até o jardim através do portão, e no cemitério além, onde ele a avistou voando em círculos sobre um túmulo aparentemente de uma mulher, e depois desapareceu misteriosamente.Ao examinar a lápide, o jovem encontrou o nome "Akiko" inscrito, juntamente com uma descrição narrando a morte da jovem quando tinha apenas dezoito anos.Embora o túmulo estivesse coberto de musgo, sugerindo ter sido erguido a mais de de 50 anos, o garoto viu que estava cercado por flores, e que o pequeno tanque de água tinha sido recentemente preenchido.Quando o jovem voltou para a casa, descobriu que seu tio, o velho Takahama, havia falecido, ele voltou-se para sua mãe e contou-lhe o que tinha visto no cemitério."Akiko?", murmurou a mãe: "Quando o seu tio era jovem, ele estava noivo da bela Akiko. Ela morreu pouco antes do dia do seu casamento. Quando sua amada deixou este mundo, seu tio resolveu nunca se casar, e viver dedicado as suas memórias, sempre perto de seu túmulo. Por todos esses anos, ele manteve-se fiel o seu voto, e manteve em seu coração todas as lembranças doces de seu primeiro e único amor".Todo dia Takahama seguia para o cemitério, tanto se o ar estava perfumado com a brisa do verão, quanto com a grossa espessura da congelante neve invernal. Todo dia ele foi para seu túmulo e orou por sua felicidade, varreu e limpou, cuidando para que tivesse sempre cercado de flores. Quando estava velho e morrendo, prestes a partir para a "Terra da Primavera Amarela", ele não pode mais realizar sua dedicada tarefa. Então, Takahama docemente murmurou:"Onde as flores dormem,Graças a Deus eu dormirei esta noite.Borboleta, venha me buscar!"E Akiko veio até ele... Essa borboleta branca, tão alva e serena, era sua alma doce e amorosa em busca de seu eterno prometido.

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