Depois que Thalia correu de mim arrasada eu não tive forças para segui-la, me sentia fraco e impotente perante a tudo que acontecera. Eu não aguentava mais fingir que não a queria, eu sei que ela sentiu prazer, que no momento quis tanto quando eu aquilo mas eu a entendia. Eu me sentia um canalha por não falar a verdade a ela. Eu não a conhecia, não sabia nada sobre ela mas mesmo assim, ela me dava forças só de estar por perto. O que ela ia achar de mim se eu contasse sobre mim? As coisas que eu fiz no passado, erros que não atingiram só à mim...
Eu me sentia pior que um lixo, ver o seu rosto assustado, envergonhado, perdido foi como um punhal acertando o meu peito. Sem pensar em mais nada peguei as chaves do carro e me dirigi até o saguão, eu não suportaria se algo acontecesse com ela por minha culpa. A recepcionista não se atreveu a dizer nada mas eu não estava preocupado se ela tivesse ouvido nossa discussão pois minha sala era a prova de som, mas sim porque ela testemunhou Thalia correr e chorar fazendo-a ter uma impressão errada do que aconteceu. O elevador também não queria colaborar descendo tão lento. Algumas pessoas entraram no elevador me cumprimentando educadamente, eu já tinha colocado a minha máscara de indiferença embora estivesse despedaçado por dentro. No térreo desci as escadas apressados esperando vê-la no ponto de ônibus quase em frente a Fontes mas ela não estava lá.
-PORRA!
Gritei furioso e as pessoas ao meu redor se assustaram com minha reação, praticamente corri até o meu carro e assim que entrei senti um baque me tomar. Ela estava ali, na porta da Fontes mais precisamente na calçada esperando o fluxo de carros acalmar para poder atravessar. Foi como receber um soco, a culpa me engolfou por vê-la daquele jeito, tão sem vida, arrasada, a postura que era sempre perfeita e imponente estava caída, derrotada. Ela atravessou a rua calmamente e essa foi minha deixa para começar a dirigir.
Não demorou muito para que o ônibus chegasse e ela entrar nele, sem pestanejar segui o maldito ônibus. Todo o trajeto foi torturante pois ver seu perfil tão sem vida me fazia ficar pior, Thalia não se dava conta em nada ao redor dela, apenas caminhava calada, sem derramar nenhuma lágrima. Quando ela desceu do ponto e se pôs a andar eu peguei outra rua e na esquina dela estacionei o carro que estava na penumbra mas em frente a vila de casas onde ela morava, logo vi sua silhueta cheia de curvas chegar perto do portão da vila.
Tive que agarrar o volante com força para controlar a minha vontade de sair do carro e falar com ela. Saí do carro e caminhei decidido até o portão que outrora devia ser verde mas estava com sua pintura descascada e enferrujada, os homens pararam de falar apenas para me encarar, eu os ignorei e entrei no corredor escuro. Vi logo o número da sua casa e espalmei minhas mãos na porta me controlando para não bater.
Eu podia ouvir o som do chuveiro mas nada além disso, um silêncio aterrorizante como se estivesse refletindo a sua dor e eu não suportaria se ela gritasse comigo, me desencostei da porta e voltei pelo corredor estreito derrotado retornando pro meu carro, retornando pro meu maldito apartamento que sempre tinha aquele clima frio e hostil.
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Perdoar (LIVRO 1)
Romance(+18) Contém linguagem imprópria e cenas de sexo. Thalia é uma mulher espetacular. De família humilde mas muito amorosa, nasceu na pacata ilha de Gamboa no litoral Baiano e desde cedo ela sabia que queria ser uma mulher de sucesso. Uma jovem cheia d...