O telefone ainda estava chamando mas eu já suava frio, já temia pelo que Humberto me diria naquela ligação. Ainda não havia saído da casa da minha irmã. Estava decidido em ir atrás do amor da minha vida. Thalia merecia uma explicação. Mesmo que nunca mais fiquemos juntos, eu precisava dizer a ela que fiz o que fiz para meu pai não machuca-la.
-Alô. –A voz de Humberto disse firme do outro lado da linha. Meu peito gelou antes de eu dizer qualquer palavra.
-Sou eu Humberto, Miguel. Não desliga por favor!
-O que quer seu canalha? Como ousa ligar depois de tudo que fez a minha filha passar. Eu devia matar você.
-Pode me xingar do que quiser Humberto, nada que me disser vai doer mais do que o que eu tenho passado nesses últimos dois dias. Tudo que fiz foi por amor a ela, meu pai ameaçou matá-la aquela noite, eu quero explicar a ela, não consigo dormir nem comer direito, só pensando em encontra-la contar toda a verdade que não tive coragem de falar. Eu sei que não tenho direito de pedir nada mas você foi a última pessoa a vê-la e saiu com ela, eu preciso pedir perdão. Eu a amo, não posso deixa-la ir sem lutar, sem saber da verdade. Não posso ser covarde como fui todos esses anos.
A linha ficou muda por um bom tempo, só ouvia a respiração dele pesada, densa.
-Ela está comigo, na minha casa. Ela ficou sem sair da cama por um dia inteiro Miguel, não se alimentou direito, só saiu do quarto hoje pela tarde, mas já está de novo presa no quarto dela. Você tem ideia do quanto dói em mim? Eu a acompanhei todos os anos, sempre a vi com um sorriso enorme, cheia de vida apesar das dificuldades que ela passou. Minha filha perdeu todo seu brilho e a culpa é sua.
-Eu sei Humberto, fui um filho da puta mas eu preciso vê-la, ela é minha paz, ela é tudo! Me dê uma chance, você também errou com ela e a mãe dela. Estou pedindo uma chance. Estou sendo vigiado por seguranças, meu pai me quer morto, ele ainda não sabe o paradeiro de Thalia, por isso sumi porque não queria que ele descobrisse onde ela está. Quero mantê-la a salvo.
-Você vem para minha casa agora. Eu mandarei um carro para o endereço que você está, mande escoltarem você, eu também reforçarei a segurança no meu perímetro. Mas isso não é uma garantia de que irá vê-la ou falar com ela. Nós dois conversaremos de homem pra homem.
-Tudo bem Humberto, aceito a proposta.
-Nos vemos daqui a pouco Miguel.
Eu encerrei a ligação e me arrastei até o quarto para trocar de roupa. Na minha mente se passava um milhão de formas de começar a contar a minha história de uma forma que Humberto entendesse e também pensava na minha única família, Mari e Aninha. Talvez aquela fosse a última vez que eu veria a minha irmã e minha sobrinha que tanto amava. Em um pedaço de papel eu escrevi minha carta.
Mari. Eu queria pedir perdão por não tê-la ouvido antes sobre meu pai, ele nunca pararia de me controlar e agora tenho consciência. Quero que saiba que amo muito você mas a partir de agora o meu destino é incerto, ainda não sei os planos do meu pai, não sei o que ele será capaz de fazer, mas a segurança continuará na sua casa por tempo indeterminado.
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Perdoar (LIVRO 1)
Romance(+18) Contém linguagem imprópria e cenas de sexo. Thalia é uma mulher espetacular. De família humilde mas muito amorosa, nasceu na pacata ilha de Gamboa no litoral Baiano e desde cedo ela sabia que queria ser uma mulher de sucesso. Uma jovem cheia d...