CAPÍTULO 26

5.6K 554 52
                                    

Vi nos olhos de Miguel uma tristeza sem fim, timidamente eu acaricio sua mão dando-lhe forças para falar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Vi nos olhos de Miguel uma tristeza sem fim, timidamente eu acaricio sua mão dando-lhe forças para falar.

-Alberto não é um homem bom. –Ele suspira –Ele sempre amou mais o dinheiro do que a nós. Nossa mãe só se casou com ele porque ele praticamente pagou por ela. A família da minha mãe estava definhando em dívidas, só viviam de aparências e então meu pai sugeriu o casamento em troca de uma pequena fortuna para que eles se reerguessem. Minha mãe era apaixonada por um colega de sala na época. Ele não era pobre mas também não era rico, sua família era dona de um mercadinho e o pai era policial, viviam dignamente. Mas naquela época não havia muito o que minha mãe pudesse fazer então ela se casou com todo o requinte. Ela teve a Mari, depois teve a mim. Apesar da dureza dele, ele me tratou bem até os 6 anos de idade. Ele dizia que eu seria seu grande sucessor, que seria rico e poderoso para fazer o que quisesse mas então uma noite, ele chegou bêbado em casa e me espancou até quase me desacordar. Ele me chamou de bastardo, disse que eu não era seu filho. –Ele estava chorando, senti meu peito comprimir vendo-o tão perdido. –Na época eu não entendi, mas anos depois eu descobri que minha mãe estava se encontrando com seu antigo amor... Ele se chamava Paulo. Mas foi comprovado através do DNA que eu era filho do Alberto. Quem me dera não ter o seu sangue.

Eu não conseguia dizer nada. Estava em choque, eu sabia que não era uma hstória bonita mas não imaginava essa gravidade.

-Mari passou a evitar cada vez mais meu pai, ela ficou magoada com minha mãe por se manter às vezes tão omissa a nós mas ela não podia fazer muita coisa. Estava de mãos atadas, seus pais a abandonaram assim que se reergueram, foram morar em Paris e esqueceram dela. Alberto a xingara muitas vezes na mesa de jantar, um dia eu joguei um prato de sopa nele para defender a minha mãe. Ele quebrou meu braço. –Eu coloquei minhas mãos na boca horrorizada. –Mari bateu nele para me defender, ele ficou furioso, bateu nela também. Mari estava crescendo, ficando bonita, atraindo olhares cobiçosos dos sócios do meu pai. Ele viu ali uma oportunidade. Ele tentou casa-la com o filho mais velho de Marconi mas ela se recusou. Por isso ele a expulsou de casa com apenas 18 anos, ela saiu somente com a roupa do corpo e deixou-a sem um tostão. Ela morou de favor em uma amiga e começou a se dedicar em seus estudos, abriu uma loja de roupas e se reergueu. Conheceu o marido e se casaram. Ela fez questão de apagar o sobrenome Fontes da sua vida.

-Como a imprensa nunca descobriu? –Pergunto espantada.

-O dinheiro compra tudo Thalia, até o silêncio. Meu pai é capaz de fazer qualquer coisa em nome do dinheiro e do poder. Se o dinheiro não compra o silêncio, ele mata. Minha mãe estava desolada por não ter mais a Mari com a gente, a gente encontrava a Mari às escondidas, subornávamos os seguranças e empregados para que não falassem nada com meu pai, ele mantinha vários segurança para nos vigiar, mal podíamos sair de casa, éramos prisioneiros dele. Infelizmente meu pai descobriu que estávamos encontrando a Mari, por isso ele tirou todas as cópias de chave do casarão, só nos autorizou a caminhar pelo jardim e piscina. Minha mãe se rebelou contra ele, gritou que o odiava, que ele era um monstro, que ela sempre amou Paulo, que ela tinha nojo dele, que só amava a Mari e a mim. De início meu pai não reagiu, foi para o quarto como se não tivesse acontecido nada, mas dois dias depois Paulo foi misteriosamente assassinado. –Eu exclamo horrorizada –Alegaram latrocínio mas nada foi levado dele. Mas o que se podia fazer? A sentença estava dada e os culpados nunca foram pegos. Depois disso minha mãe não foi mais a mesma, se trancava no quarto, ficava dias sem comer, as vezes eu ia até o quarto dela para abraça-la e ela me segurava tão forte... –Ele começou a chorar como criança. –Eu me rebelei contra meu pai. Matava aula para surfar deixei o cabelo crescer, comecei a andar com uma galera barra pesada... Fiz coisas que...

Perdoar (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora