6 meses depois...
Eu já estava prestes a entrar no oitavo mês e estava me vendo maluca. Eu me sentia um botijão de gás mas estava muito feliz. Miguel me paparicava como se eu fosse de porcelana, era um marido incrível, dedicado, apaixonado e muito atencioso. O medo de ser pai havia desaparecido graças a terapia. Ele havia feito as pazes com o passado mas ainda havia o dinheiro da herança de Alberto que Miguel se recusava a tocar, por isso ele e Mari tomaram a decisão de investir a herança em um orfanato, asilo e uma clínica de reabilitação onde Miguel visitava regularmente para contar a sua história.
Estávamos esperando um menino que crescia forte e saudável. Escolhemos chama-lo de Raví Pereira Fontes. Um nome imponente e forte, igual os chutes que ele dava na minha barriga. Nunca pensei que seria tão feliz em minha vida como estava sendo esperando meu filho. Estávamos radiantes, felizes, realizados e abençoados.
Raví nem nasceu e já era cercado por uma bolha de amor. Meus pais eram os avôs mais babões do planeta terra. Alice sempre dava um jeito de vir ao Brasil assim como Steve que também vinha a negócios e fazia questão de dar brinquedos e roupinhas, os dois pareciam disputar secretamente quem seria o melhor tio ou tia. Mari era uma louca que estava me ajudando a escolher cada detalhe da decoração do quarto. Kim fazia questão de me acompanhar nas consultas e a Júlia me dava dicas para lidar com bebês. A disputa para ser o "dindo" e "dinda" do Raví estava acirrada e eu estava com o coração apertado de ter que escolher entre as meninas.
Eu acaricio minha barriga com carinho enquanto me levanto da cadeira do spa. Usava um vestido verde água que caia bem apesar da minha forma redonda. Minha mãe estava na cadeira ao lado da minha, finalizando a maquiagem. Estava linda, usava um vestido simples mas que acentuava suas curvas generosas. Os cabelos estavam presos em um coque baixo muito elegante, uma noiva clássica e muito feliz.
-Nervosa? –Digo olhando para minha mãe que sorri e beija minha testa.
-Feliz.
Eu não tinha dúvidas, o casamento foi planejado nos mínimos detalhes e como não podia ser diferente, a cerimônia teria que ser realizada em Gamboa. O local escolhido foi a área gramada do Hostel que tinha uma sacada de vidro onde se via o mar e a praia. A decoração estava magnífica, muitas flores, as mesas de madeira de demolição dava um toque rústico. Tudo simples mas de bom gosto.
A cerimônia foi muito íntima mas muito bonita. Dava gosto de ver a emoção é o amor nos olhos dos meus pais, eu vi o exato momento em que seus olhos encheram d'água quando minha mãe apareceu andando até o altar, estava realmente linda. Meus hormônios malditos me fizeram chorar como um bebê nos votos dos dois. Estava muito feliz por vê-los tão bem e tão realizados.
Júnior estava devidamente arrumado em um smoking e também estava emocionado. Ele ficou todo feliz quando minha mãe pediu que ele levasse ela até o altar, ele estava todo orgulhoso por ser o escolhido. Às vezes eu ficava impressionada com tamanha maturidade para um garoto que nem tinha 18 anos. 2 meses atrás recebemos a notícia pela polícia francesa que Sandra havia sido assassinada.
Ao que parece ela se envolveu com um homem rico e estava prestes a se casar mas ela estava tendo um caso com um amante que era envolvido com várias falcatruas. O noivo enganado descobriu a traição e matou os dois com vários tiros. Júnior não se comoveu nem sequer cogitou a possibilidade de participar do funeral. Ele só disse que ela teve o que procurou.
O que aconteceu entre ele e Sandra em Gamboa ainda era um mistério. Ele nunca dividiu com ninguém, era um rapaz esperto, gentil, educado mas muito fechado em sua vida pessoal. E aquilo me preocupava muito, pois apesar de não aparentar nenhuma mudança de comportamento, eu temia que as consequências viessem no futuro, que ele se tornasse uma pessoa incrédula no amor.
-Terra para Thalia. -Steve diz tocando meu ombro.
-Olá.. -Eu digo com um sorriso de lado, ele estava com um semblante preocupado e eu podia imaginar o porquê.
-Sua amiguinha não vem? -Ele diz com um ar irônico mas eu sorrio bagunçando o seu cabelo.
-Porque não admite que está preocupado com ela?
-Não estou. -Ele diz em um rosnado. - Estou apenas curioso...
- Ela disse q o vôo atrasou um pouco e chegaria um pouco mais tarde, estou mandando mensagens para ela, já já ela chega.
-Bom, enfim, vou cumprimentar os noivos. -Ele diz com um sorriso sem graça.
A festa estava sendo regada a muita música e vinho. Meu marido estava absurdamente gostoso em seu terno azul marinho, os cabelos estavam despenteados e os olhos dourados refletiam na luz daquele fim de tarde. Era injusto ele estar tão lindo e eu tão enorme.
-Oi esposa... -Ele me beija apaixonadamente, acariciando minha barriga. -Já comeu? Quer que eu faça um prato para você?
-Já comi sim papai, estou ótima. Não se preocupe. O que estava fazendo com a Aninha?
-Estava acalmando a fera, ela estava brigando com o Júnior. Na verdade os dois estavam brigando. -Ele gargalha.
-O Júnior é tão maduro mas com a Aninha ele vira uma criança, nunca vi duas crianças que mal se vêem brigarem tanto quando estão juntas... Mas que bom que você resolveu amor, está treinando para cuidar disso quando Raví nascer não é?
-Claro que sim. -Ele pisca um olho. -Estarei bem ali com seu pai e o Steve, qualquer coisa me chama ok?
-Relaxa papai urso, vai se divertir! Estou bem.
Ele me dá um selinho antes de se afastar. Meu telefone começa a tocar insistente na minha bolsa, o nome se Alice brilha na tela quando eu pego.
-Oi amiga... –Alice diz com a voz abatida.
-Pelo amor de Deus Alice, cadê você, a cerimônia já acabou, está tudo bem?
-Não... –Ela fala com a voz esganiçada. –Eu não posso ir aí, não posso...
-Alice você está me assustando!
-Ele não pode me ver..
-É o Steve não é? Porque não quer que ele te veja?
-Eu estou no lado de fora, na recepção do Hostel. Dê um jeito de sair sem ser notada...
-Ok se acalma, eu to indo...
Eu aproveitei que estavam todos distraídos e comecei a me esquivar atrás dos arranjos e das mesas. De início eu vi só os seus cabelos loiros penteados para trás com um pequeno acessório de prata, a maquiagem estava um pouco borrada devido as lágrimas, apressei o passo preocupada.
-Alice o que está acontec... OH MEU DEUS!
O meu celular escorrega da minha mão e eu continuo parada. Alice fica ainda mais pálida e quando eu olho para trás Miguel e Steve estão nos olhando boquiabertos.
CONTINUA EM RECOMEÇAR...
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Perdoar (LIVRO 1)
Romance(+18) Contém linguagem imprópria e cenas de sexo. Thalia é uma mulher espetacular. De família humilde mas muito amorosa, nasceu na pacata ilha de Gamboa no litoral Baiano e desde cedo ela sabia que queria ser uma mulher de sucesso. Uma jovem cheia d...