Estou com saudades

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Caia um dilúvio lá fora, podia observar pelas janelas de vidro do hospital, eu sentia que dentro de mim estava chovendo igual lá fora, uma grande e devastadora tempestade de sentimentos diferentes. Três notícias ruins no mesmo dia, ruins não, ruim é pouco pra o que está acontecendo comigo nos últimos tempos, parece que tudo só piora em vez de melhorar ou se ajeitar.

Minha mãe está de volta, depois de anos, quando ela foi embora nem do seu rosto eu lembrava mais, apenas a reconheci pelas fotos que meu pai guardava no fundo da gaveta. Não sei o que ela veio fazer aqui, atrapalhar a minha vida de novo deve ser uma das coisas, já que ela é uma cobra e tampouco me considera como filha. Não me dói tanto quanto deveria, já que mal convivi com ela e amor materno não é algo que eu sinta falta. Nem paterno, pelo visto.

O único amor que eu queria, era o conjugal, coisa que nem isso eu tenho. Estou apaixonada por um homem que está prestes a se casar com outra, prestes a ter um filho com outra. Se Justin acha que só estou com ele por interesse — coisa que não é cem por cento mentira, já que eu o via como a saída dessa vida que levo com Ross, mas não significa que eu não goste dele de verdade —, nem imagino qual a sua reação ao descobrir que eu estou esperando um filho dele.

Com certeza ele me desprezaria de vez. Justin não vai saber disso, pelo menos não agora, não enquanto eu estiver com Ross. Ross. Oh Deus, ele vai me matar se essa história chegar nos ouvidos dele, não quero nem imaginar o que ele pode fazer comigo se descobrir que estou grávida de Justin Bieber. Posso ser jogada na sarjeta com uma criança nos braços.

Os dois não vão saber dessa gravidez.

Nem Ross e nem muito menos Justin.

— Você pensa em tirar? — Harriet perguntou, com cautela, logo depois que o médico saiu do quarto.

Até então eu não tinha dito uma palavra, eu não sabia o que dizer.

Ou o que fazer.

— Eu não sei, Har — suspirei, fechando os olhos. Eu estava muito ferrada. — Não é do Ross e não tem nem como falar que é, ele nunca nem tocou em mim.

Harriet comprimiu os lábios e Zoe observava tudo calada.

Eu estava muito envergonhada diante dessa situação, como eu pude deixar isso acontecer? Que loucura.

— Você vai dar um jeito, como sempre dá, mas não tira a criança, Paige... — se aproximou de mim, pegando na minha mão — a barriga vai demorar pra crescer, até lá você pode arrumar uma saída.

— Eu não quero um bebê, Har, eu não planejei isso e não sei se condigo seguir adiante.

Abaixei a cabeça.

— Nem sempre podemos planejar tudo, não podemos controlar o nosso futuro. Isso é o seu destino, essa criança pode mudar tudo, pensa bem — ela tentava me convencer, mas eu só enxergava o lado ruim — Eu te ajudo a encobrir tudo, por enquanto. Você vai dar um jeito, você sempre dá. — Ela abriu um sorriso acolhedor.

É, eu não preciso resolver tudo agora, dá tempo de pensar um pouco antes que a minha barriga vire uma melancia.

— Tudo bem, vou esperar um pouco antes de decidir o que eu vou fazer.

Harriet suspirou aliviada e Zoe comemorou.

— Eu acho nenéns tão fofos, não vejo a hora de apertar o seu. — Zoe falou animada.

Suas palavras me fizeram pensar um pouco.

Nenéns são realmente muito fofos, mas eu nunca me imaginei sendo mãe, quer dizer, já me imaginei, mas todas as vezes eu me arrependia de ter pensado, já que tudo me remetia a mãe horrível que eu tive, não quero ser uma mãe que nem Úrsula, então na dúvida é melhor nem tentar.

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