Oi, mamãe

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New York, NY
08h46min am

Paige Crawford

Minha cabeça parecia que ia explodir, há muito tempo eu não sabia o que era chorar a noite inteira e pegar no sono chorando, o pior é saber que o motivo é alguém que pouco se importa para o que eu sinto ou não. Parece que arrancaram um pedaço do meu coração, e isso é horrível, a última vez que me senti assim foi no colegial, me sinto uma idiota por mais estar desse jeito.

Minha única vontade é de passar o dia inteiro na cama, com o ar-condicionado ligado e vendo algum filme que me faça chorar novamente, porém, Harriet me acordou falando alguma coisa sobre alguém estar me esperando lá em baixo, confesso que no primeiro momento achei ser Justin, mas ele não viria atrás de mim e muito menos atrás de mim na minha casa.

- Quem diabos faz visitas uma hora dessas? - Resmunguei, quando ela abriu as cortinas do quarto, me fazendo fechar os olhos por conta da qualidade.

- É uma mulher muito bonita, parece com aquelas que você trabalha - falou, então eu bufei.

Deve ser uma daquelas chatas da ONG, devem estar putinhas porque faz uma semana que não vou nas reuniões, apenas mando Charlotte depositar o dinheiro.

Falando em Charlotte, ela falou que iria trabalhar em casa por um tempo, aproveitou que estou passando por problemas e mal saindo de casa, e tirou folga. Preciso falar com ela sobre isso, a contratei pra me substituir nos lugares e me cobrir, tornar a minha vida mais fácil e não é isso que ela está fazendo.

Grr! São tantas coisas pra eu me preocupar, que merda.

- Ela espera eu tomar banho?

- Ela pediu que eu te apressasse e dissesse que é realmente muito importante.

Bufei.

- Que droga!

Vesti o roupão de seda e saí do quarto, deixando que Harriet fizesse a limpeza diária.

Ao descer as escadas, me deparei com uma loira de costas para a escada. Enquanto ela estava de costas e no que eu descia as escadas, observava cada detalhe nela, como o par de sapatos e bolsa da nova coleção da Chanel, o vestido rosa seco Versace. Aquele cabelo loiro impecável com certeza frequentava o salão de beleza pelo menos três vezes por semana, digo isso porque o meu só se mantem pelas mãos de fada do Fred, meu cabelereiro.

Quando ela se virou, quase caio para trás com tamanha semelhança a mim e a fotos que eu via escondido do meu pai no fundo da gaveta de cuecas dele. Foi quando ela tirou os seus óculos Dior do rosto e eu pude ver sua íris extremamente azuis. A mulher abriu um sorriso perfeitamente branco e alinhado ao ver minha cara de bosta.

Não pode ser.

- Oi, filha, não vai abraçar a sua mãe? - Soltou uma risada, mordendo a ponta da perna dos óculos.

"Tentava dormir, mas os gritos no andar de baixo não deixavam que isso acontecesse, mais uma noite de brigas entre meus pais. Muita coisa pra uma garotinha de 9 anos suportar, tendo que fazer uma prova de química no outro dia bem cedo. Mas eu já estava acostumada, já passava.

Então os gritos sessaram e eu ouvi a porta bater.

Provavelmente meu pai tinha saído pra esfriar a cabeça na bebida, como sempre fazia.

Mais uma pancada forte no andar de baixo e eu me assustei, essa tinha sido grande. Calcei o chinelo e agarrei o meu patinho de pelúcia, estava tão velho que o lugar que eu apertava já estava marcado. Desci as pequenas escadas e franzi o cenho ao encontrar o meu pai sentado na poltrona velha, chorando e com os punhos sangrando.

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