Capítulo 24

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-Como é possível? -Perguntei.

-Andamos tanto que conseguimos encontrar. -Ele olhou pra mim. -Sofia, você acha que devemos entrar?

-Na verdade, eu que devia te fazer essa pergunta. Você quer? Se sente preparado pra ver todas as pessoas que você deixou pra trás?

Arthur pensou um pouco mas logo começou a falar:

-Se for pra manter vocês dois seguros, é claro. 

-E como você encontrou isso, Pedro? -Me virei para ele, que está olhando admirado para os enormes muros.

-Estava brincando de explorador. Daí eu comecei a correr dos monstros que me encontraram na caverna e dei de cara com isso. -Olhou para mim. -Será que são pessoas boas, Sofia? Eu não quero virar do mau e ter que matar alguém.

-Eles são bastante complicados, na verdade. -Arthur respondeu. -Mas nenhum sequer levantou alguma arma pra matar.

-E como sobrevivem? Não há pessoas que tentam entrar aí dentro sem a vontade deles? E se matarem um dos deles? Eles não se vingam?

-Eles acreditam que o mundo pode ser melhor se não precisarem matar. É bem estranho mesmo, eu sei.

-E... e nós vamos entrar aí? -Voltei a olhar para o muro.

-Acho que é melhor esperarmos até amanhã. Está anoitecendo e pode não ser seguro entrarmos enquanto está escuro.

Após todos nós concordarmos com isso, voltamos para a farmácia e cada um se deitou em sua cama improvisada. Mesmo sem querer, acabei deixando os meus pensamentos voarem até Carl.

Será que Carl se esqueceu de mim? Eu tenho sentido tanta saudade ultimamente. Saudades de tudo. De seu abraço, de seu cafuné, de seu beijo...

É difícil pra mim pensar que tenho que seguir em frente e esquecer todos eles. O que está doendo muito também, é saber que não vou ver o crescimento da Judith. Não vou vê-la aprender a andar, a falar...

E tudo isso é culpa minha. Se eu tivesse escutado Carl e tivesse ficado em casa, nada disso teria acontecido.

Apesar de ter conhecido Arthur e Pedro, que são pessoas maravilhosas e têm feito de tudo para ficarmos em segurança, ainda sinto falta de meus antigos amigos. Principalmente meu irmão. Ele deve estar tão preocupado.

Três semanas se passaram. Três semanas que pra mim pareceu uma eternidade. Eu fico imaginando como deve estar as coisas. Maggie super feliz ao lado de Glenn, eles se amam tanto. Rick e Daryl tentando manter o grupo de pé. Michonne, Carol e Tara preparando a comida. Meu irmão, Abraham e Rosita indo atrás de alimento
e água. E Carl... Ele eu já não consigo imaginar, não consigo pensar o que ele esteja fazendo.

Talvez tenha seguido em frente e desistido de tentar me encontrar. Não gosto de pensar nessa possibilidade. Eu ainda tenho esperança que ele possa me encontrar. Mas e se não? E se eu nunca mais ver eles?

-Tudo bem? -Arthur perguntou ao me ver encarando a janela.

Somente agora me dei conta das lágrimas em minha bochecha.

-Sim, eu só... -Não consegui terminar, parece que todo o peso que eu estava carregando comigo nessas três semanas fez com que eu desabasse.

Ele veio até mim, se sentou e me abraçou bem apertado.

-Você quer conversar? -Neguei. -Tudo bem, respeito sua escolha. Quando estiver preparada, estarei sempre aqui. -O abracei mais forte e chorei, chorei muito.

The New World/ Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora