–O que você estava vendo no celular? Não me diga que estava falando com sua mãe porque estava muito entretida– deu uma pausa para dar um gole em seu suco.– Tinha até um sorriso no seu rosto. Quem é? Me conta! Você achou um francês que roubou seu coração?
–Calma, Romeo! Não era ninguém, quando eu encontrar um francês que roubar meu coração, você vai ser o primeiro a saber– ele ri e segura minhas mãos.
–Lizzie, eu só quero seu bem, realmente quero que você ache um francês que vai roubar seu coração e vai te tirar dessa tristeza. Ele já se foi, e eu tenho certeza que ele não gostaria de te ver assim, pelo o que você me contou, você era muito feliz e alegre, se você realmente acha que ficar assim vai trazer Ramon de volta, está muito enganada– o encaro com um sorriso nos lábios.– Você é bonita demais pra ficar sofrendo.
–Ah, Romeo, obrigada. Eu penso muito nisso, mas para achar um francês que vai roubar meu coração– rimos.– Eu preciso estar bem comigo, sabe. Não acho que eu esteja preparada pra isso, ele foi... na verdade, ainda é o amor da minha vida.
–Olha aquele cara– ele aponta e eu olho discretamente para um homem de terno.– Ele estava te olhando– rio e balanço a cabeça.
–Não é assim que funciona– dou uma longa pausa enquanto encaro meu copo.– Romeo, hoje eu vou sair com o Kevin– o encaro e ele estava escrevendo algo no celular.
–Qual Kevin?– Pergunta sem me olhar.
–Trapp.
Ele simplesmente arregalou os olhos e ficou parado. Será se ele teve um piripaque ou só ficou surpreso?
–Mas é hoje que você vai tirar essas teias de aranha do meio das pernas– ele fala alto e eu coloco a mão na boca dele.– Menina, já chega desse luto. Luto de que, já tem quase um ano, vamos, ergue a cabeça, segue em frente.
–Não é tão simples assim, quem me dera se fosse– mexo o canudo no meu copo.– Eu não quero me envolver com ele, mesmo ele insistindo, eu não vejo mais nada além de amizade.
–Amizade– ele ri sarcástico.– ora amizade, onde já se viu– rio.
–Já tá bom, vamos voltar para o trabalho, vou precisar sair mais cedo hoje.
Pedimos a conta e voltamos para o trabalho.
Conversei com algumas pessoas no lobby do prédio e logo fui terminar minhas coisas.[...]
–Oi, Kevin– falo abrindo a porta de seu Audi preto.
–Oi, Elizabeth. Como você está?– Me abraça e dá um beijo em minha bochecha.
–Bem, você está melhor?– O encaro enquanto coloco o cinto de segurança.
–Bem também.
Ele inicia o caminho e o ambiente fica silencioso e tenso. Nós não temos intimidade suficiente para não ficarmos desconfortáveis em um silêncio constrangedor como esse.
Kevin percebe que eu não estou a vontade com o clima e liga o rádio, fazendo com que a situação tensa desse lugar para Sweater Weather.
O encaro com um sorriso tímido e ele sorri.
Ele dirige até o Place Furstenberg, uma praça de Paris um tanto desconhecida. Eu a conhecia pois quando Ramon era vivo, nós vínhamos aqui, é considerada uma das praças mais românticas daqui.
As lembranças me atingiram e foi inevitável uma lágrima se formar em meu olho, quando ela insistiu em cair, a sequei e virei o rosto para a janela, para que Kevin não percebesse que eu estava chorando.–Já veio aqui?– Pergunta estacionando o carro e eu balanço a cabeça positivamente.– Você está bem?– Balanço a cabeça novamente e ele faz um carinho delicadamente em meus cabelos.– Olha pra mim, Elizabeth.
O encaro tentando parecer bem, mas ao olhar a praça novamente, eu não aguento e começo a chorar. Ele me abraçou e eu apenas deixei meu rosto em seu peito.
–Quer ir embora?– Pergunta enquanto desliza seus dedos em meu braço.
–Não precisa– respondo secando meu rosto.– Desculpa estragar nosso passeio, Kevin, é que eu costumava vir aqui com o meu marido.
–Vocês passaram quanto tempo juntos?
–Dezesseis anos.
–Nossa, muito tempo. Como vocês se conheceram?
–Quando nós tínhamos onze anos, ele se mudou para a França, nós estudávamos juntos e um ano depois nós começamos a namorar.
–Muito tempo mesmo.
–Desculpa a pergunta, mas por que você me chamou para conversar?– Pergunto tirando o cinto de segurança e sentando de frente para ele.
–Ah, o time está na concentração, eu estava meio sozinho, achei que seria uma ótima oportunidade da gente se aproximar, né?– Ele coça a cabeça.– Não que você seja minha opção para quando eu estiver sozinho, não pense isso, mas foi a única oportunidade que eu encontrei– rio e ele sorri.
–Entendi. Juro que não esperava uma mensagem sua, até me assustei.
–Não é todo dia que alguém recebe uma mensagem de Kevin Trapp– sorrio e viro os olhos.– Sinta-se privilegiada.
–Mas é claro que estou me sentindo privilegiada, não é todo dia que alguém entra no carro do goleiro do Paris Saint-Germain e recebe um abraço dele.
–Se você quiser te dou mais um.
–Depois– rio.
–Onde você morava antes de voltar pra França? Argentina?
–Chile.
–Nunca tive a oportunidade de visitar o Chile, mas sempre me disseram que a Cordilheira dos Andes é muy bella.
–Pero no es más bella que yo– brinco e ele sorri.
–Concordo. Ninguém é mais bela que você, devia ser seu nome.
–Como você decidiu que queria ser jogador de futebol profissional?– Mudo o assunto para disfarçar a vergonha.
–Desde sempre, eu jogava em um time na minha cidade, no K'lautern, em 2008 eu assinei contrato com Frankfurt e aí eu vim parar aqui há três anos.
Passamos quase duas horas, dentro do carro na praça, conversando sobre tudo, nos conhecendo, eu contei tudo sobre minha vida para ele e ele fez o mesmo. Depois de hoje, oficialmente somos amigos, e ele deixou de ser o monstro que eu pensava que era.
–Kevin– falo olhando o horário em meu celular.– Você pode me deixar em casa? Eu preciso viajar ainda hoje, faltam duas horas para o trem sair.
–Eu te levo em casa e depois eu te deixo na estação.
–Você tem certeza? Você está com o pé machucado, não pode passar todo esse tempo fora de casa.
–Eu estou bem, Bella– sorrio com o apelido.– Eu te levo, só me diz onde é sua casa.
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Time Flies
RomanceElizabeth retorna à França após a morte de seu marido, mas não espera que alguém conseguirá despertar seus mais sinceros sentimentos tão rápido. O tempo voa, mas nem todos conseguem deixar tudo no passado para voar com ele.