Time Flies

Capítulo 3

Maria, amiga de Amelie, é muito engraçada. Tem só dezenove anos, por isso anda para lá e para cá com um RG falso. Sua aparência engana as pessoas, tem cara de vinte e dois.
Ela e Amy são vizinhas há dois anos, e Amelie a levou para o mal caminho, a presenteando com uma noite com Thiago Silva em seu aniversário de dezoito anos. Desde então, os dois se encontram casualmente.

–Não entendo tanta empolgação com jogadores de futebol. São pessoas comuns, muitas vezes são chatos. Não gosto– falo e elas riem.

–Se você está se referindo a Kevin Trapp, você precisa conhecer ele bem, te garanto que não vai se arrepender.

Apenas viro os olhos. Peço um sex on the beach, que bebo lentamente enquanto conversamos.
Não pude deixar de perceber os olhares de Kevin, toda vez que eu o encarava -sem querer- ele estava me olhando, algumas vezes desviava, outras sustentava.
Minhas novas amigas me arrastaram para dançar, mesmo eu estando dura, por não mexer meu corpo daquele jeito há muito tempo.
Um remix de Sapés Comme Jamais invadiu meus ouvidos, e como eu já estava mais alegre por causa da bebida, me soltei mais um pouco.

–Me ame ou me odeie, ambos estão a meu favor– ouço uma voz em meu ouvido, enquanto uma mão segura minha cintura.  Já sei quem é, apenas me solto, mas ele insiste.– Se você me amar, estarei em seu coração, se me odiar, estarei em sua mente.

–Acho que isso não é da sua conta– digo perto de seu ouvido e continuo dançando.

–Claro que é, Elizabeth– ele puxa meu corpo para perto do dele, nos deixando cara a cara, bem próximos.– Não entendo por que você me odeia– cheira meu pescoço e eu fico paralisada.– Eu vi o jeito que você me olhou a noite inteira, vai me dizer que não me deseja também?

–Para...– sussurro.

–Um beijo– fala bem baixinho mordendo minha orelha e em seguida beijando meu rosto.– Se você não gostar, eu te deixo em paz para sempre.

–Não vou te beijar aqui, Kevin.

–Então vamos para outro lugar– olha em meus olhos.

–Não vou te beijar aqui e nem em outro lugar, desiste.

Ele me largou, me fazendo cambalear, e logo voltou para onde estava. Viro os olhos e continuo dançando.
Que cara chato. Provavelmente nunca levou um não na vida inteira.

–Por que você não ficou com ele?– Maria pergunta confusa.

–Não quero.

A noite foi bem divertida, depois daquilo, não vi mais Kevin, o que foi extremamente agradável para mim.

Dois meses depois

Minha vida nunca esteve tão boa. Meu trabalho está ótimo, minhas amizades estão ótimas, ninguém me perturbando.
Eu e Cavani saímos algumas vezes, ele realmente está empenhado em facilitar minha readaptação aqui. Conheci a namorada dele, que é um amor, nós fomos fazer compras várias vezes, às vezes sozinhas, às vezes com Amy e Maria.
Amelie me fez parar de odiar Kevin Trapp. Apesar de eu ainda não ter motivos para gostar dele, se ele quiser ser meu amigo, não o tratarei mal. E foi exatamente isso que aconteceu semana passada.

"–Mais uma cerveja, por favor– Maria pede ao garçom.

Corcoran's Irish Pub. Um pub muito bem frequentado em Paris, tanto que, em menos de dez minutos, Cavani e alguns amigos se juntaram à nós.
Kevin não ousou chegar perto de mim, algo que achei bem engraçado, pois ele geralmente me perturbava bastante. Após alguns copos de cerveja, levanto e sento ao lado dele.

–Eu não te odeio– ele me encara com expressão de tédio.

–Jura?– diz com ironia.

–Para de ser chato, eu percebi que nós começamos do jeito errado, mas acho que nós podemos ser amigos.

–Não estou afim de ser seu amigo, Elizabeth.

–Aí o problema é seu, eu fiz minha parte– me preparo para levantar, mas ele segura minha mão.

–Espera...– o encaro.– Desculpa, estou irritado e chateado, eu me lesionei e não vou poder jogar nos próximos jogos. Desculpa por ter descontado tudo em você.

–Tudo bem, espero que você melhore logo.

–Nós podemos ser amigos, eu adoraria ser seu amigo– sorrio."

–Você precisa me apresentar para eles!– Romeo, meu colega de trabalho, praticamente grita no restaurante.– Hoje! Liga pra eles e marca algo!– pega meu celular, mas não consegue desbloquear por causa da senha.

–Romeo– falo rindo de sua reação.– Hoje é sexta, eles têm jogo amanhã e eu vou para a casa da minha mãe, semana que vem nós combinamos.

O Le Ralph é o restaurante que mais frequentei desde que voltei. É o lugar preferido de Amelie, e se tornou o meu também, logo, arrasto todos os meus amigos para cá todos os dias.
Pierre tem elogiado bastante meu trabalho ultimamente, com isso, tem me passado mais trabalho ainda. As únicas coisas que me deixam de pé, são café e maquiagem. Esses dias, dormi pouco, minhas olheiras estão enormes e meus cabelos opacos e com frizz. Com certeza se alguém me olhasse sem maquiagem teria pena.
Ao deslizar meu dedo pelas fotos no Instagram, uma notificação brilha na parte superior da tela sinalizando uma mensagem... de alguém que, mesmo apesar dos últimos acontecimentos, não esperava que fosse me mandar uma mensagem.

Kevin Trapp: Queria conversar com você hoje, tem como?

Achei a mensagem estranha, eu realmente não estava esperando.

Elizabeth Beaumont: Então... hoje eu vou para casa da minha mãe. É algo sério?

Kevin Trapp: Não sei o que você considera sério, mas queria falar com você.

Kevin Trapp: Mas tudo bem, marcamos outro dia.

Minha expressão ficou um pouco confusa, tanto que Romeo perguntou o que eu tanto fazia no celular. Apenas desconversei dizendo que era minha mãe, mas resolvi responder Kevin.

Elizabeth Beaumont: Fiquei curiosa... vou tentar sair mais cedo do trabalho, mas tem que ser rápido. Onde nos encontramos?

Kevin Trapp: Você está de carro? Posso te buscar aí se quiser.

Elizabeth Beaumont: Não estou de carro, posso pegar um taxi, você está machucado e não pode dirigir! Onde nos encontramos?

Kevin Trapp: Machuquei um pé, o outro está bom para dirigir. Manda o endereço do seu trabalho.

Viro os olhos com sua teimosia e mando o endereço, logo guardo o celular pois Romeo estava irritado.
Como um clássico belga, Romeo oscilava entre um Lord e um homem estúpido, mas apesar disso, ele tem sido um ótimo amigo para mim.