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Ainda 76 dias antes...

Berk, 10:00 am.

Astrid sentava na mesa da cozinha, calmamente tomando seu café da manhã enquanto Soluço ainda dormia.

Ela mudava os canais da televisão, procurando alguma coisa interessante em plena manhã de sábado, enquanto esperava que o médico chegasse.

-Foi encontrado na noite passada o corpo de Felipe D'Angelo em um poço abandonado nos limites da capital. - Dizia a jornalista de um canal de notícias qualquer. Astrid franziu a testa. Felipe D'Angelo? Esse era o seu ex que havia desaparecido. - A polícia acredita que Felipe fora vítima do gangster conhecido como Fúria da Noite, que havia desaparecido há dois anos e parece ter retornado à Berk. A polícia ainda não sabe o motivo do assassinato, mas não descarta nenhuma possibilidade. O Fúria da Noite é o líder da gangue dos Dragões de Berk e responsável por crimes como: assaltos, sequestros e assassinatos.

A mulher continuou falando, mas Astrid parou de ouvir. Ela não conseguia entender. Assassinado por um gangster? Por que?

Ela ouvira vagamente sobre esse "Fúria da Noite" uma vez e ela apenas sabia o que todos sabiam: ele era é um criminoso, psicopata de sangue frio e procurado por todo o país, se as autoridades o encontrassem, com certeza seria condenado à morte por seus crimes horrendos.

O pensamento de ter um gangster sanguinário andando livremente pelas ruas de Berk fez um nó em seu estômago e um arrepio percorrer sua espinha.

Estranhamente, não era um arrepio ruim...

15:43 pm.

-Astrid, se você não me disser claramente os fatos, não vamos chegar a lugar algum.

A loira suspirou e fechou os olhos, tentando se lembrar dos fatos em ordem cronológica.

-Tudo bem. - Ela começou. - Tudo começou na semana passada.

-Com o início das aulas? - Ele perguntou. Ela assentiu e ele escreveu alguma coisa em seu bloco de notas.

-Entrou um cara novo no colégio, amigo do Jack. Você sabe, o namorado da Elsa? - Ele assentiu e ela continuou: - O nome dele é Soluço Haddock - ele escreveu outra vez em seu bloco de notas - e ele é o tipo de cara que qualquer garota com o mínimo de juízo iria querer longe. Ele começou a sair com uma líder de torcida, mas o conto de fadas durou até o início dessa semana.

Astrid riu um pouco ao se lembrar dos acontecimentos.

-Ela ficou arrasada. A coitada chegou realmente a pensar que ele sentia alguma coisa por ela. E, como qualquer garota desiludida, ela quis vingança, então ela pediu que eu brincasse com ele... E eu aceitei. - Ela suspirou. - Decisão estúpida, eu sei. Mas é divertido. Ontem o meu pai foi para Londres, resolver alguma coisa  e o Soluço acabou dormindo aqui...

O médico ergueu uma sobrancelha e ela rapidamente acrescentou:

-Nós não fizemos nada, só dormimos, mas, na noite passada... - Ela fez uma pausa. - Na noite passada os pesadelos voltaram.

O médico franziu a testa. Os pesadelos? Eles haviam acabado há meses, não deveriam voltar.

-Mas foi estranho. - Ela continuou. - Não teve o mesmo final que sempre teve. Alguém apareceu no final.

-Quem? - Ele perguntou fazendo anotações.

Astrid encolheu os ombros.

-Eu não sei. Ele chegou com uma arma e atirou na cabeça dele. Ele me salvou.

O médico ergueu uma sobrancelha. Ele mesmo não sabia muito bem o que   aquilo significava.

-Em todo caso, é bom nós voltarmos com as pílulas, pelo menos até que o seu pai volte.

Astrid assentiu.

-Eu vou pedir para que entreguem os remédios ainda hoje. - Ela assentiu outra vez.

-Obrigada, doutor Grimborn.

Ele sorriu.

-Astrid, nós já passamos da fase do "doutor".

Ela riu.

-Claro, me desculpe, Viggo.

Os dois se despediram e ela o acompanhou até o elevador. Astrid voltou para o apartamento, fechou a porta e suspirou. Droga. As pílulas outra vez.

Apenas os deuses sabiam como aquilo era horrível, ela tinha que ficar andando com cápsulas e arranjando desculpas o tempo todo para que ninguém desconfiasse de nada. Ninguém nunca soubeo que aconteceu, ninguém nunca soube que ela precisava de psicanálise, seu pai havia se certificado de que tudo sobre esse passado não seria descoberto.

Ela foi até a sala e se jogou no sofá, pegou o controle na pequena mesa de vidro e ligou a televisão, outra vez rodando aleatoriamente entre os canais.

21:56 pm.

As ruas ao norte de Berk estavam escuras e estranhamente silenciosas para uma noite de sábado, mas era compreensível, com a notícia de que o Fúria da Noite estava outra vez em Berk, a população havia tomado certas precauções para não ficarem no caminho do Lorde do Submundo de Berk.

O único barulho que enchia as ruas pacatas era das sirenes de polícia e da perseguição que se seguia com alguns tiros aqui e outros ali.

O Fúria da Noite olhou pelo retrovisor de sua Bugatti Chiron metalizada e sorriu, vendo as viaturas ficarem cada vez mais distantes. Qualquer um que fosse sensato em Berk conhecia seus carros, sua Bugatti, sua Lambroghini, seu Agera R... Ele usava todos eles, mas para coisas diferentes.

Por exemplo: ele usava sua Bugatti quando iria matar alguém, sua Lamborghini quando iria assaltar algum banco ou joalheria e seu Agera R... Bom, vamos apenas dizer que, se ele pegar o Agera R, é bom que você saiba rezar.

Ele riu quando a ponte que ligava a parte norte à capital apareceu em sua vista, agora ninguém conseguiria pegá-lo, se ele atravessasse a ponte, rapidamente deixaria de ser o Fúria da Noite e passaria a ser apenas Soluço Haddock.

Ele pisou com mais força no acelerador, aumentando a velocidade, ultrapassando a ponte.

As ruaa da capital estavam igualmente vazias e ele agradeceu aos deuses por isso. Ele entrou em um prédio abandonado e saiu de sua Bugatti.

Dentro do prédio estavam apenas sua Bugatti estacionada, a van negra que seus capangas usavam e sua moto. Jack desceu da van e Soluço lhe deu as chaves da Bugatti para que ele a levasse para o esconderijo.

Jack entrou na Bugatti e Soluço subiu em sua moto, colocou o capacete e acelerou em direção prédio em que morava.

I Need A GangstaOnde histórias criam vida. Descubra agora